quarta-feira, março 27, 2024

Pobres Criaturas

Um filme fascinante. Os filmes de Yorgos Lanthimos são tudo menos convencionais e eu acho que tem faltado este sentido de aventura ao cinema - de um modo geral. Antes de mais, percebo o porquê do Óscar de melhor atriz principle para Emma Stone. A premissa de desempenhar um recém nascido no corpo de uma mulher adulta sendo na realidade mãe e filha e nenhuma das duas é impressionante. E ela conseguiu quase na perfeição oferecer um retrato credível. Voyeurístico e empirista o argumento expõe a natureza humana e o conhecimento do mundo a partir da criação de uma Eva (que se inspira - quem sabe - no Frankenstein de Mary Shelley) verdadeiramente recém-nascida, mas mulher adulta ao mesmo tempo.  As opções estilísticas entre o romantismo, surrealismo e diria até um certo steam punk, complementam na perfeição o ponto de vista filosófico do filme. Gostei muito. 

18/20

1 comentário:

Sérgio disse...

E parte da história em Lisboa. E nessa parte, o que é que ela conclui quando escapa das garras ciumentas do Duncan? Que a vida é agridoce: agre pelo fado e zangas; doce pelos pastéis de nata. Em Paris, é puta por necessidade e porque gosta. De volta a casa, descobre quem foi o homem que a tramou e serve-lhe a mesma paga - um transplante cerebral caprino, que por sua vez a inspira a tornar-se médica, em homenagem ao seu “deus” criador, entretanto falecido. Melhor é impossível e ainda para mais, puseram-nos no mapa!! (Como expatriado, babo-me todo quando aparecemos no mapa por boas razões!).