Nem sempre a nossa maior paixão é quem nos trata melhor ou o melhor para nós. A grande paixão pode não encontrar mais tarde correspondência nas ações e nos valores, convertendo-se em dor apenas, aumentada pelo facto de não nos conseguirmos desligar do que aquela pessoa nos fez sentir. Mas a paixão é nossa, não é do outro. A agenda do outro não tem de corresponder à nossa. E sabendo o que amamos, temos apenas de sair, porque o outro nunca vai perceber a dimensão do que arde em nós, porque os seus códigos não são os nossos. Tranca-se essa paixão e espera-se que a falta de oxigénio apague a chama eventualmente.
Outras vezes o amor nasce de uma amizade com respeito mútuo e confiança, que de forma tranquila e passo a passo vai sendo cada vez mais especial. Não vem com a excitação e a inquietude da paixão ardente. Vem suave, confortável, discreto. Um dia percebemos que está ali e que o caminho é nutrir o sentimento, porque temos confiança e respeito pelo outro, já sabemos quem o outro é, sabemos o que esperar. É um amor pequenino que vai ganhado peso e dimensão e que é uma criação dos dois. É um amor com responsabilidade partilhada, maduro, perene. Nunca se irá interromper, mesmo admitindo que um dia possa mudar de forma.
Já vivi as duas coisas.
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