quarta-feira, julho 30, 2025

Desafios de cada um

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu queria amar o que eu amaria - e não o que é. É também porque eu me ofendo a toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário (...). Eu que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu."

Clarice Lispector
Felicidade Clandestina: Perdoando a Deus

Mantra

Comecei a meditar em segredo.



PhD

Ganhei a bolsa de doutoramento. É uma notícia feliz. 

Pessoas Importantes

O ano de 2024 deu-me duas pessoas que mudaram a minha vida. O B e a Vogal da Direção que se tornou uma mentora e uma amiga. O que levo da influência destas pessoas é inestimável. Não tem preço. Que a vida siga com este nível de positividade. A minha gratidão não tem fim.

terça-feira, julho 29, 2025

Amor

Ontem fiz amor. Puro, profundo, íntimo, com a alma no corpo, com carinho na ponta dos dedos, com querer no abraço. Não quero esquecer este dia. Quase 10 meses depois não tenho a menor dúvida de quem é o amor da minha vida. 

segunda-feira, julho 28, 2025

Luz natural

"A vida não começa aos 30 ou depois dos 40. 
Ela realmente começa quando você deixa de ser besta".

Esta frase parece quase cómica, mas tem um alcance muito amplo. A verdadeira vida começa quando somos capazes de abandonar comportamentos que só revelam falta de inteligência, imaturidade e simplismo. Uma pessoa, certa vez e há não muito tempo, fez-me ver que quem tem onde cair fofo não ganha medo de se aleijar. E quando a ajuda aparece sempre não terá tanto pelo que se responsabilizar, e mesmo inconscientemente, acaba por viver de forma mais inconsequente e/ou displicente. 

Pais ternos produzem adultos mimados? Pode ser que muitas vezes sim, outras não. Tenho pensado muito a este respeito desde o momento em que fui operado, não exatamente pela facto em si, mas por outro que aconteceu paralelamente. Quando a queda não é fofa o que se faz? Quando não há mimo o que se faz? Tem de se pensar a sério na realidade das coisas. As ações e as razões para a queda, porque é que dói o que dói, o que é que se faz para não cair, o que é que se faz para recomeçar mais forte e melhor equipado. É de repente começar a processar factos e acontecimentos a uma velocidade enorme e de uma forma que ainda não tinha sido feita. Como quando um suporte importante morre e temos de nos alterar para ser a nova estrutura de suporte e aprender isso à velocidade da luz. 

A resposta agregada é deixar de ser besta. Não sejas besta. Não ser besta faz-te ser consciente e presente. Não há mi-mi-mis. Consciência e presença. O ser presente e consciente tudo pode. 

"Imagina ler um livro em que nunca podes voltar à página de trás.
Com que atenção lerias esse livro? Assim é a vida."

A vida não anda para trás e o que fizeste quando eras besta não podes mudar. Mas podes definir o teu momento de mudança e começar a viver assim (presente e consciente). No início contar-se-ão dias, depois semanas, depois meses e anos. No final vai ser um modo de vida e sabes que a tua vida começou ali. 

Um dia ao fechar os olhos e partir desta terra vou saber onde começou a minha vida e contemplar o que vivi e o bem que vivi para mim e para os outros. Mas também me vou lembrar com grande lástima do que perdi antes desse momento. Algumas coisas são um preço demasiado alto para se deixar de ser besta. 

Que a abertura da nossa consciência para o significado da luz natural não seja demasiado tardia, que a abertura da minha consciência para o significado da luz natural não tenha sido demasiado tardia. 

quarta-feira, julho 23, 2025

Quero-te

Quero-te mesmo. Como sei que te quero? Porque estou a dar-te permissão para que me destruas se quiseres. Só a quem muito amamos damos esse poder.

Decidi

Começar a escrever um livro. Um novo projeto.

Pensamentos aleatórios

Disse a um bom amigo que estou a passar pelo meu "COVID". Durante anos ouviu-se que era impossível desenvolver certas coisas, que criar certas tecnologias demoram muito tempo, que implementar novas culturas sociais e organizacionais são processos muito longos, que o teletrabalho representava a redução da produtividade. Pois bem, veio a pandemia e dois anos avançou-se trinta anos. Porquê? A necessidade. A necessidade imperiosa é um potenciador da ação, um multiplicador de efeito. Por isso digo que estou a passar pelo meu COVID.

Deu-me para pensar

Deu-me para pensar nas coisas que eu gostava muito de fazer: desenhar, pintar, escrever, cantar, cozinhar, fazer gorros e cachecóis, renovar móveis. Durante muito anos desenvolvi uma atividade inútil que me roubava muto tempo. Terminei essa atividade, mas não a substitui pelas minhas coisas de sempre. Há coisas que somos nas coisas que fazemos e, mas por alguma razão muitas vezes perdemos o que é importante ou perdemo-nos do que é importante. O mundo é um caos de informação e há que redimensionar e voltar a ter pontos focais fortes.

21 de julho

Dizem os médicos que a operação ao coração correu bem. Que ele vai aguentar mais uns bons anos sem necessidade de ser intervencionado. É uma boa notícia.

domingo, julho 20, 2025

Beth Moore

Sometimes a storm in your life is what will

blow you to the place you are longing to be.

- Beth Moore -

sexta-feira, julho 18, 2025

A vegetariana

Não tinha lido ainda nenhum livro da vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2024 - Han Kang. 

A vegetariana é sobre uma mulher assustadoramente normal e mediana que decide, um dia, deixar de comer, cozinhar, servir ou ver carne. Isso terá um impacto diabólico na estrutura das relações que mantém com os diferentes membros da sua família e nos próprios membros da família e inclusive sobre o seu projeto de vida. 

Nem sei bem como descrever este livro, é sobre sexo e erotismo, é sobre violência física e simbólica, é sobre loucura, é sobre metamorfose espiritual e sentimental. É um livro perturbador que nos desafia o pensamento, mas muito bem escrito e muito gráfico. Estou pronto para ler mais dois livros da autora.

17/20

Quando é a dois

Tudo é a dois quando é a dois. O bom e o mau.

quinta-feira, julho 17, 2025

Irantzu

Já aqui tinha escrito sobre a Irantzu. Um ser de luz extraordinário que conheci em 2006, na república Dominicana, e que morreu o ano passado de um tumor raro e muito agressivo. A Irantzu chegou a mim para me lembrar de quem sou, o que ela me disse em dezembro de 2006 mudou o rumo da minha vida. 

A notícia da morte dela, fez-me lembrar de novo as palavras dela, numa altura muito complexa. Recebi a notícia 22 dias depois da morte dela, num dia em que lembrar-me dela mudou novamente o rumo dos acontecimentos nesse Agosto de 2024. 

A mãe da Irantzu mandou um postal de lembrança a todos os amigos que ela mais considerava, para chegar no dia 28 de Junho (o aniversário dela). Mais uma vez, eu só tive acesso ao postal esta terça feira. Numa altura crítica em que as palavras dela, novamente, me enchem de alento. 

Eu sempre achei a Irantzu mágica, quase mitológica. Nunca conheci ninguém assim sempre feliz, sempre com a alma aberta sem reservas, com uma luz que iluminava tudo. Por isso acho que há uma intenção mística, quando recebo algo que a traz de novo ao meu pensamento. Sinto que é ela a não deixar que eu me esqueça e me perca. 

A mãe escreveu-me num bilhete que juntou ao postal de recordação: "Irantzu te lleva en el corazón, pues la unión que teníais era de tanta belleza y pureza, que permanecerá para siempre ayudándote del paraíso celestial donde se encuentra ahora".

E eu não tenho dúvida nenhuma disso. 
Obrigado querida Irantzu. 

quarta-feira, julho 16, 2025

Kylie (after)

O espetáculo da Kylie foi maravilhoso. Não é um espetáculo meticuloso e sem falhas como um show da Madonna, mas é um espetáculo alegre e honesto, em que se dá tudo de forma pouco calculada e abnegada. A energia foi ótima, dela e da plateia, e eu dancei e cantei como um perdido a maior parte do tempo.

terça-feira, julho 15, 2025

Kylie

Hoje vou ao concerto da Kylie na Meo Arena. A última (e única) vez que a vi foi em 2009 quando se estreou em lisboa. Acho que vai ser giro. Nunca estive num concerto sentado, vamos ver como é a experiência. Sei a maioria das músicas, pelo menos muita cantoria vai haver.

Coração independente

Segundo tomo da história da arritmia. Muito convencido de que será uma minissérie. 

Não fossem as sílabas do sábado

Estava muito ansioso por ler este livro de Mariana Salomão Carrara. O B disse-me que tinha ouvido falar coisas excelentes dele. É um ensaio sobre o luto, sobre a solidão e sobre o desespero intimo. Talvez seja este tom intimo da narrativa, a cabeça de Ana (a personagem principal), que fez com que eu achasse a prosa muito bonita, mas o livro chato. e a culpa não é do livro. É a culpa do luto. Aquele luto é um luto negativo, que não deixa partir, que não deixa avançar sem dores, que repisa. Que não deixa ninguém ser verdadeiramente feliz ao redor do sofredor. Como se todos tivessem de sofrer o sofrimento do sofredor. O B diz que o livro é sensível e intimista e muito bonito. E eu não discordo. Apenas não consegui acompanhar o luto de uma pessoa que demora quase 13 anos para deixar-se viver e deixar viver os que estão colados a si. 

14/20

sexta-feira, julho 11, 2025

Pensamentos aleatórios

A direção é mais importante que a velocidade.

Há que aprender a fatiar o elefante.

And just like that

Como fã da série 'O Sexo e a Cidade' tenho seguido a sequela 'And just like that'. é incrível como se pode de ir rapidamente de "cool" a "cringe". Fico desconfortável de presenciar um argumento tão mau e, por vezes, atuações ridículas. Porque é que continuo a ver então? Pela esperança de ver algo que retorne esta sequela à velha glória. A cada episódio estou ali à espera de que seja melhor, mas até agora ainda não aconteceu.

Pecadores

Estava com muita vontade de ver este filme. Gosto muito dos anos 20/30 e filmes sobre a dinâmica musical da época, o nascimento do Jazz, dos Blues nos clubes improvisados pelos negros vítimas de um apartheid dissimulado e de um racismo organizado (KKK). Havia também algo de sobrenatural no trailer que me fez ter ainda mais curiosidade.

No final o filme é sobre demasiadas coisas e nenhuma sai bem concretizada. É sobre sobrenatural, mas também sobre ocultismo, música, racismo, amor, religião, lendas, crime. Enfim, muita coisa que (a meu ver)  nunca consegue ser aprofundada em condições. E o filme acaba. Deixa um gosto de vazio.

12/20

quinta-feira, julho 10, 2025

Icónico

Recuperei uma canção do último álbum de originais do George Michael, um cantor icónico, na voz e no estilo musical, que infelizmente deu menos ao mundo do que poderia ter dado, devido a inúmeros problemas pessoais e contratuais. Tenho pena de que se fale pouco deste génio do "blue eyed soul". 

O Spotify hoje relembrou-me de como ele era estupendo e brindou-me com uma música da qual me tinha esquecido. Aqui fica.


Through - George Michael

quarta-feira, julho 09, 2025

Para mais tarde recordar

Um ténue fio de luz desengana-me o corpo.
Revive a esperança do cessar das horas ímpares. 
O que será a madrugada? 
A lembrança dos teus sinónimos...
e de que vida comparece no calor da primeira claridade. 
Neste enlaçamento, sem garantia de defesa, 
a escuridão acede a dissolver-se e transmutar-se. 
São extraordinários os atos que se urdem num ténue fio de luz.

Oportunidades

Eis que surge uma bela e nova oportunidade. Que bom clima. 

terça-feira, julho 08, 2025

O CHEGA é apenas um conceito nojento

Fiquei chocado com a pobre atuação de André Ventura no Parlamento citando nomes estrangeiros de crianças culpando-as de tirarem lugares às crianças portuguesas. Os portugueses têm uma memória curta. Se em Portugal somos 10.5M mas existem 16M de Portugueses no mundo, isto quer dizer alguma coisa. 

Ainda há 50/40 anos os nomes das crianças nas escolas da Suíça, Alemanha, França, Canadá, Luxemburgo, Inglaterra e Estados Unidos era Pedro, Manuel, Paulo, Luísa, António, Conceição, José, Anabela. Hoje os seus filhos são cidadãos desses países, alguns deles em posições notáveis. Todos saem a ganhar.

Despropósito

Uma colega de trabalho, a passar um mau bocado por doença grave do pai, passou um sinal vermelho (sem ter reparado) e seguiu caminho para ir visitar o pai ao centro médico. Quando de repente se deu conta, viu que tinha 6 polícias em moto em torno do seu carro a pedir-lhe que encostasse e parasse numa bomba de gasolina. Ela entrou meio em pânico, e eles informaram-na que tinha passado um vermelho, uma infração gravíssima. Ela do estado de nervos em que se encontra quebrou num pranto. Não conseguia falar, não conseguia mexer-se.

Pergunto-me o porquê de 6 polícias numa zona residencial irem atrás de um carro que passou um vermelho. Sei lá... quatro destes polícias não poderiam estar a fazer rondas em ruas onde há crime, onde as pessoas estão realmente inseguras? Parece-me excessivo para uma mulher de meia idade, sozinha num carro. Já assisti a crimes na via pública, já me roubaram o carro e nem polícia por perto. Se calhar estão em grupos de 6 a mandar parar senhoras que passam vermelhos a 50km/h.  

Virgin

Confesso que embirro um bocado com a Lorde como pessoa, mas gosto de algumas músicas dela mesmo muito (em geral baladas ou ritmos trip-hop). Este domingo disse ao B para ouvirmos o novo álbum dela, um bocado naquela de estarmos a vir da praia para Lisboa, mesmo que fosse mau não se perdia nada. E não perdeu mesmo porque o álbum é bom. Achei muito consistente, sem ser repetitivo, uma eletrónica familiar, mas ao mesmo tempo intrigante e moderna. Polegares no ar. 

Acho que 'Virgin' é o primeiro album dela que eu digo que gosto, normalmente gostava assim de umas 3/4 músicas por álbum. 

Rompimento

Rompi com a empregada de limpeza. Foi uma relação longa de 20 anos. Eu dava-lhe mais benefícios porque queria e ajudas porque queria. Mas ela (este ano em Abril) tratou-me com desconsideração e eu fiquei bem desconfortável com isso, depois ela esteve um mês de baixa sem vir trabalhar e em junho eu disse que acabava com parte dos benefícios, ela disse que ia embora, que não merecia e que eu não tinha coração, mas que ficava até ao final de julho, depois ia de férias. Quando chegou o final do mês e eu paguei menos, ela disse para eu lhe fazer as contas imediatamente e uma quantidade de impropérios, a que respondi: eu até estava a pensar em dar-lhe os extras do ano por inteiro, mas só por essa conversa leva o respeitante ao que trabalhou. 

Acho realmente que as pessoas nos tomam por certos, e até nem me importa quando a consideração é bidirecional. Mas tenho aprendido que se não há consideração ou noção, não há recompensa.  

segunda-feira, julho 07, 2025

Coincidência gira

Ontem o B colocou uma música que me disse gostar bastante e foi engraçado porque era exatamente uma música que eu tinha descoberto no Spotify e gostado bastante também. As sintonias inesperadas fazem-me sentir feliz. 


Nice to each other - Olivia Dean

sábado, julho 05, 2025

Ela disse

"Estou zangada consigo. Nós temos um acordo, o que é que você anda a fazer? A sua _____ é frágil."

"Quem não tem colo é ______".

"Isso não é cuidado é ________".

"Devia ver na terapia porque é que _______ este ___ de _______".

"Você fale,_________, você é de fala".

"Você é uma pessoa de ____ ___________. 

"Quero vê-lo em Outubro. Não se deixe _________. Cuidado consigo".

"Agora tenho de ir para a casa rápido, para ver se os cães me comeram o gato, se o gato caiu da varanda ou se o gato ainda está vivo. Eu acho que vai estar vivo"

Certo/incerto

Estou de novo doente. Não estava à espera, mas faz sentido. A última vez que estive doente foi em 2022. Curiosamente é a minha mãe que me dá sinal, porque me acha diferente do meu normal. Dois picos emocionais enormes um negativo e outro positivo no ano passado, depois fui sendo mesmo muito infeliz no trabalho, depois tive um novo pico negativo em março e desde aí tem sido um ioiô, semanas boas e semanas más, uma montanha russa emocional. 

Tive a felicidade de ir à médica a tempo, antes de as coisas serem piores e há várias perguntas que se impõem fazer, mas a principal é  "porque é que eu não tomo conta de mim?", depois talvez seja "porque é que eu não sei ensinar a tomar conta de mim?"

A realidade é que apenas posso confiar na médica e nas suas orientações para cuidar de mim. Gostava de dizer que é solitário, mas que eu tomo conta de mim. Seria uma mentira, se alguém anda aqui solitário a tomar conta de mim é a médica. Tem feito um trabalho estupendo em 18 anos. Ela só me pede que eu faça a minha parte do nosso acordo desde 2007 e eu volta e meia espalho-me (2012, 2020-2021, 2022), pensei que estava de novo numa linha temporal boa. Vou ter de acrescentar 2025 aos meus espalhanços e começar a contar de novo. Agora estou muito centrado em não deixar de tomar conta de mim e manter os níveis de stress emocional baixos. Mas será que vou aprender? O que é que eu aprendi em 18 anos? E aquilo que origina cada um dos espalhanços, saberei eu evitar? Alguém me vai ajudar? É tudo incerto. O único certo é a médica e a sua excelência profissional. A única coisa realmente perene em que posso confiar neste processo.

sexta-feira, julho 04, 2025

Maybe...


Stoined at the nail salon - Lorde


I don't know...
Maybe I'm just...
Maybe I'm just stoned at the nail salon again.

A minha prima

Tenho apenas dois primos direitos com menos de 70 anos (a mais velha tem 91) e apenas uma prima tem uma idade parecida com a minha (55 anos, mais 4 que eu). Em jovens não eramos próximos porque eu era um puto para ela, mas há uns 13 anos voltamos a ter proximidade dado ela ter uma filha da idade da minha sobrinha e o meu irmão procurou um contacto mais próximo. 

Aconteceu tornarmo-nos amigos, não só familiares. Os últimos 4 anos têm sido bastante próximos, temos afinal algumas coisas em comum e respeito mútuo. Há aqui um gostar que foi crescendo, talvez porque falamos os dois como não conseguimos falar com os nossos próprios irmãos.

Há uns quantos dias atrás aconteceu uma coisa muito problemática para mim, vi-me na contingência de partilhar algo que nunca quis partilhar com ninguém, porque estava numa situação limite. É estranho como quando libertamos um fardo, ele progressivamente se vai tornando mais pequeno. 

Hoje falei com a minha prima sobre isso. Uma conversa longa sobre esse facto e outras coisas. As conversas com ela têm sempre um lado B. Ela cresceu comigo. Ela viu-me crescer e interagir. E ela muitas vezes chama-me a atenção para coisas (umas boas outras menos boas), até porque a sua filha mais velha lhe lembra muito a minha personalidade e modo de estar na vida, e mantém-me uma perspetiva aberta sobre a vida. No caso é uma perspetiva focada, como se me prendesse um papel com notas às cuecas com  um alfinete de dama. Só podemos estar gratos por alguém que nos conhece desde que somos bebés e que sabe de onde viemos. 

Estou a dever-lhe um almoço muito em breve. 

Definições

Adulto-criança. Do lado positivo é uma pessoa leve, brincalhona, curiosa, criativa, que não se leva a sério. Do lado negativo é uma pessoa que leva poucas coisas a sério, irresponsável, impulsiva, que se foca no desejo individual em detrimento do bem coletivo.

Pode ser tudo isto ou partes disto. Não há modelos estanques.

terça-feira, julho 01, 2025

Amigos no trabalho

Diz a sabedoria popular que é complexo fazer amigos no trabalho. Eu conheci bastantes amigos no trabalho, mas com a pandemia é verdade que as coisas ficaram diferentes no meio onde me movia. No departamento onde voltei, tinha alguns amigos que saíram antes da minha volta e havia um rapaz (que me lembrava muito o meu idealismo na idade dele) que também acabou por sair. 

Digamos que me fiquei a sentir um pouco mais isolado aqui neste instituto por me identificar pouco com as pessoas e o tipo de trabalho que fui obrigado a fazer. Comecei a ver como poderia mudar para outra divisão onde o chefe é um antigo colega de trabalho que respeito bastante. Fui informado de que não me deixariam sair, mas no meio dessa conversa ele informou-me que um antigo colega do meu departamento ia voltar para o nosso instituto, e que por incompatibilidade com os meus chefes ia para a divisão dele.

Ele disse que era um jurista, mas eu nem percebi que era o rapaz idealista que ia voltar. Hoje dei de caras com ele nas escadas, foi uma grande surpresa. O pobre está pele e osso. Eu sempre achei a polícia não era um sítio para alguém que acredita na justiça, nas leis e na melhoria das instituições de direito. 

Quando tiver tempo quero saber o que aconteceu. Já tive outro colega que também abandonou aquela polícia e o que ele contava, em 2011 deve ser o mesmo que se passa agora. Mas tudo isto para dizer, que é bom sentir que existe mais um amigo por perto de novo.

domingo, junho 29, 2025

O match perfeito

O segundo filme da coreana Celine Song é muito bom e está agora nos cinemas. Uma reinvenção da comédia romântica, tendo Nova Iorque como pano de fundo, só poderia resultar bem.

A protagonista Dakota Johnson nem é das minhas atrizes preferidas, mas este papel assenta na medida das suas características de actuação e ela está linda para além disso.

Este filme será uma espécie de Pretty Woman do mundo moderno, em que somos todos um pouco mais cínicos e um pouco mais cépticos, para além de materialistas (o título original).

Também nos mostra como a atração e os grandes matchs podm ser em grande medida matemática pura, probabilidades e em alguns casos, amor. 

15/20

Homem com H

O filme biográfico sobre Ney Matogrosso surpreendeu-me muito pela positiva. Lembro-me do Ney desde os meus 4 anos - ele teve dois grandes êxitos entre 78 e 81 um deles o Homem com H - e foi bom olhar para este artista com olhos de adulto. 

O Ney é um sobrevivente da época dos excessos, do flagelo da SIDA, da censura. Um homem inteligente, um artista gutural. E a vida dele é bonita de ser revisitada. 

A realização está muito boa, a história, e o ator principal Jesuíta Barbosa faz um trabalho de excepção.  Acho que aquilo que não  gostei foi o mesmo que se passou no Biopic sobre Freddy Mercury, o ator foi mais Ney que o próprio Ney, usando demasiado todas as particularidades do biografado. Mas é um belíssimo filme.

16/20

Os Esquecidos de Domingo - Valérie Perrin


O terceiro livro que li da autora foi o menos interessante, o mais morno. Talvez isto se deva a que ela insiste sempre no mesmo esquema de histórias paralelas, no presente e passado, e claro, deixou de ser uma novidade. Mesmo assim esta história, que tem as residências para idosos como pano de fundo, surpreende no final. O fim é muito intenso, pena que seja apenas 1/5 do livro. Mas para quem gosta de ver um mistério resolvido - aconselho.

14/20


sábado, junho 28, 2025

Hoje haverá sessão de cinema

Uma comédia romântica porque a mãe gosta. Quero vê-la feliz. 

Ter mãe

Estou em casa da minha mãe hoje. Vim passar o dia com ela. É sempre tão bom estar com uma mãe que é mãe na sua totalidade. Eu reclamo várias vezes da atitude diferencial que a minha mãe tem entre mim e o meu irmão, porque ela acha que tem de proteger o filho mais fraco, mas a realidade é que a minha mãe nunca falta a um filho em necessidade. Com ela nunca falta conforto, proteção, afago, mesmo já sendo uma pessoa de muita idade. Como ela sempre disse, o que a definia como mulher era ser boa filha, esposa e mãe. Mãe é o que ela pode continuar a ser, e da melhor maneira que puder, até ao fim dos seus dias. A minha mãe de 1.52m consegue ser muito grande. 

sexta-feira, junho 27, 2025

I rise




I rise - Madonna

Fawkes

"It's a shame you had to see him on a Burning Day. He's really very handsome most of the time, wonderful red and gold plumage."
                                           
(Albus Dumbledore introducing Harry Potter to Fawkes)

Note to self: Nuff said!

26-06-2025

Jamais esquecerei o dia com um dos embates emocionais mais violentos da minha vida. De tal forma que ainda sigo dormente, até tenho dificuldades em sentir o que for. As estruturas estão todas a ser abanadas, é momento de instabilidade, não obstante, sinto que assim que sair deles, vai ser claro que o destino não está contra mim, antes pelo contrário. As dificuldades fortalecem e estas todas que têm acontecido precisavam acontecer para que eu me movesse. Os touros quase sempre são assim, passam anos na mesma rotina e não analisam a rotina. É um hábito uma coisa que já está ali e sempre esteve, desde não se sabe quando.  

Nunca deixei de sobreviver a nada. Fui sempre demasiado emocional e quis ser sempre um "menino bom", mas apesar disso consegui voltar sempre a estar de pé. O B a dada altura disse-me que a raiva não era má e eu que eu não devia importar-me de expressar a minha raiva e ser mau se tiver de ser. Não sei se alguma vez conseguirei ser mau, mas poderei a libertar a força. 

Eu sinto sinceramente que nada acontece por acaso e tudo isto, vai descascar o que é desnecessário, em especial a intransigência que me caracteriza tantas vezes. A teimosia/inflexibilidade nada mais é que uma forma de imobilidade. Vai iniciar-se uma enorme fase de aprendizagem para mim, novas terapias e novos enfoques, e que bom que a aprendizagem é constante ao longo da vida (tenha ela os anos que tiver). Sempre tive medo da minha força e do que ela podia fazer. Não mais. Vem-me à cabeça partes da letra de uma canção.


Tenho medo destes muros
Pensamentos crus e duros
Sempre prontos a julgar
E eu já nem sei rir direito
Toda a graça é um parapeito
Calma, foi em paz que vim.

Eu já vejo o céu em fogo!



quinta-feira, junho 26, 2025

Baz Luhman e a vida

Em 1998 Baz Luhrmann editou uma canção - com base no ensaio da colunista do Chicago Tribune Mary Schmich - com uma mensagem para os jovens da altura, onde eu me incluía. Essa canção cuja letra deixarei abaixo é uma peça fundamental de sabedoria popular para cada um enfrentar a vida da melhor maneira possível. É curioso como um mundo tão atafulhado de informação faz deixar cair pelas gretas do supérfluo coisas realmente importante de estarem presentes.

As atribulações que tenho vivido nas últimas semanas e o desespero e a confusão em que mergulhei trouxeram-me hoje à cabeça essa canção em particular o trecho «don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life…the most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don't.».

E aos 50, o que é suposto saber? Existe uma métrica? É suposto estar no topo da nossa sabedoria e maturidade? Eu tenho descoberto que não. Sei mais coisas porque vivi um longo período de tempo, mas não ficar no passado e entrar na corrente da vida de modo assumido, faz com que muita coisa seja nova. E na novidade que vivemos somos novamente "virgens", talvez aconselhados pela experiência que tivemos - o que é válido mas não é necessariamente o melhor conselho, porque as experiências que tivemos foi com outros contextos, outras situações, outras pessoas. Há sempre um novidade algo para o qual não estamos preparados e não conhecemos. 

Então fica a questão podemos ser maduros e imaturos ao mesmo tempo? A resposta é sim. A maturidade não é um estado completo e categórico. Fui obrigado a refletir que a maturidade é um conjunto de aspetos e atributos que não são constantes em todas as áreas da vida e em todos os momentos. Se tenho sido muito maduro em relação à minha carreira, aos meus investimentos, à gestão da casa, nem sempre fui maduro nos meus relacionamentos. Acima de tudo porque me faltou inteligência emocional, que definitivamente ela não está desenvolvida em todos os meus processos emocionais em particular quando se me colocam desafios na vida quotidiana. Perante essas situações posso ficar rígido, sem capacidade de adaptação e ao não ter capacidade de lidar com as emoções de ambos, acabo por fazer um desvio (fugas silenciosas ou estrondosas) que me impede de aprender com os erros. Fico apenas animal: reativo, incapaz de lidar com frustração e egocêntrico, porque a minha dor não me deixa pensar em mais. A dor grita e ocupa-me o corpo e a mente - na realidade, mesmo sem ser propositado, o meu nível de empatia desce.

A maturidade é um processo de aprendizagem permanente, com muitos espaços por preencher quando se transportam traumas do passado, memórias que nunca foram renegociadas e ficaram como impressões no cérebro que funcionam como interrupções da condução elétrica nos músculos (já nem sabemos exatamente o que elas foram, mas os seus efeitos ficam, a pegada emocional fica ali, e a emoção do passado é o que volta sempre a ser ativado). Imobilizamos ou caímos até, e fica um espaço por preencher porque a vida avança. Quantos mais anos e experiências mais buracos existem - é um rendilhado - e para piorar há cansaço acumulado que nos momentos de embate aumenta o frustração e incapacidade de reação calma, racional e informada. 

É mesmo muito importante que se reconheçam essas características, as fragilidades que impedem a calma, a empatia, a tolerância/aceitação. Mas mais que tudo é importante tratar as características, mesmo quando o cansaço, o desconforto ou a dor apertam, porque não vale de nada diagnosticar uma doença sem tratamento efetivo.

Voltando ao Baz Luhrmann, a único grande conselho para a vida cientificamente provado é: usem protetor solar

Senhoras e senhores da turma de 99: Usem protetor solar.

Se eu pudesse dar-vos apenas um conselho para o futuro, seria o protetor solar. Os benefícios a longo prazo do protetor solar foram comprovados por cientistas, ao passo que o resto dos meus conselhos não têm uma base mais fiável do que a minha própria experiência... Vou dispensar este conselho agora.

Desfrutem do poder e da beleza da vossa juventude; oh, esqueçam; não compreenderão o poder e a beleza da vossa juventude até que eles se tenham desvanecido. Mas acreditem em mim, daqui a 20 anos olharão para as vossas fotografias e recordarão, de uma forma que não conseguem compreender agora, as possibilidades que tinham à vossa frente e o quão fabulosos vocês eram... Não são tão gordos como imaginam.

Não se preocupem com o futuro; ou preocupem-se, mas saibam que a preocupação é tão eficaz como tentar resolver uma equação de álgebra mastigando pastilha elástica. Os verdadeiros problemas da vossa vida são coisas que nunca passaram pela vossa mente preocupada; o tipo de coisas que os surpreendem às 16:00 numa qualquer terça-feira ociosa.

Façam todos os dias uma coisa que vos assuste. Cantem. Não sejam imprudentes com o coração dos outros, não aturem pessoas que são imprudentes com o vosso. Usem fio dentário.

Não percam o vosso tempo com inveja; às vezes estamos à frente, às vezes estamos atrás... a corrida é longa, e no final, é apenas connosco.

Lembrem-se dos elogios que recebem, esqueçam os insultos; se conseguirem fazer isso, digam-me como. Guardem as vossas velhas cartas de amor, deitem fora os vossos velhos extratos bancários.
Façam alongamentos.

Não  se sintam culpados se não souberem o que querem fazer com a vossa vida... as pessoas mais interessantes que conheço não sabiam aos 22 anos o que queriam fazer com as suas vidas, algumas das pessoas mais interessantes de 40 anos que conheço ainda não sabem.

Ingiram bastante cálcio. Sejam gentis com os vossos joelhos, vão sentir a falta deles quando eles se forem embora. Talvez se casem, talvez não, talvez tenham filhos, talvez não, talvez se divorciem aos 40 anos, talvez dancem o "funky chicken" no vosso 75º aniversário de casamento... seja o que for que façam, não se felicitem demasiado nem se censurem demasiado - as vossas escolhas são 50/50, tal como as de todos os outros. Desfrutem do vosso corpo, utilizem-no de todas as formas possíveis... não tenham medo dele, nem do que as outras pessoas pensam dele, é o melhor instrumento que alguma vez possuirão...

Dancem... mesmo que não tenham outro sítio para o fazer senão a vossa própria sala de estar. Leiam as instruções, mesmo que não as sigam. NÃO leiam revistas de beleza, só os vão fazer sentir feios.

Conheçam os vossos pais, nunca se sabe quando eles irão embora para sempre.

Sejam simpáticos com os vossos irmãos; eles são a melhor ligação ao vosso passado e as pessoas mais suscetíveis de ficarem convosco no futuro. Compreendam que os amigos vêm e vão, mas devem agarrar-se aos poucos que são preciosos. Esforcem-se por colmatar as lacunas geográficas e de estilo de vida, porque quanto mais velhos ficam, mais precisam das pessoas que conheceram quando eram jovens.

Vivam em Nova Iorque uma vez, mas partam antes que isso vos torne duros; vivam no norte da Califórnia uma vez, mas partam antes que isso vos torne moles. Viajem.

Aceitem certas verdades inalienáveis: os preços vão subir, os políticos vão fazer demagogia, vocês vão envelhecer e, quando isso acontecer, vão fantasiar que quando eram jovens os preços eram razoáveis, os políticos eram nobres e as crianças respeitavam os mais velhos. Respeitem os mais velhos.

Não esperem que ninguém vos sustente. Talvez tenham um fundo fiduciário, talvez tenham um cônjuge rico; mas nunca se sabe quando um deles pode acabar. Não mexam muito no vosso cabelo, ou quando tiverem 40 anos ele parecerá ter 85. 

Tenham cuidado com os conselhos que compram, mas sejam pacientes com aqueles que o fornecem. O conselho é uma forma de nostalgia, a sua distribuição é uma forma de repescar o passado do lixo, limpá-lo, pintar por cima das partes feias e reciclá-lo por mais do que vale. 

Mas confiem em mim quanto ao uso de protetor solar...

terça-feira, junho 24, 2025

Energia

Fiz ontem mais uma mesa radiónica e a minha energia estava simplesmente nas lonas. Embora o chakra da coroa seja o único que nunca deixa de estar forte, se não estou enraizado sou apenas uma folha ao vento a pensar e a decidir sem orientação. Várias factos interessantes ficaram visíveis ontem como o encolhimento do meu chakra cardíaco, que me tem fechado ao mundo, à fé, à esperança.  No fundo, em virtude de uma exaustão que andava a recusar reconhecer, sou uma cabeça a funcionar sem corpo. O corpo está desligado. Curiosamente o que o irá ligar é a psicoterapia. O holístico foi apenas uma radiografia que expõe questões que necessitam de ferramentas fortes para a cura. Os exames holísticos são bons, a prevenção holística também. Quando algo se instala de modo subtil, mas que cria uma desorganização/enfraquecimento das estruturas é preciso agir com estratégias de maior rapidez. 

O estado do mundo e o stress do (meu) mundo tem tido uma influência nefasta sobre a forma como me ligo (ou desligo) das coisas. Eu não sei ser apenas um expectador e aceitei ser apenas um expectador pela convicção de que sou impotente em vários campos/contextos/situações e de que, faça o que fizer, diga o que disser, não vai adiantar nada. Tenho andado a enganar-me, a fingir que varias coisas não me deixam triste. Deixei de sentir que tenho as coisas na minha mão. E de repente só tensão e ansiedade, mas é claro que tenho de reclamar o meu "poder" de volta. É esse poder, essa segurança pessoal, que acalma na interação com o que nos é externo (pessoas, situações). As emoções, precisam de um fio de prumo, senão somos apenas animais a viver constantemente com noção de perigo e a reagir com espalhafato à dor. Há muito tempo que voltei a sentir-me inseguro, mas sem que isso estivesse interiorizado como uma coisa que se instalou no corpo, achei que era apenas uma perceção mental. Estava enganado e espero que não seja tarde para reconstruir o que tem de ser reconstruído. 

Cenas

Tenho andado com muitas dores de cabeça. Há dores que já não chateiam porque se tornaram habituais, mas estas têm incomodado bastante. Se calhar tenho de mudar de óculos. Ser avô é isto.

quarta-feira, junho 18, 2025

Vício piorou

Nestes últimos dois meses vi mais séries de renovação de imóveis no streaming que no ano passado inteiro.

Por mais que deteste o regime do Irão

O Irão foi sempre um país onde jurei não pousar os pés - assim como na grande maioria do mundo árabe por considerar que a maioria dos direitos fundamentais dos homens e das mulheres não são respeitados - e irei continuar a achar abjeto o regime dos Ayatollahs. Não obstante, Israel, um país governado por um governo também abjeto que não respeita nada a não ser a sua agenda e cria nada mais que propaganda enganosa, fez o impossível. Fazer-me ter empatia com o Irão, se não por mais porque temos uma coisa chamado direito internacional que tenta gerir as relações entre os países do mundo de forma a que não volte a acontecer uma guerra mundial. Curiosamente são os países mais poderosos que mais colocam em risco esse equilíbrio precário: Estados Unidos, Rússia, Israel, China. O mundo é cada vez mais um lugar perigoso. Temos bullies e pessoas sem respeito por nada que não seja as suas crenças, sentados nos lugares de poder mais impactantes do mundo e não antevejo nada de bom. A mentira e a desinformação lideram em todos os fóruns e as pessoas que detêm a verdade ou são demasiado pedantes (uns) ou demasiado brandas/democráticas) para defender a verdade ou a razão. Por cada idade de luz há uma idade de trevas. A história repete-se. Nunca iremos aprender nada. Somos todos ainda e apenas animais. 

Uma análise bem lúcida sobre o ataque israelita ao Irão.

terça-feira, junho 17, 2025

Trolls

Trolling behavior online involves deliberately posting inflammatory, offensive, or disruptive content to provoke a reaction and cause distress, often for the troll's amusement. Trolls aim to disrupt conversations, humiliate others, and derail discussions, rather than engaging in genuine communication. Key characteristics of trolling behavior include:

Provocation and Disruption:

Trolls aim to provoke strong emotional responses, often anger or frustration, from others. They may post inflammatory or offensive comments, derail conversations with off-topic remarks, or engage in repetitive actions to disrupt the flow of discussion.

Intentional Malice:
Trolls often have malicious intent, seeking to cause harm or upset others for their own amusement. They may use personal attacks, derogatory language, or spread misinformation to achieve this.

Deception and Anonymity:
Trolls may hide behind fake profiles or use anonymity to conceal their true identities and evade consequences for their actions.

Lack of Empathy:
Trolls often demonstrate a lack of empathy, failing to recognize or care about the impact of their actions on others.

Personality Traits:
Some studies suggest that trolls may exhibit traits associated with the "dark triad" of personality (Machiavellianism, psychopathy, and narcissism) and sadism.

Responding to Trolling:
Ignore and Don't Engage: Resisting the urge to respond to a troll can be an effective strategy, as it prevents them from achieving their goal of eliciting a reaction.

Report and Block:
Most platforms have reporting mechanisms for abusive content and users. Blocking the troll can prevent further interaction.

Collect Evidence:
Documenting the trolling behavior, such as through screenshots, can be helpful for reporting purposes or for seeking support from others.

Decoração

Quando o B se mudou para minha casa, sempre lhe disse que era importante que a casa fosse dos dois. Para isso disse que estava disposto a mudar a decoração, a cor das paredes, para que os dois nos sentíssemos bem. Pois bem, o processo começou ontem com umas cadeiras 'art deco' para a sala, atrás disto virão mais algumas coisas para os quartos, para a sala e para o escritório. A casa de banho e cozinha serão as únicas divisões intocadas. Estou feliz com o processo. 

Não há pássaros aqui - Victor Vidal

Diz a Leya sobre o livro "Com personagens inesquecíveis e desconcertantes, Não Há Pássaros Aqui é uma reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos".

Não podia concordar mais com o que foi descrito, o livro é bom, mas foi um dos que mais me custou ler porque ali não há nada de bonito. As personagens são invariavelmente pessoas quebradas. É uma história que começa com um mistério, uma interrogação e que volta ao passado para fazer sentido do presente. Ocorre que o passado é feio, vil, doente e pouco a pouco vamos percebendo como os personagens ficaram irremediavelmente contaminados pelas suas histórias. Podia ser uma história de redenção, mas não. Há doenças das quais pode não se querer a cura, mas será que é pela força da doença em si ou porque a pessoa prefere a doença que conhece?

Este livro está muito bem escrito, mas perturbou-me. Cheguei ao final com um gosto amargo na boca. Senti-me apenas mal ao terminar. 

15/20

Pessoas Normais - Sally Rooney

Ora bem. Falaram-me bem da série e eu achei que valia a pena ler o livro da Sally Rooney. A sinopse é a que segue:

Connell e Marianne cresceram na mesma pequena cidade da Irlanda, mas as semelhanças acabam aqui. Na escola, Connell é popular e bem-visto por todos, enquanto Marianne é uma solitária que aprendeu com dolorosas experiências a manter-se à margem dos colegas. Quando têm uma animada conversa na cozinha de Marianne — difícil, mas eletrizante —, as suas vidas começam a mudar. Pessoas Normais é uma história de fascínio, amizade e amor mútuos, que acompanha a vida de um casal que tenta separar-se mas que acaba por entender que não o consegue fazer. Mostra-nos como é complicado mudar o que somos. E, com uma sensibilidade espantosa, revela-nos o modo como aprendemos sobre sexo e poder, desejo de magoar e ser magoado, de amar e ser amado.

O que eu achei do livro... chato, chato, chato, chato, chato. Blhac!

9/20

A Natureza da Mordida - Carla Madeira

Li mais um livro da Carla Madeira 'A Natureza da Mordida', é bem diferente do 'Tudo é rio'. O livro trata do encontro entre duas pessoas: uma professora/psicanalista reformada e apaixonada por livros (Biá), e uma jovem jornalista (Olívia). O carinho e o interesse que desponta entre as duas mulheres, desencadeia uma sucessão de encontros marcados por uma crescente intimidade entre as duas mulheres, que aos poucos vão revelando as suas histórias, uma amizade que começa enquanto as duas se "afogavam na realidade". Este livro é sobretudo sobre sentimentos, perceções e significados. Sobre como a nossa identidade reage ao confronto com o outros e às perdas geradas no confronto com os outros. 

Uma coisa que achei brilhante é que a escritora consegue fazer uma homenagem à literatura e a muitos outros autores incorporando pequenas frases suas para construir a narrativa das personagens, em particular Biá (viciada em livros). O livro joga com a psicanálise, conseguindo ser muito terno e profundo.

16/20

Menorca

Esteve a semana passada de férias em Menorca. Que sítio maravilhoso. A simplicidade do local, as praias de águas azul turquesa e quentinha. Celebramos o aniversário do B e foi bastante bonito. Há muito tempo que eu não ia de férias a conseguir desligar de tudo. Não me lembrei de mais nada. Foi descanso e usufruir do aqui e agora em casal. Ficamos bem perto da Cidadela, que é uma cidade bem bonita, com um centro histórico muito bem conservado. Vim de lá bem feliz, a pensar que a vida presta (não que não pense assim no resto do tempo, mas o sentimento ainda veio mais forte). 

sexta-feira, junho 06, 2025

Saramago disse-o muito bem

"Não é pornografia que é obscena, a fome é que é obscena" - José Saramago

Há que rever muito sobre a moralidade quando se permite que outro ser humano morra de fome ou se tiram os meios de subsistência a outro ser humano. 

Finitude

Fiquei a saber que a mãe do O está com uma doença complexa, na mesma altura em que o pai do O já apresenta uns leves sinais de demência e tanto ele como a irmã emigraram há muito anos. Isto gera um sentimento de impotência e ansiedade acrescidas no meu amigo. Tenho bastante pena que as coisas tenham de ser assim pesadas para ele, tenho muita pena pelo sofrimento que acarreta uma coisa deste tipo. Claro que para o que for preciso estarei cá. Não poderei faltar nunca a um elemento do trio de amigos que se formou há 36 anos atrás e que para mim são uma espécie de irmãos.

É duro ter confirmações físicas de que a vida dos nossos pais está na sua fase final( a minha mãe incluída), quem sabe mais 10 ou 15 anos, ou num caso mau menos. É incerto. A única certeza que tenho é que os nossos pais se vão sentir amados até ao fim. 

Ser gay também terá compensações

Porque é o mês do Pride um restaurante da moda em Lisboa está a fazer uma ação publicitária em que convida casais gay para lá irem comer de graça, contando que eles depois façam publicidade no seu IG. E assim foi, a gerência viu uma foto do B comigo e convidaram para irmos lá inaugurar o mês. A comida estava simplesmente deliciosa e muito breve voltarei lá só para tomar um Aperol Spritz e repetir aquele crumble de maçã demoníaco. 

Num mundo em que ser-se gay não é exatamente o topo da cadeia das coisas recomendáveis, foi giro ter alguém, no caso uma marca, a querer destacar-se dando visibilidade a casais gay. Gostei muito da iniciativa, do ambiente e da comida. 

terça-feira, junho 03, 2025

Devil in the Family: the Fall of Ruby Franke

Este documentário sobre a ascensão e queda de uma "Mommy Vlogger" quem em tempos foi a querida da América é um documento poderoso sobre o os efeitos das redes sociais nas pessoas, sobre os problemas da religião e dos gurus do conhecimento (cinco cêntimos a dúzia); mas também sobre personalidades e fragilidades. 

Era uma família de oito pessoas (pai, mãe e seis filhos) onde a mãe foi tudo menos mãe, o pai foi completamente omisso no seu papel de guardião da família e os miúdos sofreram demasiado abuso - abuso esse que poderia ter matado as duas crianças mais novas. 

Foi completamente chocante para mim. Aconselho a visualização do mesmo que é um documento muito válido sobre a contemporaneidade social. 

Nunca pensei em citar

Nunca pensei em citar Félix a Bicha Má, mas cá vai:

"Tem gente que é igual a segunda-feira, ninguém gosta mas é obrigado a suportar."

segunda-feira, junho 02, 2025

Yeeiii

Finalmente o primeiro banho de mar completo. Pena ter sido nas praias da linha, mas em pouco tempo estarei a nadar em águas bem mais selvagens e quentinhas. Férias venham já!...

sexta-feira, maio 30, 2025

Sereias

Não sei  muito bem o que dizer desta série. Ver a Julianne Moore é sempre um prazer e uma lição sobre como ser bom ator. A série é bastante terra-a-terra, mas  sugere através da cenografia intencional uma (quase) realidade paralela e uma espécie de ambiente onírico/mitológico que nos impele a pensar que estamos a ver mais do que realmente estamos a ver. Creio ser nesse jogo de perceções que se joga com o "canto da sereia". O espectador é hipnotizado e levado a crer em aspetos que são apenas uma manipulação. Ficamos a perguntar-nos se a realidade é real. No final a resposta é muito simples, e ficamos (ou eu fiquei) com uma sensação de ter sido um pouco tolo e de ter sido "manipulado". Não sendo o que esperava, achei este jogo de manipulação muito interessante e as personagens bastante relevantes em toda a encenação psicológica. 

Está muito bem construído para brincar connosco, porém gostava de algo mais sumarento no final. Não obstante, creio que o que nos querem dizer é que a realidade é assim de seca e crua. Aconselho a ver. 

15/20
 


quarta-feira, maio 28, 2025

Irmãs Blue - Coco Mellors

Nunca tinha lido Coco Mellors e confesso que queria ter gostado muito deste livro, porque li muito boas críticas a respeito do mesmo, mas tal não aconteceu. A ponto de partida era bom. Três irmãs muito diferente vivem vidas complexas a lidar com luto da quarta irmã que - aparentemente - era quem mantinha todas as irmãs unidas. Ter de vender a casa onde essa irmã vivia e rever os seus pertences gera uma revolução interna que expõe os segredos de cada uma às restantes e a si próprias. Um banho de reflexão e de realidade toma conta de todas no encerrar deste luto e na descoberta da paixão pela vida sem o que - aparentemente - lhe dava sentido.

Pensei "uau que profundo, que existencial". Mas no final achei que a escrita da autora era um bocado "escrita de gaja". Deixem-me acrescentar que eu distingo gajas de mulheres. Adoro mulheres em geral, mas a "gaja" é assim um subtipo de mulher que me deixa cansado e nada em êxtase. Este livro poderia ser um dramalhão familiar pungente se tivesse sido escrito, sei lá, pela Isabel Allende. Assim, é apenas um livro sobre "gajas com problemas". Lê-se e não ficará na memória. 

13/20

Vidas frustradas

Por exemplo, acho que já referi aqui que não sou um fã da Cristina Ferreira, não acho as intenções dela sinceras e acho que existe um aproveitamento (inteligente, é certo) sobre as camadas mais populares da população, para quem ela é uma referência. 

A questão é, não é porque não gosto da "persona" Cristina Ferreira que vou às suas redes sociais procurar o que ela faz e ofendê-la ou criticá-la. Isto poderia ocorrer por duas razões:
  • ou porque tenho mau íntimo e gosto de ofender/perseguir todas as pessoas que eu não considero à altura do que estou convencido que é certo e correto;
  • ou porque tenho uma vida tão vazia que tenho de a ocupar com pessoas que não gosto, porque a alegria, a felicidade, a realização pessoal não ocupam muito espaço na minha vida e tenho de recorrer até às pessoas que não respeito para ter algo que fazer.
Em qualquer dos casos acho que haveria aqui uma frustração pessoal muito grande. As pessoas frustradas acabam sempre por ser perigosas para si mesmas ou para alguém, dependendo de quão patológica é essa frustração. 

Acho que é por isto que desejo bem a toda a gente e felicidade a toda a gente. Não porque sou um santo, mas sim porque acho que pessoas felizes não chateiam nem fazem mal a ninguém. Depois há aqueles casos, como já referi aqui, de alguns líderes políticos, pessoas muito perigosas, que não me suscitam nada para lá da indiferença e se algo mau ou bom lhes acontecesse, para mim seria igual. 

Mas falando apenas das pessoas comuns, tenho a dizer: procurem encontrar motivos para se sentirem felizes, ocupem-se com coisas positivas, procurem as pessoas que gostam e se não gostarem de ninguém, gostem de vocês mesmos. Percam tempo a mimar-se e não a chatear terceiros.

terça-feira, maio 27, 2025

Bem tentei

Estive na praia este fds e deu para aproveitar o sol, mas foi tudo. Bem tentei dar um mergulho, mas a água estava gelada. Completamente gelada. Ainda não foi desta o meu banho de mar.

segunda-feira, maio 26, 2025

Triste

Uma das coisas que aprendi na terapia foi deixar as emoções serem experienciadas no corpo e não as recusar, em especial as emoções desconfortáveis como a raiva, o medo, a tristeza. Não há mal nenhum dado o carácter impermanente de tudo, a constante mudança.

Estou triste. Nâo estava assim triste há bastante tempo, mas esta emoção não está aqui para ser "eternalizada", é um indicador apenas que que algo está mal. O meu trabalho é perceber o quê. Digamos que é uma espécie de detetor de fumo. 

Tenho agora de analisar, compreender o foco (ou focos), reagrupar e seguir caminho com o tipo de esperança e de otimismo que me é natural. 

sexta-feira, maio 23, 2025

Eu e as Jacarandás

Adoro Jacarandás na natureza, quando estão em flor é um espetáculo delicioso. Na cidade odeio Jacarandás nos passeios (nos jardins ok) porque as flores começam a cair e existe uma gosma que cobre absolutamente tudo e que se pega aos sapatos e que suja e que é o horror. A rua do meu trabalho é toda ladeada por Jacarandás e a minha mota já pede socorro de tanta cola em cima.

quinta-feira, maio 22, 2025

As 4 Estações

Esta série retrata a vida de seis velhos amigos (de mais de 25 anos) que se encontram para férias  - como de costume - descobrindo que um deles quer divorciar-se, o que não só faz como arranja também uma namorada 22 anos mais nova. Este abalo vai trazer muitos questionamentos e afetar a dinâmica do grupo como um todo e de cada um dos casais. 

É uma série que fala de relações duradouras sejam elas de casamento ou amizade, está feita de modo cómico, mas é em muitos momentos amarga diria. É pesada e dramática. Acho que os "maduros" como eu deveriam todos ver esta série e mesmo os mais "tenrinhos". Acho que vale bastante a pena. É sobretudo uma série sobre a vida de todos os dias. 

16/20

Quiet quitting

 Sou um quiet quitter.

Thunderbolts

Estava com muita expectativa relativamente a este filme porque lia em todo o lado que era o melhor filme da Marvel desde os Vingadores, que tinha um profundidade diferente, que era narrativamente inovador. Curiosamente acho que nunca um filme da Marvel me pareceu tão "desenho animado". Achei os personagens muito estereotipados e foi quase como se estivesse a ver uma história para adolescentes ou pré-adolescentes. Acho que funciona bem para jovens muito jovens. É quase uma história motivacional para pessoas de 13 anos.  Fiquei com uma sensação de falta de estímulo ao palato. Não obstante, é bom ver filmes baseados em heróis alternativos ou anti-heróis. Não fosse o ser aborrecido, até tinha potencial. 

12/20

É que não basta votar só porque se está zangado ou mal com a vida...


 

quarta-feira, maio 21, 2025

Cenas de Ninja

O B ofereceu-me uma Ninja CREAMi de presente de aniversário. Nestes 10 dias o limite tem sido a imaginação. É extraordinário como se consegue fazer gelados com todo o sabor e de forma 'fit'. Não foi uma aquisição barata, mas compensa bastante na saúde e no bolso ( a longo prazo). 

Finalmente

Finalmente vejo indignação de Chefes de Estado do mundo ocidental pela barbárie em Gaza. Já vai muito tarde, vamos ver se as cercas de 15000 crianças a necessitar de apoio urgente sobrevivem. 

segunda-feira, maio 19, 2025

Legislativas 2025

Creio que não consigo articular um texto sobre isto, mas algumas ideias soltas:

  • O LIVRE cresceu e é bom perceber que um partido que procura evolução e progresso, de forma limpa, ganhou mais expressão. É uma luminária de esperança, mas ténue.
  • O PS sofreu uma derrota pesada e o Pedro Nuno Santos demitiu-se. Quem bom. Já vai tarde. A arrogância nunca foi boa companheira de ninguém.
  • O PCP mantem-se vivo. Não sei como. 
  • O BE quase desapareceu. Não creio que esta formação faça alguma sentido ou acrescente valor como estão.
  • O PAN continuou vivo. Ainda bem, é o partido que mais leis propõe e que mais leis aprova. Uma pessoa sozinha que trabalha mais que grupos parlamentares inteiros. 
  • O JPP entra na assembleia. Que bom, um partido de origem popular, sangue novo.
  • A AD vence e ganha alguma expressão. Começa aqui o meu incómodo. Quando olho para a história, há grandes homens de direita espalhados pelo mundo. Mesmo no PSD existiram grande homens e mulheres, que não sendo ideologicamente parecidos a mim, eu respeito pela sua honestidade e retidão (Mário Sá Carneiro, Manuela Ferreira Leite, Fernando Nogueira, etc.). Mas este PSD é dos chico-espertos, dos incólumes e isso é dececionante. 
  • O CHEGA cresce e quase se torna a segunda força política. O Chega é um partido cheio de deputados a responder na justiça por crimes (15 casos). É um partido que incita o ódio e a desinformação (um pouco o que se fazia na ditadura criar ódios para desviar a atenção do que é importante). 
Porque é que eu fiquei mesmo desanimado e desistente com este resultado das eleições? Porque o votante do CHEGA é a pessoa que está de mal com a vida, amarga, infeliz, ressentida e que culpa de todas as suas misérias as pessoas/grupos de quem não gostam. Há demasiada gente amarga no meu país.

terça-feira, maio 13, 2025

White Lotus - Temporada 3

It sucked big time!
É tudo o que tenho para dizer.

A vida mentirosa dos adultos - Elena Ferrante

O B adora a escrita da Elena Ferrante e adorou 'A amiga genial'. Por causa disso decidi ler uma obra dela um pouco mais pequena chamada 'A vida mentirosa dos adultos'. É uma espécie de "coming of age" passado em Nápoles (que aliás consegue ganhar uma volumetria considerável neste livro) com uma adolescente a descobrir-se enquanto descobre todas as mentiras e contradições que existem dentro da sua família. 

A escrita é interessante, o enredo familiar e cénico é muito bem articulado, mas no final faltou-me qualquer coisa. Não sei se esperava que a personagem principal acabasse por se tornar uma coisa definida. Talvez a metáfora seja isso mesmo: os adultos não são nada para lá de uma imitação de conceitos e representações que têm de si mesmo, sendo que provavelmente é isso que a Giovanna terminará por ser. 

14/20

segunda-feira, maio 12, 2025

Uma das coisas mais bonitas que me dedicaram

“Os outros eu conheci por ocioso acaso. A ti vim encontrar porque era preciso”.
- João Guimarães Rosa

Lembrando-me que apesar da diferença cultural é o respeito, o carinho, o amor e as boas escolhas que fazem o caminhar da vida ser bom.

51

No dia 10 fiz 51 anos. Gosto muito de somar anos de vida. Estar mais velho quer dizer que vou somando tempo usado em aprendizagens, experiências de vida, troca de afetos, vivência de emoções. Basicamente estar vivo é bom quando se usufrui do leque de opções disponível. 

O dia de anos não poderia ter sido melhor, passado com o B e a minha família. O B diz que a minha família é tão funcional que parece estranha. Somos todos muito emocionais, mas gostamos todos muito uns dos outros e somos 6 novamente (o meu irmão encontrou alguém que eu espero que fique). Siga!

sexta-feira, maio 09, 2025

Metáfora: Hunger Games


Este pequeno vídeo é das metáforas mais poderosas e inteligentes que vi nos últimos tempos. Quem viu a trilogia Hunger Games, percebe à primeira. É claro que nós no mundo ocidental não temos de deixar de viver as nossas vidas por causa de guerras extra fronteiras, mas temos uma obrigação moral enquanto seres humanos de nos manifestarmos, de mostrarmos compaixão, de não deixar cair no esquecimento o genocídio na Palestina (e outros espalhados pelo mundo). O valor de uma criança é inestimável e é o mesmo, seja ela branca ou negra ou cristã ou muçulmana. Sinto muita vergonha pela nossa civilização calada perante a bestialidade que ocorre na Palestina e na Ásia e na Africa, mas a Palestina está "escancarada", aqui mesmo na porta da Europa a sofrer os mesmo horrores que os judeus sofreram durante a segunda guerra mundial. Sinto mesmo muita vergonha, pela falta de empatia que vejo na Europa, no meu país e até no meio de muitos conhecidos. Vivemos na suposta era "do conhecimento e da informação" todos conectados através das redes sociais e eu nunca vi tanto individualismo, tanta falta de empatia e de humanidade. Passando a expressão "Pimenta no cu dos outros não deve ser refresco no nosso". Continuemos agarrados a um falso sentimento de segurança, continuemos a pensar que as coisas não mudam, que não interessa o que se passa longe. Num mundo globalizado interessa cada vez mais. Mas mesmo que não interessasse ainda deveríamos ser orientados por um sentimento de justiça, de respeito, de bondade, de evolução. Sigamos a falar de espiritualidade, de energias, de evolução pessoal (temas da moda) e a ser ridículos. Digo ridículos, porque as pessoas tendem a esquecer que uma pessoa não é aquilo que diz, mas aquilo que faz. As nossas ações é que deixam rasto, aquilo que fazemos (na frente e fora da visão dos outros) é que diz quem somos - com as respetivas consequências boas ou más. No final vamos todos deitar-nos com uma consciência tranquila, uns porque têm a sua consciência mesmo tranquila e outros porque têm uma enorme falta de noção. Gostava de terminar com a referência a uma grande ironia. Vivemos na época da imagem, todos (em maior ou menor grau) querem ser bonitos, ter boa imagem e vê-se que a imagem global das pessoas está mais cuidada, mas há um outro tipo de beleza, subtil e interior e existencial, que tem desaparecido. A nossa sociedade está mais feia neste sentido. Quem é capaz de ver a beleza no seu todo, acaba por sofrer com isso. E aqui reside a ironia. Quem tem uma consciência expandida sofre pela degradação da beleza à sua volta, que por momentos também pode ser sua, porque todos podemos ser falhos, mas a sua consciência e sentido de responsabilidade ajudam a melhorar-se e a recuperar o "viço existencial". Quem não tem noção vive bem, porque não percebe (por incapacidade ou vontade) que por trás de todas as justificativas e desculpas arranjadas para não ser responsável pelas suas ações e pela parte coletiva que lhe compete, a falta de beleza da sociedade reside em si mesmo. A sociedade somos nós. É o nosso reflexo.

quarta-feira, maio 07, 2025

Tanta pena que tenho dos coitadinhos

Tanta gente a falar do que sofreu por causa do apagão. Em Portugal e Espanha... tantos sofridos. A Comissão Europeia saluda o estoicismo do povo ibérico. Talvez devêssemos ser todos um bocadinho mais humanos e pensar no que se passa em Gaza. É um trilião de vezes pior do que se passou aqui a 28 de Abril e dura há muito tempo, há demasiado tempo. Só sinto muita, mas mesmo muita vergonha alheia.  

terça-feira, maio 06, 2025

Os dias do ruído - David Machado

 

Gostei do universo do livro: as questões do mundo contemporâneo, as redes sociais, as contradições sociais e pessoais que vivemos. Não obstante, senti que a prosa era como um molho que não está apurado q.b., "sabia um pouco a água". Pode ser que a culpa tenha sido de ter lido dois livros antes com narrativas tão fortes e com personagens tão contundentes. Não é caso de dizer que não gostei, li o livro todo, houve partes que até me fizeram sentir algo, mas precisava de mais. Muitas vezes faltava-me caracterização emocional ou densidade emocional na narrativa e nas personagens. Mas pronto, são gostos.

13/20


A palavra que resta - Stênio Gardel

 

Mais um livro que li em PT-BR. A descrição um amor entre dois rapazes - passado na roça -violentamente interrompido pela família é comovente e muito dura de integrar. Foi isso que mais senti, a dureza da aceitação e do preconceito sentidos pela sociedade e pelo próprio personagem principal Raimundo. Do passado este Raimundo guarda apenas uma carta e 52 anos depois resolve aprender a ler para saber o que está na carta. Este livro é sobretudo sobre dor e solidão. Gostei bastante de ser uma espécie de "coming of age" tardio. Mas é bastante duro de ler, com tantos sofrimentos e medos. 

16/20

Tudo é Rio - Carla Madeira

Foi o segundo livro que li em PT-BR e os receios que tive no início com as expressões idiomáticas logo se esfumaram. Carla Madeira é uma narradora exímia, com um imaginário lindíssimo. As personagens são cada uma delas uma história dentro da história e o livro vai oferecendo surpresas numa malha que se vai tricotando de mansinho até tudo fazer sentido. Este livro fala sobre amor e perdão. A capacidade e incapacidade de sentir e oferecer. É muito muito bom.


19/20