O último filme da Jane Campion foi uma agradável surpresa. Porque o «O Piano» é um filme tão fascinante, tudo o que ela fez depois pareceu menor. Este «Estrela Cintilante» sobre a relação do poeta John Keats com a musa inspiradora do poema que dá nome ao filme é de uma sensibilidade e força (subtil) que nos conquista do princípio ao fim.
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A realizadora filmou não apenas um filme de época, filmou o tempo dessa época. A velocidade do quotidiano, das acções, dos pensamentos não é a nossa. É a velocidade da vida campestre do início do século XIX. A pouco e pouco somos tomados por essa tranquilidade. O amor é filmado como no século XIX, os beijos são tímidos, um leve encostar de lábios, mas com uma força e intensidade que arrepiam. O simples encostar da cabeça no peito da pessoa amada tinha todo um outro significado, era uma vertigem. E há amor, o amor eterno, puro e firme. Foi um mergulho numa realidade alternativa. Uma realidade que já foi, que já não é, mas com a qual o filme consegue relacionar-nos intimamente.
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Um último comentário para a actriz principal. Soberba. E para a fotografia do filme.
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16/20
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