O Presidente da República promulgou a lei que alarga a escolaridade obrigatória até ao 12º ano. Embora acredite que todas as pessoas devam ter uma escolaridade elevada, tenho sérias dúvidas sobre os benefícios desta medida. O que fez a escolaridade obrigatória até ao 9º ano não foi 'escolarizar' efectivamente todos os alunos, mas sim garantir uma passagem quase administrativa a uma grande percentagem dos mesmos.
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O 10º ano, até agora servia de triagem. Por isso era ver os alunos cairem que nem tordos porque as políticas ministriais dos últimos anos têm sido no sentido de não se chumbraem alunos e no 10º ano não há obrigatoriedades. Antes disso, se um professor chumba um aluno tem de preencher um chorrilho de papeladas e se chumba mais do que 20% da turma (que corresponde a 3 alunos, dado que as turmas nunca têm mais de 28) tem de preencher outro chorrilho de papeladas. Assim sendo, muitos professores optam por passar o aluno. Não o fariam se não fosse o esforço administrativo e burocrático implicado.
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A triagem passará a ser feita nas universidades, mas se o financiamento das universidades depende do número de estudantes que tem, suponho que estas não estarão interessadas em barrar a entrada dos futuros alunos.
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Mais uma vez estamos perante um caso em que estamos a fingir que estamos mais avançados do que estamos e com resultados pouco animadores. Lembra-me o caso da aldeia de Ruivós no Sabugal em que os habitantes não têm saneamento básico, mas têm acesso gratuito wireless à Internet. É o progresso!!
3 comentários:
Pior serão aqueles que lá vão andar anos e anos a dar cabo da vida dos que querem estudar a sério.
Não percebo porque acabaram com os cursos técnicos. No meu tempo, havia electrónica, construção civil, etc..
Pelo menos aprendiam uma profissão e "andamento", deixar estudar quem quer.
@Sandra: Esses até acabam por sair. Abandonar. Os cursos tecnológicos estão a voltar em força agora. Mas os que ficam na via académica...m-e-d-o!
Silvestre, já viste ou não o filme Idiotocracia? Está lá tudo, o futuro como ele há-se ser...
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