Quando se tem 3 grávidas no emprego, é natural que o tema de conversa à hora de almoço seja... bébés. É incrível o fascínio que o tema exerce sobre as pessoas. E é engraçado como as expectativas pessoais dos pais (neste caso, das mães) se começa a desenhar tão cedo. Hoje falava-se de crianças bonitas e feias, de quem tem os pés do pai, o umbigo da tia, os olhos da tetaravó. Tudo isto são manifestações de pertença e de declarar a criança como herdeira de um património familiar que começa pelos genes. Para a grande maioria dos pais, parece-me, um filho é mais deles, quanto maior for a parecença consigo, com os seus hábitos e sistemas de valores.
Se eu for para a frente com a adopção de uma criança o meu filho ou filha, nunca terá o nariz da avó, nem as orelhas do pai. Para já porque, em Portugal, pessoas com a minha orientação sexual estão proibidas de adoptar em casal (o curioso é que se eu mentisse sobre a minha orientação já me deixam, mas que raio de exemplo estaria eu a dar a um filho, ao começar a nossa convivência com base na mentira); e depois, como irei adoptar ao estrangeiro devo ter um filho chamado Lin-You Tang ou Makelembe Tibulu e, por conseguinte, com traços diferentes dos meus .
O facto de, à partida, me estar vedada a transmissão de um património genético. Aquilo que eu espero de um filho (filha) é que tenha uma grande personalidade, que seja curioso e ávido por apreender o mundo. Do resto terei de tratar eu e o outro papá. E esperemos que corra tudo bem, se acontecer. Até lá vou ganhando experiência com o Alex que está lindo e cada vez mais parecido com o pai (desculpa Alexa). Serão as bochechas recém-adquiridas?