terça-feira, dezembro 26, 2006

Os mais velhos...

Ontem vi um filme chamado «O amor não tira férias». Voltei aos filmes depois de um mês de ausência. Escolhi este filme porque não precisaria mais do que o neurónio de emergência para digeri-lo. Contudo acabei por ser supreendido por um dos personagens, Arthur Abbott (um argumentista aposentado de 90 anos), que é um exemplo de sabedoria e um repositório de experiência e conhecimento.
De repente fui transportado para o tempo em que a única avó que conheci ainda era viva. Ela esteve uns 5 anos num lar e nesse lar convivi com gente impressionante que, apesar dos corpos vencidos, ainda eram donos de uma centelha de vida invulgar.
Senti muita saudade da D. Arménia, uma ex-violinista que recitava poesia com uma candura desarmante; da D. Elvira que foi trapezista e que apesar da bengala e dos 82 anos não perdia a oportunidade de dançar uma valsa comigo quando me apanhava a jeito, pois sabia que eu praticava danças de salão e que conhecia as "danças de outros tempos"; a D. Isaura com aquelas gargalhadas que saiam do fundo do peito no fim de cada anedota que contava (muitas delas picantes). Lá acabava a minha avó por ficar com ciúmes por eu ser neto dela e estar a ouvir as histórias de todos os outros. Mas sabia bem. Eram belas histórias, histórias de vida. Saía de lá contente e com a convicção de que a D. Isaura tinha razão quando dizia que «velhos são os trapos».

Sem comentários: