sexta-feira, outubro 16, 2009

Morrer como um homem


Um filme curioso de João Pedro Rodrigues. Muito conceptual, facto que só se consegue apreciar a posteriori (no meu caso pelo menos). A minha maior curiosidade foi a de ver um filme sobre travestis e transsexuais. Fiquei triste pela marginalidade em que se vive, socialmente e auto-imposta. Sabe-se que não se pertence a lado nenhum. É doloroso ver um triste exemplo disso, em que quase tudo é um sucedâneo do que deveria ser. Na personagem principal vi uma pessoa com sentimentos nobres, mas despojada da hipótese de uma vida "normal". A aceitar qualquer coisa por medo de não ter coisas nenhuma. É assim no amor, nas amizades, etc. É uma vida difícil e desencantada por trás dos brilhos e das lantejoulas, que são a razão de tudo. Onde tudo faz sentido. É a vida num limbo.
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Uma nota positiva para a prestação de Gonçalo Ferreira de Almeida como Maria Bakker. Foi hilariante, poético, alucinante, dramático. É a porção LSD do filme.
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15/20

2 comentários:

Little John disse...

Já vi o anúncio ao filme, mas ainda não tive oportunidade de o ver!Tb não ando muito pelo cinema ultimamente.

Gostei da tua referencia à marginalidade. Uma coisa que sempre me passou pela cabeça é onde andam os travestis de dia? Como mascaram aquela vida, se é que o fazem? Acho que els agora personificam o que era ser gay há 30 anos.

Mas, no teu comentário, o que me suscitou mais curiosidade, foi facto de ele ser um homem nobre, despojado de uma vida normal. Aceita tudo, por não ter nada! Sabes, isso descreveu muito daquilo que eu penso ver no dia-a-dia do mundo gay.

Abraço. Parabéns pelo blog e desculpa o comentário despropositado de ontem:)

silvestre disse...

@littlejohn: Existe realmente uma marginalidade, mesmo a vivida na primeira pessoa. Nã se é gay, não se é hetero, não se é homem, não se é mulher. Depois é-se o elo mais fraco. Os gays há muito tempo atrás eram os freaks e não hesitam hoje, em catalogar os transsexuais como freaks. Chateia-me muito isto. Que assim que se ganha algum poder espezinha-se a pessoa que ocupa o lugar onde já estiveste.