O amor é para sempre? Eu digo que nada é para sempre, mas, ao mesmo tempo, tudo pode ser para sempre. Penso que choquei alguns românticos (e eu até acho que o sou) com esta ideia de um amor não ser para sempre. Quero eu dizer com isto que nada é em absoluto. O ambiente em que vivemos é caracterizado por um grande relativismo.
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Toda a gente tem a capacidade de sentir amor? Potencialmente sim. Todos sentem? Em absoluto diria que não. Por exemplo, dizer que o amor de mãe é o amor mais forte. Acredito que sim, quando as mães amam os filhos. Mas basta olhar à nossa volta para perceber que não é uma condição universal. Há muitas mães que não amam os filhos.
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Se pensarmos nas relações amorosas. Quando se inicia uma relação, ela é para sempre para a vida (para a grande maioria das pessoas), mas potencialmente. Nada a garante a não ser os envolvidos e a vontade dos mesmos. Uma relação amorosa é, em grande medida, um acto de vontade. Vontade de estar com o outro significativo. Até porque não existe uma alma gémea para nós, existem 500. Não é exequível, contudo, passar a vida a trocar de pessoa compatível.
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A melhor forma de manter uma relação para sempre é estar consciente da força e fragilidade do sentimento amoroso. Ou seja, perceber que uma relação amorosa «em si» não é o para sempre. É se as duas pessoas envolvidas trabalharem nesse sentido. Usarem o sentimento que as une na construção de uma história comum e de um universo partilhado de compatibilidades. Eu acredito que uma relação pode durar a vida toda. Sou fruto de um exemplo disso mesmo. Não obstante, os tempos são outros há mais estímulos e os olhos estão muito mais abertos para os "outros compatíveis". Entra aqui o acto da vontade e da consciência.
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A consciência da fragilidade do sentimento amoroso é o que o salva. Existe um trabalho de concentração no seu forte. Creio que poucas pessoas vivem o presente e projectam demasiado o futuro com a pessoa com quem estão. Vivem a ideia do futuro almejado no presente, vivem o projecto de futuro. A mim parece-me melhor projectar que um presente sólido pode dar um futuro brilhante.
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Concentro-me no presente. Concentro-me no facto de olhar, sentir e viver a pessoa ao meu lado. É um processo de dia-a-dia para nos lembrarmos o porquê do outro e quem somos. Para que não nos afastemos, no essencial, da pessoa que éramos quando nos conhecemos. As pessoas mudam, por isso o sentimento amoroso também. Mas quem só pensa no futuro que vai ter com essa pessoas brilhante e fantástica a que se uniu, um dia, pode olhar para o lado e a pessoa é outra. O próprio também já não é o mesmo. E não há nada entre eles. O amor morreu (por parte de um ou de ambos)
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O amor não é para sempre, mas pode ser para sempre. Não se tome nada por certo, as garantias tornam as pessoas acomodadas e preguiçosas. Viva-se o presente e o outro. Cuidemos desse amor que ele cuidará de nós.
3 comentários:
Eu penso que o Amor, para que permaneça, deve ser tão flexível/dinâmico, como é a vida, e forte, consistente, com consequência, e sequência. Como a liga metálica das braceletes dos relógios, flexíveis, maliáveis, mas muito robustas.
Vamos imaginar que o Amor é um prédio, um dos elementos é o betão, resistente à compressão, e o outro o aço, resistente à tracçâo, combinados resultam no betão armado. Uma combinação de elevada robustez, e contudo, bastante flexível, como podemos ver, e pensa-se que dura até 100 anos, não é bonito imaginarmos o Amor durar 100 anos? Provavelmente um Amor destes só tem tempo de existir entre mãe e filho :)
Aproveito para dizer também que não são apenas as mães que podem não conseguir sentir, ou conhecer, e consequentemente reconhecer esse Amor.
Sobre o resto, talvez precise de mais tempo para pensar sobre. :)
Força e fragilidade aka flexível e consistente. É uma hipótese de trabalho :-)
gostei muito.gosto de ti
marta
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