Não estava nos meus planos mais próximos visitar São Tomé e Príncipe. Era uma daquelas viagens que eu dizia "um dia vou lá quando não estiver muito caro". Mas fui "apanhado na curva" pelo facto de ser a viagem de sonho do Beto e em novembro, a ver bilhetes para viagens, vi que os bilhetes estavam mais baratos que o normal e comprei.
Nunca tinha visitado um país da África negra e posso dizer que adorei. Foi uma experiência daquelas que nos tornam mais humildes diria. O país em si é um paraíso da natureza, em especial a ilha do Príncipe. As praias são de tirar o fôlego, as cascatas no meio da selva também. Toda a natureza em estado bruto é uma delícia para os olhos.
O resto é um espetáculo entre o sociologicamente belo e o emocionalmente duro. As pessoas, na sua maioria, vivem numa pobreza considerável, não obstante, a comida não falta porque a natureza dá e tudo o resto será também para ser visto de acordo com outro prisma cultural que não aquele a que estamos habituados. Ali estamos totalmente fora da nossa zona de conforto enquanto europeus e dos nossos hábitos.
O que me fez alguma confusão a princípio, para aquelas pessoas já foi adaptado e estruturalmente integrado. Não há grandes queixumes, lida-se com o que se tem e faz-se o melhor com o que se tem. Estar ali com as pessoas da terra, é perceber que se calhar vivemos aqui na Europa com coisas a mais, que nos queixamos demais, que não já não estamos em ligação com a nossa terra, para além de sermos totalmente insustentáveis, ao contrário deles, que por necessidade e por ideologia acabam por não agredir a natureza como nós.
O Beto esteve sempre maravilhado desde o início e foi muito bonito de ver como ele se dava às pessoas, como falava a toda a gente, como brincava com as crianças, como fazia perguntas interessado no que eles tinham para contar - de pessoa genuína para pessoa genuína.
Para nós os dois a viagem funcionou também como um forma de vermos como lidamos um com o outro num clima bastante diferente e, por vezes, stressante devido às diferenças culturais e ao cansaço de muitas horas a conduzir por estradas que de estrada só têm o nome, com o corpo dorido.
Um dia esqueci-me de trazer um lanche e estava cheio de fome quase a ficar rabugento, mas um guia tinha-nos ensinado que crescem amendoeiras na praia e lá fui eu catar amêndoas na areia e parti-las com uma pedra. A natureza de facto dá o que é preciso.
Esta viagem deu-nos bastante, para além de estupendas fotos. Deu-nos um novo enfoque e perspetiva cultural para olhar a vida, deu-nos a certeza de que nos respeitamos muito como casal e de que a nossa comunicação é mesmo boa. É fácil acompanhar o Beto seja no que for, porque ele é uma pessoa feliz e grata pelo que tem. Espero poder acompanhá-lo em muitas mais viagens porque me sabe bem mostrar-lhe coisas novas, ele recebe sempre tudo com interesse e alegria. Mas nesta viagem em particular foi ele que me deu bastante.
2 comentários:
Também andei a ver São Tomé mas ficou para outras núpcias, sou pobre eheheheheh
Uma forma barata de viajares para lá é ires em regime de voluntariado. Tipo 15 dias eles precisam de muita coisa. Há sempre lugar para as nossas competências :)
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