Acho que não se devia ser rápido a condenar quem votou no CHEGA, porque esse grupo é muito heterogéneo: uma parte é fascista ok, mas a maior fatia são pessoas mal informadas, pessoas vítimas da sua frustração com os erros dos "partidos de sempre", pessoas com capacidade de análise limitada e pessoas que nem sequer lêem os programas dos partidos e não fazem ideia do que eles defendem e/ou do que era a vida antes de 1974. Além do mais as pessoas ouvem as palavras fascismo e democracia e nem sabem bem o que isso significa.
A raiva é uma inimiga na hora de decidir e mesmo muita gente caiu refém da sua raiva nestas eleições. O populismo é isto mesmo, líderes bem falantes e manipuladores que sabem mexer com as emoções das pessoas mais vulneráveis no momento da decisão. Em Portugal, jovens, idosos, pessoas com baixo rendimento são vítimas fáceis. Conheço pessoas de bem que votaram CHEGA, e sinto de coração que não fazem ideia do que significaria um governo CHEGA. Eu que como homossexual seria uma das primeiras vítimas da nova ordem (e sei o que é ser estigmatizado e odiado), não vou ser igual ao ódio que o CHEGA propaga (contra etnias, contra raças, contra estrangeiros, contra gays, contra mulheres, contra quem aborta, etc). Eu não vou ser igual ao CHEGA ou ser vítima da mesma raiva ou ignorância que fez muitos milhares de portugueses votar nesse partido. Somos todos livres de agir, todos.
Portanto uma certa compaixão e tentar compreender, sem preconceito, o porquê desse voto parece-me mais sensato. E de caminho fornecer informação pertinente. Formar em vez de julgar. Tenho a certeza absoluta (tal como aconteceu com o voto Bolsonaro) que com informação completa muita gente não voltará a votar uma segunda vez. Temos de saber separar o trigo do joio.
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