sexta-feira, dezembro 26, 2025

O Fio da Navalha

Foi um leitor casual do Silvestre que me falou deste livro - não sei se por ter sentido que eu andava, também, à procura de respostas para o sentido da vida. Falou-me do Larry Darrell e eu fui à procura. Encontrei o romance do Somerset Maugham, autor que eu apenas conhecia de nome, e decidi ler quando tivesse liberdade dos afazeres académicos. Acabei hoje, dia de Natal, parece que tudo se conjuga com a data. 

Antes de falar da história em si, tenho a dizer que gostei muito do estilo da prosa, a sagacidade do autor traduz-se na forma como narra e nos innuendos que utiliza, tornando cada página numa lição de "profiling" e rigor descritivo.

O livro em si é, na minha opinião, um tratado sobre a natureza humana. O personagem Larry Darrell (que representa a espiritualidade e o desejo pela transcendência por oposição ao restantes personagens que representam os desejos e vontades dos seres humanos "não abnegados") entra numa crise existencial e procura a razão da existência por via do conhecimento e do despojamento,  o que é contrastante com a visão teleológica dos restantes personagens cujas ações todas têm um propósito em mente. Larry é o estereótipo da pureza e da liberdade (quase entendida como loucura) e depois temos os restantes personagens que são quase todos anti-heróis. A malícia e a manipulação são ensinadas na sociedade desde tenra idade (o que até me fez pensar no bom selvagem de Rosseau) e as personagens, que não o Larry, agem todas em benefício próprio impulsionados pela sua noção do que é valorizável. Existem interesses pessoais, ganhos a serem tidos em função da lógica da vantagem competitiva em sociedade. Tudo consegue reduzir-se ao materialismo, até mesmo do corpo.

Acho que o livro é muito atual, ou voltou a ser atual neste início de século com a "modernidade líquida" em que tudo é convertido em bem de consumo e toda a identidade é o que se consome. Neste prisma o Larry vai-se desvanecendo, deixa de ter identidade, deixa de ser reconhecível porque, progressivamente, se vai tornando cada vez mais mais "espírito" e menos "matéria". E alguém verdadeiramente livre, é simplesmente visto como louco, estranho, ridículo, desadequado.  Não obstante, o Larry torna-se intocável a qualquer tipo de malícia, jocosidade ou mau juízo de terceiros, porque aprende a vibrar acima do 'material'. Pretende apenas ser uma inspiração, um trabalhador da luz, num mundo com pouca. 

Tragicamente, a sociedade tem mais atores do tipo "Isabel", "Elliot", "Sophie", "Sommerset" do que do tipo "Larry" e talvez por isso, o final do livro seja tão pouco moralista. Todos são vencedores, todos conseguem o que querem, todos são premiados e o Larry só se eleva como um "estudo de caso" que causa fascínio e admiração. 

18/20

A minha amiga A

A minha amiga A é uma das pessoas mais importantes e centrais da minha vida, vai para 37 anos. É bom ver que bondade atrai bondade. Tanto o marido como o filho são pessoas sãs e corretas. Quando visito a casa deles venho sempre cheio de amor. Aquela família, aquele ambiente, filtram as energias negativas, ali respiram-se coisas boas.

Dois meses de celibato

Cumpro hoje dois meses de celibato. Desde o final da minha relação que decidi que iria fazer um luto bem feito e que não iria cometer erros do passado. Como já disse aqui antes, decidi não ter sexo ou aproximar-me de um homem no sentido sexual do termo - mesmo que para flirts. Assumi o vazio, e comecei a trabalhar intensamente longe de tudo o que me anestesiasse, que me pudesse dar a ideia de superação. Queria estar sozinho e aprender a ser sozinho, reencontrar-me e ressurgir. Nunca imaginei o resultado destes dois meses - tal como ele se concretizou. Nunca imaginei o resultado sobre o meu ego, sobre o meu crescimento espiritual, sobre a minha aprendizagem. 

Há um dito oriental que diz "quando o aluno está pronto o mestre aparece" e apareceu o conhecimento, por intermédio de pessoas, de leituras, de acontecimentos, de olhares atentos para o que antes me passava despercebido. Senti-me cada vez mais falível, mais humilde e isso deu-me uma força enorme e, com isso, veio a paz, a fé, a alegria de estar e de existir. Sou apenas um ponto, uma  infinitesimal partícula no quadro geral das coisas, mas posso escolher o tipo de ponto que sou e escolho ser um ponto de luz. 

O tempo é a maior das dádivas e as circunstâncias dos últimos meses colocaram-me em movimento e depois desse início de autorreflexão insofismável: dura, crítica, visceral e finalmente perdoadora,  permiti-me ser sozinho e ter tempo. E usar bem o tempo, mesmo o doloroso. Cresci mais em dois meses (não deixando de lado as reflexões que começaram em julho) do que nos últimos 11 anos. Continuo sem pressa, tudo se vai transformando em compreensão e voltei a caber em mim.

Alianças

Há cerca de 5 meses atrás, antes de perceber qual seria o desfecho da minha relação com o B, comprei umas alianças de compromisso que ambos achamos bonitas (e eram mesmo bonitas). A felicidade que senti naquele ato, o amor que sentia, as expectativas que tinha para o futuro, faziam com que aquelas alianças fizessem sentido em mãos felizes. Pouco tempo depois, começou o caminho do fim e aquelas alianças nunca chegaram aos nossos dedos. 

Mas aquelas alianças existiam por causa de amor e não faziam sentido de outra forma. Decidi então oferecer as alianças ao meu irmão e à namorada, ambas encaixaram perfeitamente nos dedos (disse-me o meu irmão) e eu fiquei muito contente por isso. Hoje no almoço de Natal com a família alargada foi a primeira vez que os vi juntos este mês, os dois cada vez mais felizes, e as alianças a luzir nos dedos. Senti uma paz tão grande por aquelas alianças estarem ao serviço de um amor bonito. Não me importa que não seja meu. As alianças encontraram o seu propósito de celebração: celebram o compromisso deles e o amor deles e que lindas estão naquelas mãos. 


quarta-feira, dezembro 24, 2025

Dever cumprido


Bolo de maçã e canela e cheesecake basco.

 

terça-feira, dezembro 23, 2025

A recente descoberta no Facebook

A Sugar Free Mom é a mãe de todas as receitas pouco calóricas. 🥰

19 anos

Nem me lembrei de que este espaço fez 19 anos há 2 dias. O Silvestre tem sido um amigo fiel e ajudou-me a manter a sanidade em períodos muito estranhos da minha vida. Ainda hoje o Silvestre é uma fonte inesgotável de memórias e de autoconhecimento. 

O Silvestre é o meu "Sankofa" (voltar ao passado e recuperar o que esquecemos e/ou perdemos, para resinificar o presente e construir o futuro). Desde Julho que isto tem sido mais verdadeiro que nunca.

segunda-feira, dezembro 22, 2025

O outro blogue

O tempo foi passando, a vida acontecendo, e nem reparei na falta de amor que tenho dado ao outro blogue onde não faço posts desde julho de 2024. Tenho de mudar isto. primeiro foi por causa daquilo, depois foi por causa de aqueloutro e assim passou mais de um ano. 

Aditamento: Já lá fiz dois posts. Viva a arte!

Richard Siken

You want a better story. Who wouldn’t?
Someone has to leave first.
This is a very old story.
There is no other version of this story.
We are all going forward. None of us are going back.
Are you there, sweetheart? Do you know me?
This time everyone has the best intentions. You have cancer.
And then the question behind every question: What happens next?
Leave the gun on the table, this has nothing to do with happiness.
There is no way to make this story interesting.
Knot the tie and go to work. Unknot the tie and go to sleep.
I know history. There are many names in history
but none of them are ours.
In a word, in a phrase, it's a movie, you're the star,
So smile for the camera, it's your big scene,
you know your lines.
Let's just get going, let's just get gone.

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O’Neill, 
Há palavras que nos beijam (excerto)

Tatuagens

Foi uma experiência muito gratificante a tarde de ontem e não me arrependo nada de ter feito as quatro tatuagens ao mesmo tempo. A tatuadora foi muito empática com a história por trás de cada uma delas e foi muito focada para dar-me exatamente o que pretendia desde que as imaginei. Estou muito feliz com o resultado. 

domingo, dezembro 21, 2025

Dopamina lenta

Acordar às 9.30 e ficar no sofá até às 12.30 a ler o meu livro - com o gato sobre o peito. Ir ao gym depois, de seguida para casa da mãe, passar a tarde com ela, ir fazer umas compras de Natal e voltar para casa. Jantar e voltar a ler o meu livro com o Limão sobre o peito. Ver uma sitcom. Ir dormir em paz, sentindo como isto é bom. 

O facebook está out, mas...

Como rede social stricto sensu é provável que o Facebook esteja out... mas… a rede é usada por muitas mulheres 40+ com interesses culinários diversos e eu estou a seguir uns 20 grupos de receitas desde os pratos mais pecaminosos da cozinha tradicional portuguesa às refeições proteicas low carb mais fit do mercado. Viva o Facebook e o seu universo gastronómico. 

Primeira nota

17. 

sexta-feira, dezembro 19, 2025

Esta canção é um hino para mim

 

Constant Craving - k.d. Lang

 Even through the darkest phase
Be it thick or thin
Always someone marches brave
Here beneath my skin

And constant craving
Has always been

Maybe a great magnet pulls
All souls to what's true
Or maybe it is life itself
That feeds wisdom to its youth

Constant craving
Has always been

Prenda

Um amigo da Sicília ofereceu-me um limão que ele mesmo fez em cerâmica - por causa do meu gato. Meti na árvore de Natal. Foi um detalhe fofo. O Pandoro Cioccolato é que não era preciso, mas vai saber-me muito bem. 

quarta-feira, dezembro 17, 2025

Best gift ever

Se querem receber um bom presente de Natal do trabalho dos empregadores, façam com que o instituto público onde trabalham seja extinto. A fasquia estava muito baixa, mas receber um saco premium com um vinho, um queijo, biscoitos e ainda um pote de doce, é mesmo algo que não estava à espera. Fui surpreendido. Foi mesmo o canto do cisne.

Já dizia o George Michael

Strange baby, don't you think I'm looking older? But something good has happened to me. These are wasted days without affection, I'm not that foolish anymore.

Já dizia a Annie lennox

Every day I write the list of reasons why I still believe they do exist - a thousand beautiful things.

terça-feira, dezembro 16, 2025

Já dizia o Rui Veloso

Contigo aprendi uma grande lição, não se ama alguém que não ouve a mesma canção.

Zero

Ainda não comprei um único presente. Este ano estou potente.

domingo, dezembro 14, 2025

Paz

Passei todo o dia com a família da Irantzu. Visitei o lugar na montanha, um sítio pacífico, onde está a maioria das suas cinzas. Fiquei a saber onde estão as restantes e encheu-me o coração. Eu sabia que a vinda a Bilbao ia ser importante, contudo nunca pensei que acabasse por ser desta forma. A mãe da Irantzu é uma mulher extraordinária, que tem feito um caminho extraordinário após a morte da filha (o maior ser de luz que conheci). O que ouvi aqui hoje, o que partilhamos, só espero conseguir assimilar tudo e integrar na minha vida. Há pessoas que são lições completas e eu sou um aprendiz. As pessoas que me fazem sentir verdadeiramente humilde, pessoas que são amor na sua matriz, que procuram o saber sem ter medo da sua ignorância, que não têm medo de olhar para dentro de si e descobrir o que têm de enfrentar sobre si, que têm a vida a viver através de si. Hoje fui um menino pequeno em admiração profunda por pessoas que são realmente especiais. Saio de Bilbao cheio de paz.

sábado, dezembro 13, 2025

Bilbao

Hoje o dia começou um pouco estranho, cheguei cedo, almocei, vim para o hotel e dormi um bocadinho. Depois estava-me a custar arrancar para sair sozinho, não viajava sozinho para fora de PT há mais de 2 anos e estava meio sem saber como me organizar. Depois decidi sair e ir direto ao Guggenheim (que é um lugar que adoro). Lá, percebi que não estava confortável a tirar fotografias a mim mesmo. Senti-me parvo a tirar selfies e desisti à terceira. Mas comecei a tirar fotos muito bonitas do museu e animei-me. Depois andei pela cidade a pé, pelo centro antigo, e aí comecei a sentir-me realmente feliz. Tirei os phones e comecei a cantar músicas memorizadas de que gosto. Ao entardecer o rio estava muito bonito - com as luzes da cidade refletidas na água - e eu estava de peito cheio. Aí sim, a cruzar um praça com uma árvore de natal rosa escuro tirei uma selfie de que gostei mesmo muito e que podia ser a imagem da frase "a melhor maneira de viajar é sentir" de Fernando Pessoa. Vim jantar e meti-me a trabalhar para o PhD. Amanhã vai ser o dia passado com a família da minha amiga e vou visitar o local onde ela jaz. Vai ser muito emocionante, mas foi isto que vim cá fazer e vou poder tatuar a frase que ela me disse em 2006 - sobre mim - com a caligrafia dela. Vai ser muito especial. 

Bilbao fez-me ver hoje - longe do meu ambiente natural - como o que mudou desde julho está sólido e como isso acabou por puxar ainda mais mudanças que me fazem ter uma abordagem diferente face à vida de todos os dias. O que não mudou foi o meu gosto por Polvorones (um doce espanhol de natal), comi logo quatro de seguida. 

Coisas boas II

Passaram 15 anos. O dia deu-me mais um reencontro. A alegria que sinto depois destas horas juntos é enorme porque me lembro perfeitamente de onde esta pessoa estava emocionalmente quando nos distanciamos. Foi através de caminhos tortuosos que encontrou um sentido de propósito, mas o que me interessa é que o vejo num lugar bom, com um grande potencial de ser feliz. Tem finalmente uma família inteira, aquela que eu sempre achei que tinha, mas a descoberta precisava de ser no tempo dele. 15 anos depois ali estivemos os dois, com muito trabalho realizado por ambos em psicoterapia, a falar do que aprendemos do passado, do que é o nosso presente, e do que esperamos do futuro. Foi brilhante.

sexta-feira, dezembro 12, 2025

Coisas boas

Tenho uma amiga que estar com ela é como ser tocado por dias solarengos de Primavera. Hoje almoçamos e vim cheio de sol para o trabalho. 

Perdi o medo

Perdi o medo de rapar a cabeça com a Gillette. Já não era sem tempo.

Sociedade líquida

Zygmunt Bauman foi um sociólogo polaco (considerado um pessimista há 40 anos atrás) que no âmbito dos seus estudos sobre a pós-modernidade, cunhou em 2000 o conceito de "Modernidade líquida" que designa o estádio das sociedades desenvolvidas na transição do século XX para o XXI. 

As sociedades líquidas são a configuração social da nossa época, caracterizadas pelo vitória da fluidez (como os líquidos). Assim, tudo tem um carácter precário, transitório, permeável e pouco seguro. Esta condição atravessa todas as dimensões da nossa sociedade, tanto estruturais como superestruturais, tanto no plano material e económico, como no plano da vida afetiva e intelectual.

As relações humanas, neste modelo, são frágeis. Bauman usa o termo “conexão” por oposição a relacionamento, deseja-se o que pode ser acumulado em maior número, mas com superficialidade suficiente para se desligar a qualquer momento. Conexões de amizade e amor podem a qualquer momento ser desfeitas. 

As redes sociais amplificaram este processo, propiciam a  relação pseudoamorosa e a pseudoamizade. Procuram-se relações que resultam em prazer para o indivíduo (a qualquer custo) as pessoas passam a ter valor de "objeto". O número de conexões é motivo de ostentação e de satisfação pessoal.

O sexo também se reduziu a mero objeto de prazer. Nas "sociedades sólidas" o sexo tinha transitado para uma forma de partilha de emoções, de amor, símbolo de confiança entre duas pessoas. Na modernidade líquida, o sexo é mero instrumento de prazer e não deve ser medido qualitativamente, mas quantitativamente, pela quantidade de pessoas "bem cotadas" nas redes (objeto de desejo de consumo por corresponderem a modelos valorizados socialmente) com que um indivíduo consegue relacionar-se. 

Outro aspeto importante (talvez o mais importante) é o consumo. Existe todo um aparelho para que o capitalismo consiga progredir desenfreadamente por meio do consumo irracional. Há um fetiche pelo consumo, criou-se um fetiche pelas marcas, por estilos de vida "cool", por ideias e corpos modelo (que na realidade são modelos de marketing estudados para nos "enganchar"). 

O consumo e o status na sociedade líquida têm uma carga simbólica muito mais forte do que alguma vez existiu em outro modelo social. O sujeito torna-se naquilo que consome e a sua identidade depende da ostentação desse consumo. A mercantilização é total, não só dos produtos, mas das pessoas e dos afetos. É a modernidade liquida a acontecer. O que era pessimismo há 40 anos atrás, aconteceu. E nós fazemos parte.

quarta-feira, dezembro 10, 2025

Joy Crookes


Brave - Joy Crookes

terça-feira, dezembro 09, 2025

Rumi

"Try not to resist the changes that come your way. Instead, let life live through you».

O Phill

O Phill é um amigo escocês, conheci-o através do meu extinto perfil do Instagram (o tal onde eu me expunha bastante fisicamente). Ele começou a comentar as minhas stories não pelo corpo, mas pelo humor e passou a seguir-me. Ele comentava as stories que envolviam graças, trocadilhos, escárnios e, de facto, temos sentidos de humor muito parecidos. Isto aconteceu há cerca de 8 anos. 

O Phill é uma pessoa diferente, o tipo de diferente que eu gosto. Mora nas montanhas escocesas, um pouco isolado e a família tem um negócio de criação de ovelhas. Quando o pai morreu, o Phill teve de colocar vários sonhos de lado - esquecer a sua existência enquanto homem gay -  e assumir um negócio duro, que nem a mãe ou a irmã poderiam sustentar. Às vezes pergunto-me se é isso que torna o Phill tão especial, essa simplicidade campestre, a ausência de pessoas que contaminam. 

Tem uma vida dura, mas está sempre bem disposto e tem sempre uma palavra carinhosa. Eu digo ao Phill que ele é "my pill of joy". Não há uma única conversa ou situação menos boa em que ele não esteja lá a reforçar-me positivamente e a mostrar o que de bom há para alcançar nesta vida e que ele tem fé em mim. A amizade (e até o amor) trata-se disto de fé, de nós acreditarmos no outro com o corpo inteiro. Eu nunca conheci o Phill ao vivo, mas partilhamos um carinho mútuo muito grande, partilhamos coisas importantes ou fazemos piadas politicamente incorretas (como as que fizemos hoje com o funeral da tia do pai dele que morreu aos 103 anos e bebia muito whisky). 

Nas dificuldades de há bem pouco tempo lá esteve o Phill com a sua fé em mim "You got this Sports, remember you are amazing. I am always here for you to remind you. Message me anytime ok?". E claro que não lhe mando mensagens a qualquer hora, porque acho que quem se deita às 22h para começar a trabalhar às 4h da manhã e (seguir até às 19/20h) tem mais que fazer. Mas fico a admirar todas as maravilhosas fotos que ele posta das paisagens onde vive (em especial agora, no rigoroso inverno escocês) e as maravilhosas fotos das ovelhas. Se lhe pergunto como ele está, já sei que a resposta vai ser que está tudo bem (mesmo quando ele e o cão foram atacados por um exame de vespas, disse que a dor passava em 3 ou 4 dias). 

O Phill é um homem das montanhas, um bom homem, rústico, doce e divertido. Eu gosto muito dele, ele inspira-me e faz-me querer ser melhor. É disto que precisamos, boas referências. 

PS. Rosseau dizia que o ser humano é invariavelmente puro, assim nasce e depois é corrompido pela sociedade (em graus diferentes) mediante as suas interações. Acho que grande parte da boa índole do Phill vem daí, do relativo isolamento em que vive. Ou se calhar não, mas seja como for nada muda o que escrevi antes. 

Nightingale



The nightingale - Julee Cruise

Conquistas alheias

Sou o tipo de pessoa que fica muito feliz pelas conquistas dos outros. Primeiro porque acho que pessoas felizes não fazem mal a ninguém e depois porque a felicidade alheia, funciona um pouco como o nosso farol de esperança; cria precedentes, probabilidades e faz-nos acreditar que também pode acontecer connosco, porque existe e acontece a alguém.  

Quanto a mim, percebo que a felicidade e as coisas tranquilas andam de mãos dadas, não é uma vida de êxtase e de excitação que a transporta. Os momentos simples, a paz de espírito, a gratidão pelas coisas perenes e quotidianas, o foco no presente, a conexão com os outros (pessoas de bem consigo mesmos que inspiram) e a leveza de se apreciar o que já se tem.

Li num blogue que sigo, que o autor tinha encontrado uma pessoa e ele, que normalmente tem um discurso pessimista/defensivo, tinha outro tom na escrita: esperançado, vulnerável. Achei aquilo tão bonito, a transformação pelo ato de sermos alvos de amor por um terceiro. E dei por mim a torcer por ele, como se fosse por mim. Quero muito que a história dele seja de sucesso porque o que precisamos para bem suceder são bons exemplos.

Amigos

Hoje cozinhei o jantar para duas amigas. Acho que há algo de verdadeiramente bonito no ato de alimentar alguém. Fiz uma rosca de presunto e queijo para entrada e um arroz de atum com canela para prato principal, elas trouxeram um cheesecake basco maravilhoso para sobremesa. Voaram 4h de conversa sem se dar por isso. Nada há como amizades tranquilas e lugares seguros. 

domingo, dezembro 07, 2025

O que faz um homem solteiro num domingo?


Este homem solteiro faz pão de mistura à mão (e aproveita para ler um livro que não seja de estudo).

Do quintal do meu irmão

 Adoro romãs e estas são especiais. 

sábado, dezembro 06, 2025

Diziam escritores e poetas

"A melhor maneira de viajar é sentir (...) As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos." Fernando Pessoa

"É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com Sol onde primeiramente a chuva caía." José Saramago

"Muda de vida se há vida em ti a latejar" António Variações

Viajar é também a melhor maneira de sentir e de mudar de vida; por conseguinte,  começo o ano com duas viagens à bela Madeira e à bela Roma. 

sexta-feira, dezembro 05, 2025

quinta-feira, dezembro 04, 2025

Desde as 7am

Desde as 7am a estudar para o PhD com o gato no colo a ronronar, o que sempre ajuda. Começou oficialmente a época das avaliações e só quero "sobreviver" ao semestre. Não estou preocupado com grandes notas, estou preocupado com ter positiva e bastará por agora. Não obstante o tempo necessário para estudo, acho que este fds começo a ler 'O fio da navalha'.

Run



Mer girl - Madonna

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Família

Esta semana, a minha mãe ficou semiautónoma, o que me me permitiu voltar à minha casa, voltar ao escritório, retomar algumas das minhas rotinas. O início deste processo foi "tirado a ferros", na primeira semana eu e o meu irmão estávamos constantemente a apontar à jugular um do outro. Foi pesado para todos, em especial para a minha mãe, mas devido a acontecimentos na vida pessoal estava (ele) muito cansado e eu mentalmente fragilizado. Mas o objetivo era cuidar da nossa "raiz" (a mãe) e no final da primeira semana começamos a trabalhar em conjunto. Há muito tempo que não tínhamos - todos - convívio diário, mais precisamente desde 2002 - ano em que ambos saímos de casa dos pais. 

Este processo de cura da nossa mãe foi também um processo de cura para nós. Ao fim de um mês, eu sinto-me visto pelo meu irmão, ele sente-se visto por mim, a minha mãe sente-se vista por nós e nós sentimos que ela nos vê. Construímo-nos de volta em conjunto, como família, do mais raso que estivemos em muitos anos, cada um pelos seus motivos.

Estamos unidos como já não estávamos há muito tempo, ou talvez mais do que alguma vez estivemos. Estou em crer que isto só é possível porque a minha mãe nos mostrou ao longo da vida o que é amor saudável, temos exemplo, e quando tudo corre mal só temos de pensar nesses exemplos e fazer um "reset ao sistema". E acreditamos de volta. Dizer que a minha família é unida, que nos amamos, não são palavras da boca para fora. Não é performance, como vejo em tantos 'amo-te' e 'adoro-te'. E isso dá uma enorme estabilidade.

Numa altura em que felizmente "as nuvens aliviam", o balanço a fazer é o de que lutamos uns pelos outros. Contudo, para mim o mais impressionante foi ter o meu irmão a lutar por mim, a agarrar-me ativamente. Ocorre-me que estivemos assim, os três, quando o meu pai morreu em 1998, mais gentis, mais pacientes, mais cuidadores, a fazer com tudo conte.  Mas no cerne, está sempre a senhora de 1.52m, que se faz gigante quando se trata de amar os seus e de lhes ensinar o amor. 

Vibração

Algo mudou. 

Um dia bom

Ontem o clima esteve feio, mas foi um dia bom apesar de chuva. Tive boas interações, produzi e abri novos horizontes. Além disso senti-me confiante. Fazia muito tempo que não me sentia confiante, claro que tudo é um processo, ainda para mais depois de um período longo de negatividade. Mas de novo sinto-me com altura.

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Árvore de Natal feita

A minha "monstra" está finalmente montada. Quis tanto ter esta árvore e este ano não lhe dei o que ela precisa para estar no seu maior esplendor. Eu sei o que faltou, mas quem sabe para o ano.

De qualquer forma, já é natal aqui em casa.

O agente secreto

Estava desejoso de ver este filme desde que estreou, mas a montanha acabou por parir uma capivara - não foi assim tão mau para parir um rato, mas deixou um bocado a desejar. Claro que depois do sucesso do 'Ainda estou aqui' e com a proliferação da extrema direita um pouco por todo o mundo, filmes que relatem o fascismo e a crueldade das ditaduras acabam por ser favorecidos (mesmo que inconscientemente).

O Wagner Moura esteve muito bem e Tânia Maria (essa late bloomer na atuação) também comandou as tropas como uma campeã. A fotografia do filme é muito bonita e a história poderia ser muito boa, mas o filme perdeu (a meu ver) o sentido narrativo a dada altura. Acho que a história tem alguns pontos descosidos e há um "gore" desnecessário a dada altura.

Acho que o filme é uma peça muito interessante para se perceber o ADN da cultura brasileira e de uma certa "brasilidade" no seu melhor e no seu pior. Do filme retirei mais o sumo da maldade e da bondade que pode existir no brasileiro do que o sumo da historia em si. É quase como que os personagens fossem 'ideais tipo' (no sentido Weberiano do tempo) que passam a essência do grupo que representam mais do que a coerência da narrativa. 

14/20

domingo, novembro 30, 2025

Mais uma

Mais uma mulher do meu baú de boas recordações me convidou para café. Diz-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és.

sábado, novembro 29, 2025

Vazio vs. espaço de reconstrução

A respeito de uma conversa no espaço de comentários do post de 27 de novembro, resolvi isolar o tema porque merece ser recordado mais tarde, já que eu escrevo para me reler no futuro (em estilo diário). Neste caso, o discorrer, tem a ver com o término de uma relação muito intensa. 

Uma rutura produz uma espécie de uma "fenda psíquica". Uma parte do nosso mental sabe que tem de superar a história pela qual passou, a outra continua presa à promessa do que a relação poderia ter sido. No fundo uma parte de nós continua a não conseguir desapegar-se do futuro que não aconteceu, e de repente há um espaço enorme desocupado que não sabemos o que fazer com ele. Este espaço não é apenas um vazio, é a cessação de um modo de existência, onde vivíamos com um espelho dos nossos sentimentos, projetos e anseios (o outro). 

Na ausência do outro, o que passa a existir agora, é o mutismo daquilo que eramos com o outro e o que ainda não sabemos ser sem o outro. O maior engano que podemos ter é o de que este vazio tem de ser preenchido rapidamente. De forma rápida, tal só pode acontecer por meio de (uma ou mais destas coisas) sexo, flirtes, substâncias anestesiantes, saídas constantes, vida social hiperbolizada, redes sociais ao rubro, etc., ou seja, excessos e/ou vícios, que nada mais são que distrações para podermos intitular-nos de felizes e com superação efetuada. Foi aqui que errei nos últimos 10 anos. Desta vez decidi habitar o meu vazio e transformá-lo em solo fértil. 

Aquilo que sentimos como vazio se olhado como espaço de (re)construção do Self é um local excelente para se estar. O facto de estarmos nesse vazio já contraria o substantivo, mesmo que visto como espaço de perda, porque a perda sempre acaba por ser um espaço de encontro ou reencontro; e nós somos em nós mesmos um mundo, de quem o tédio tem a capacidade de extrair, imaginação, criatividade, vontade e desejo. A distração da dor pelos exemplos do parágrafo acima, rouba-nos a solidão e o tédio, fundamentais para o crescimento e ressurgimento. 

Eu tenho estado aí, nesse espaço de (re)construção. Paredes meias com a solidão, mas com um tédio produtivo, e acabei por estar comigo em vez de sozinho. Difícil sem dúvida, mas, de novo repetindo-me, produtivo. Percebi (já não era sem tempo) que o meu padrão de vinculação da última década tinha sido sempre o mesmo entre outras realizações importantes. Adicionalmente este estado de 'solitude' por oposição a 'loneliness' tem sido providencial. E apareceram e reapareceram amigos no processo. 

Se eu fosse uma casa feita de Lego, diria que não perdi a minha identidade enquanto casa, simplesmente as peças que foram completamente desagregadas há um tempo atrás, estão todas a ser remontadas de acordo com um posicionamento mais forte que vai sendo descoberto por experimentação e sem pressa. Vai demorar o tempo que demorar. O foco é em ter a casa permanentemente sólida e futuramente habitada. 

Data marcada

As famosas 4 tatuagens já têm data marcada para realização: 21 de Dezembro. Encontrei a tatuadora pelo Instagram, gostei muito do trabalho dela com linha fina. A agradável surpresa foi saber que o estúdio fica a 150 metros da minha casa.

quinta-feira, novembro 27, 2025

Mood até ao final de 2025

O meu gato é lindo



Pronto. Era mesmo só isto.

Feminino

Desde que acabei o meu relacionamento que tenho procurado fazer coisas bem diferentes do meu costume nesta situação; uma delas é procurar a companhia de mulheres. Tenho muitas amigas de diferentes idades e tem sido belíssimo esse convívio com o universo feminino. Há tanto a aprender destas vozes. Hoje passei mais uma noite no feminino, com boa comida, boa bebida, muitos risos, algumas lágrimas e partilhas profundas de parte a parte. Tenho-me sentido muito humilde perante esta força tranquila que as caracteriza. Gosto muito quando alguém me faz sentir humilde perante si, sinto que é uma terra fértil e que tenho muito a ser acrescentado por esta pessoa. Que bom que as mulheres na minha vida continuam a crescer.

Opostos

Há pessoas que são como um buraco negro, sugam toda a energia à sua volta. Há pessoas que são como luminárias, levam luz ao mais interior de nós. Que bom é quando partilhamos momentos com o segundo tipo.

terça-feira, novembro 25, 2025

Outono

Ás vezes não estamos preparados para o Outono. Não sabemos o que fazer.

Esquecimento

Hoje passei de mota na baixa pelas 20h. Vi a árvore de natal e o palácio com luzes. Lembrei-me de que é natal. Este ano a quadra têm-me caído no esquecimento.

segunda-feira, novembro 24, 2025

Feet in the Water



Feet in the Water - Eva & Manu

I see the waves embrace the shoreI've got my feet in the water, feet in the waterI'm speaking in a brand new tongueConfidence flying... high and free.

sábado, novembro 22, 2025

O choro da minha mãe

Sendo a minha mãe uma mulher estóica que desde a morte do meu pai (há 27 anos) tinha chorado 3x, e que foi ensinada a tudo aguentar, foi muito impactante para mim vê-la chorar de dores. A dor física nunca foi um problema para ela, mas finalmente era insuportável. Após a operação, essa dor cessou.  Mas hoje descobri-lhe outra dor que me fez doer mais ainda e amá-la mais ainda. Ela está dependente de mim e do meu irmão e tem sido complexo ajustar esse cuidado diário com as nossas vidas. Hoje ao almoço ela começou a chorar de novo. Uma dor emocional desta vez. Eu perguntei-lhe "mãe o que isso? Estás a chorar porquê? ". A resposta dela foi "porque eu pedi tanto a Deus que nunca me fizesse dar trabalho aos meus filhos e eu vejo que vocês andam esgotados. E eu estou aqui desta maneira e nunca mais volto a ser eu". É verdade que andamos esgotados, mas a reação dela só me mostra que esta mulher define-se, para si, como mãe e esposa e mesmo doente - na sua cabeça- ela é a mãe e o papel das mães é cuidar dos filhos, os que agora andam esgotados e que ela queria cuidar. É por isso que a amo tanto, por ser mãe sempre, mesmo na sua fragilidade continua a querer colocar os filhos debaixo da sua asa. O choro da minha mãe é para mim uma coisa triste, vindo da mulher que tudo aguenta. Mas, ao mesmo tempo, a razão dele faz-nos sentir que cuidar da nossa mãe é mais que uma obrigação moral. É o amor a fazer o que tem de fazer: cuidar. 

sexta-feira, novembro 21, 2025

Paciência

Está a ser uma conjugação difícil, trabalho, doutoramento, tratar da mãe e não deixar de fazer as coisas que me dão estabilidade emocional e permitem relaxar (ginásio, aulas de dança, ler, tempo de qualidade com o gato). Penso que será assim mais umas duas semanas. Tenho saudades de ler um livro de ficção. Tenho saudades da minha casa cheia de risos e conversas. Mas tudo a seu tempo. A tristeza acontece e a felicidade também, só é preciso ter paciência. 

terça-feira, novembro 18, 2025

Tatuagem

O meu plano de fazer 4 pequenas tatuagens continua. Uma delas é uma frase com três palavras dita pela Irantzu quando nos conhecemos em 2006. Lembrei-me que seria mais especial se eu conseguisse que fosse na caligrafia da própria e hoje a mãe dela disse-me que vai procurar essas 3 palavras nas coisas escritas que ela deixou. Se tal for possível vai ser não só uma homenagem, mas um talismã. Há pessoas que são um acontecimento, um privilégio, e eu tive o privilégio de poder ser inspirado por ela para o resto da vida.

É engraçado

É engraçado de ver como este blogue é de facto uma espécie de terapia para mim. O meu ano tornou-se muito complicado a partir de maio e as postagens foram aumentando ou diminuindo concomitantemente. Outubro (ou o olho do furacão) foi o mês em que mais recorri ao Silvestre porque de facto a expressão ajuda, passar para palavras pensamentos, ou simplesmente marcar para a posteridade o que será sempre bom de reler. Retomei hoje o diário em papel depois de algum tempo de interrupção. Começou em Julho e foi um diário triste e sofrido (apesar de esperançado e cheio de amor). Hoje foi dia de escrever aprendizagens, balanços, uma prestação de contas a mim mesmo. Perceber que somas e subtrações feitas, o resultado é positivo. Podemos perder o norte do que realmente é, porque a vida não é linear; hoje estamos bem, outros dias mal e outros dias bem e novamente mal, e tudo isto com intensidades diferentes. então faz bem, de vez em quando, prestarmos contas a nós próprios e vermos que existe um motivo para se estar grato no fim dessas contas. O Silvestre é uma prova continua de resiliência e uma prova de vida. A minha vida está viva e regenera-se. 

Bilbao

Vou, finalmente, visitar o lugar de descanso da minha amiga Irantzu. Tenho a certeza de que vai ser muito especial e que algo de transformador irá sair desta viagem.

segunda-feira, novembro 17, 2025

Abstinência

Desde que terminei a minha última relação que não voltei a envolver-me sexualmente com ninguém. Quando terminei a minha penúltima relação enjoei doces, estive 10 dias sem vontade e depois pensei "se estive 10 dias sem comer e não me custou, porque não continuar?". E eu que era um consumidor ávido de açúcar passei a  comer doces apenas socialmente. Nesta última relação aconteceu algo de idêntico mas relativo ao contacto íntimo, "se não for para ser significativo, para quê envolver-me com alguém nessa dimensão?". Por conseguinte, sigo fora do "mercado", mas muito bem assim. Dizem os sábios que o crescimento só acontece quando deixamos de repetir a mesma versão de nós próprios. 

sexta-feira, novembro 14, 2025

Raíz

A minha mãe saiu do hospital e está ainda bastante debilitada. Pensamos em várias soluções para lhe dar apoio, uma vez que está dependente. Mas estava aqui qualquer coisa a não bater certo dentro da minha cabeça. Tanto eu como o meu irmão podemos trabalhar em teletrabalho e ninguém vai cuidar melhor da nossa mãe do que nós. Por isso foi o que exigi ao meu irmão, que viéssemos nós cuidar da nossa mãe - que sempre cuidou (e muito bem)  de nós. Desde ontem que percebi que há qualquer coisa de muito calmante nisto. A minha mãe é a minha raiz (tal como era o meu pai), ao alimentar a minha raiz estou a fazer muito por mim, estou a nutrir-me também. E se os últimos tempos têm sido uma loucura, hoje de manhã comecei a sentir uma nova camada de paz, e foi bom ver como ela está mais calma também. 

quarta-feira, novembro 12, 2025

Aquela senhora ontem...

Ontem encontrei uma senhora que nunca tinha visto. Nos 50 minutos de conversa ela disse-me algumas coisas cheias de sentido que, de certa forma, me aliviaram do desgaste do último mês e me criaram alento. Não esquecer sobre o foco, saber que quem interessa está atento, e não deixar de desejar ativamente muita luz e clareza a quem deseja mal, para que quem não está em paz consiga a sua paz. É só isso que desejo, para mim e para os antagonistas: paz.

Wonderful life



Wonderful Life - Black 

No need to run and hideIt's a wonderful, wonderful lifeNo need to laugh and cryIt's a wonderful, wonderful life.
Wonderful life.

terça-feira, novembro 11, 2025

São Martinho

Hoje é dia de São Martinho, uma das datas que a minha mãe adora celebrar com um jantar na casa dela e este ano ela está no hospital a recuperar da operação. É um sabor estranho a que se junta a nostalgia do ano passado em que a pessoa com quem estava foi apresentada à família e sentia eu que a família estava completa. 

No doutoramento temos falado muito sobre filosofia e os filósofos da natureza. Vale a pena guardar que na natureza nada se perde e tudo se transforma e os organismos adaptam-se. É ir adaptando.

segunda-feira, novembro 10, 2025

Espartano

Estou a viver o meu luto do modo mais espartano possível. Nem sabia que era capaz disto, mas é apenas o culminar das decisões que tomei em Julho. Tudo começou ali e tudo finaliza aqui. O homem completa-se.  

Lembranças

Neste dia, há um ano atrás, estava eu a montar a árvore de Natal gigante que tinha comprado no dia anterior. Lembro-me tão bem do sentimento que tinha e de como pensava que essa árvore de Natal seria partilhada para sempre com a pessoa com quem a estava a fazer, afinal foi por ela que montei uma árvore de Natal tão cedo. 

Um ano depois a vida é completamente diferente. Sou invadido pela nostalgia, pela transparência da lembrança. E são estes momentos de vazio que continuo a viver sozinho, sem distrações para lá dos amigos - presentes quando as suas vidas permitem estarmos juntos. 

O consolo vem de acreditar que na natureza nada é vitória ou derrota (como dizia o autor), tudo é e tudo está em movimento. Fluxo perpétuo. 

A Madonna diria assim...

"I'm not your bitch don't hang your shit on me".

Segunda -feira

Hoje é segunda feira e acordei feliz. Voltei a gostar de segundas-feiras, parece. Acordei cedo, lavei e estendi roupa e já estou a trabalhar. Hoje a minha mãe é operada e vai tudo correr bem, porque não pode correr de outra maneira. As segundas feiras costumavam-me dar-me sensação de futuro,  porque, para mim, era realmente o primeiro dia da semana e isso deixa em aberto o potencial de imensas realizações durante os restantes dias.

Ontem apercebi-me - por muitos factos - de como me "desviei da bala" e me salvei. Depois de ter dormido, acho que acordei com essa sensação de alívio e de esperança no futuro. Tenho muito a integrar e estou a fazê-lo, e em paz. Quem bom que é segunda feira, vou fazer esta semana valer a pena.

domingo, novembro 09, 2025

Amigos

Hoje passei uma tarde muito bem passada a qual quererei recordar sempre porque - em conteúdo - foi pivotal para a compreensão da vida que vivi no último ano, e porque - em sentimento - foi muito genuína e saudável. A corda de amizades não acabou, continua a ser tecida.  

Descobri uma "Loja do Chinês" na margem sul que é qualquer coisa. Tenho de voltar lá para investigar melhor. Hoje passei com um objetivo preciso e por isso não me pude demorar, mas assim que puder vai ser estupendo.

sexta-feira, novembro 07, 2025

Luto

Acho que no passado, depois do término de uma relação (não todas), avancei rapidamente para contactos sexuais só para dizer a mim mesmo que tinha superado tudo e poder encerrar o assunto. Penso que isto seja, talvez, relativamente comum entre homens gay. Mas fazer isso nunca foi nem força nem superação nenhuma, foi apenas medo de encarar a dor e a verdade de que estava incomodado e desconfortável; então acho que escolhi calar esses sentimentos, o que simplesmente aumentou um vazio que me fazia mais necessitado de contacto e, por conseguinte, fraco. 

Desta vez estou a seguir um caminho diferente. Simplesmente não estou a negar o meu luto, estou a assumi-lo com toda a sua dor nas ausências, com toda a dor das lembranças, porque não nego o amor que existiu (o amor que existe) e sem sentir este abalo não há cura. O racional diz que a vida seguiu, mas o afeto diz que não. A vida não seguiu nada, a vida está parada e a ferida está aberta, apesar de não estar ignorada. Superar não é apagar o outro, fingir que a ferida não existe. Nesse caso seria a ferida (prolongada) que iria acabar por me controlar - como sempre. 

Assim sendo, quem está no controlo sou eu. Quero sentir isto até ao fim, sem vergonhas, sem afetações. Estou quebrado e pesado, mas a dor vai deixar de ser um peso e vai transformar-se em compreensão e, no seu tempo, em aprendizagem. Não tenho de provar a ninguém que estou bem. Estou mal e não há problema nenhum com isso. Estou em abstinência sexual e emocional e é porque não estou resolvido e não há problema nenhum com isso. Coragem não é avançar e fingir que nada aconteceu, coragem é a honestidade connosco próprios, dizermos que não há pressa. Sabermos e aceitarmos que estamos colapsados é o maior sinal de força no momento. Reconhecer a verdade não assusta e a seu tempo cura - por inteiro - até voltarmos a caber no que normalmente/realmente somos. Pela primeira vez sei que estou num bom caminho, porque não me importo de sentir o luto e isso faz-me estar comigo, apenas comigo. 

O caos reduz

A minha mãe já  tem operação marcada para esta segunda feira. É uma fatia importante do caos que se resolve.

Dança

Dançar sempre foi muito importante para mim. Era pequeno e já gostava de ver a música sair pelo meu corpo em forma de movimento - é uma lembrança feliz. Talvez por isso tenha decido ter lições de dança/movimento contemporâneo, nesta altura em que estava/estou a precisar de algo que me conecte a um estado de espírito positivo. Hoje tive a primeira aula. Quando saí de lá, a voltar para casa de mota, estava feliz.  O ar frio na cara, o corpo dorido e um sorriso. 

quarta-feira, novembro 05, 2025

Tempos confusos

Talvez nunca esqueça este Outubro de 2025. 

Uma vez vi um filme chamado "A tempestade perfeita" protagonizado pelo George Clooney, uma dramatização de um acontecimento real que levou ao desaparecimento de uma embarcação de pesca. Três tempestades juntaram-se dando origem à tempestade perfeita. 

Nesse agosto de 2000, poucos dias depois de ver o filme, chegava à minha vida - também - a tempestade perfeita . Nunca senti um nível de dor e de impotência tão grande. Aqueles acontecimentos traumatizaram-me profundamente ao ponto de nunca mais conseguir cantar uma canção que estava sempre a cantar naquela altura, como se isso me fosse trazer um enorme azar. É estupido. Mas o cérebro não quer saber da racionalidade das coisas a maioria das vezes. Lembro-me que esse evento de 2000 levou uma grande parte da minha ingenuidade, da minha alegria; tornei-me obcecado pelo controlo de tudo o que interagia comigo. 

Foram precisos alguns anos, para que eu voltasse ao normal, desgastando amizades e a vida familiar com a minha obsessão e desconfiança permanentes. Em 2006, outro evento difícil de integrar, leva-me ao ponto mais baixo da minha saúde mental. No processo de reabilitação fiz acordos comigo, coisas que nunca poderia esquecer e das quais tinha de tratar em nome próprio. Comecei - por fim - a ser verdadeiramente feliz. Fiz boas escolhas e essa felicidade durou 8 anos. Foram tempos em que estive presente e centrado.

Algures em 2014 mudei radicalmente de hábitos. Eram os tempos de novidade que se viviam e embarquei nessa onda, por curiosidade. Porque não? Pensei. Se os outros conseguem eu também consigo. A curiosidade não matou o gato, mas desorganizou o gato, que se viu em extremos onde 6 meses antes não se imaginava. 

Quis voltar à minha tribo e aos meus códigos, mas algo correu mal. É quase como se as trilhas de cheiro se tivessem misturado e o caminho estava dúbio. Não encontrei a minha tribo. Apesar de achar que estava viver nela e dentro das minhas convicções. Mas estava agora num meio novo, outra geração, outro tipo de gente e a viver de acordo com eles, mas sem dominar o que estava a acontecer. Estava a construir a vida privada com uma pessoa, sem saber exatamente e que estava a fazer, acreditando que ainda era o que sempre tinha sido, a criar justificações para este "erro de casting" e os que se seguiram. É quase como se existisse a realidade e uma realidade fantasma a perpassa-la, onde eu me movia realmente.

Por força do destino, esta realidade nublada encontrou-se com a realidade real. Há pessoas que nos tocam de uma maneira em que tudo é espelho. Nesse espelho vi muitas coisas, umas mais rápido, umas mais lento e começou a partir-se essa camada de "ser" agarrada à alma antiga, o ser que final não era. A névoa dissipou-se, mas não sem dores, não sem custos irrecuperáveis. O amor tem destas coisas, o amor da nossa vida pode não ter vindo para ficar. Não deixa de ser o amor da nossa vida, deixa de ser o amor para nossa vida.

Há uns meses atrás citei aqui "A vida não começa aos 30 ou depois dos 40. Ela realmente começa quando você deixa de ser besta" e ainda "Imagina ler um livro em que nunca podes voltar à página de trás. Com que atenção lerias esse livro? Assim é a vida". E de repente aos 51, tive a certeza de que posso redefinir o momento em que passo a estar presente e consciente de novo. 

A consciência é um estado tramado porque não só o desejável fica claro como cristal, como o não desejável também se evidencia, na luz nada se esconde, todas as imperfeições (das maiores às mais pequenas) estão ali visíveis. Renascer de uma morte pode ser das ironias mais cruéis que existem, mas acontece e não se está treinado para isso, para as ironias da existência, para a crueldade das assincronias. Eu pelo menos não estou preparado.

Os últimos três meses e meio foram dos meses mais tristes, mais incríveis, mais desafiantes, mais belos, mais desgastantes, mais produtivos, mais melancólicos, mais esperançados que já tive emocionalmente. Tudo ficou - de repente - tão claro que me sinto confuso, o meu cérebro não se habitua. Tenho tentado treinar o cérebro e não consigo. 

Poderia ter o consolo de saber que a paz vem quando tiramos da nossa mente o que não conseguimos controlar, mas a mente é ardilosa. As opiniões das outras pessoas, as noticias, o passado, é fácil. Mas a realidade é que não estou em paz. Estou muito triste. E neste processo de luto, o presente recusa-se a ficar passado, ou melhor dito, o passado é ainda presente e não sei quanto deste passado será ainda futuro. 

Os passados são tramados. Adoecem o presente. Quando a mente não consegue distinguir o que é o quê. O passado envenena o presente, e o ego reage com todos os seus medos, pânicos, inseguranças e sistemas de preservação e ataque. Dois egos em luta e lá, bem no fundo, já esquecidas pelo outro e pelo próprio, a verdadeira essência de cada um em ausência de relação, em amor solitário, em sofrimento, quando nada tinha de ser assim. E não há volta porque o ego precisa de um enredo onde é vítima injustiçada e incompreendida. Este sofrimento do ego dá um sentimento de identidade. E já nenhum se lembra que o amor não é sofrido. Que isto é tudo uma outra coisa. Nenhum fica a ser o que realmente é, e que não voltará a ser com o outro, não aqui neste tempo presente. É deste relento, que morre a conexão. Não o sentimento.

Então são tempos muito confusos. A única coisa que se procura são lugares seguros, e a única coisa segura são os amigos, os amigos que sabem tudo de nós, que ouvem tudo de nós, que nos falam qualquer coisa sem medo, mas sempre com amor. De um lugar de amor que não está sofrido, que não faz a crítica ser ataque, que não faz a análise ser julgamento. Amor simplesmente. 

Mas estes tempos são confusos. No final de outubro deste ano de 2025 tive a minha nova "tempestade perfeita". A morte de uma relação (pela qual estou profundamente grato), a doença/sofrimento da mãe, a minha própria doença de novo a atacar. Não obstante, esta última relação tirou o véu que me cobria a realidade fazia tanto tempo. Estou aqui sem fantasia, sem justificações. O que é, é. O caos existe neste momento, mas o caos é apenas uma soma de coisas amalgamadas numa bola grande e assustadora. Se o cortarmos às fatias e se resolver uma coisa de cada vez, ele deixa de ser caos. 

Em tempos confusos há que praticar a arte da paciência (na qual não sou particularmente dotado) e acreditar que na desordem global, sempre se criarão polos de ordem local. As leis da relatividade também se aplicam aos indivíduos, a nossa visão deve estar ciente disso. E é tudo.  

Amigos

As minhas amizades variam entre 3 e 37 anos. Tem havido um movimento bastante bonito de apoio pela passagem da "tempestade" não prevista. Isso é bom de sentir.

terça-feira, novembro 04, 2025

Meter as pilhas

A minha mãe telefona-me a chorar porque já não aguenta tanta dor e a operação foi marcada para o fim do mês. Quando a campeã do sofrimento em silêncio se encontra neste estado, eu entro em desespero. Queria metê-la no meu colo e dizer que vai tudo correr bem, porque vai, mas metê-la no meu colo ir fazer-lhe dor também. Queria protegê-la disto, como ela me protegeu a vida toda, ser o "pai" agora.  Não sou pai, sou o filho, e sou adulto. É o que basta. Estou a meter as pilhas e tentar resolver os problemas, este e os outros que foram caindo este mês (os grandes e os pequenos), estou no olho do furacão. Mas que digo a mim mesmo, para me manter firme? Problemas reais têm as pessoas em Gaza. Aqui, na vida que tenho, o caos deixa de ser caos quando se resolve um problema de cada vez. Há que ter paciência. Há que continuar, foi por isso que há 10 anos tatuei a minha perna "má" com o Wawa Aba. Mas o que está ali sempre, com o tempo acabamos por tomar por certo e adquirido. Esbate-se. 

Olhei para esse símbolo de novo. Vou resolver uma coisa de cada vez, com perseverança, uma por uma. Ninguém me prometeu o paraíso quando cheguei à idade adulta. O mundo é um lugar imprevisível onde tudo pode acontecer e há que estar à altura. Temos sempre os nossos lugares seguros, onde podemos ser vulneráveis e expirar e (porque não) até chorar. E depois começar tudo de novo no dia a seguir. Porque estamos vivos. Tudo só acontece a quem vive, o mau, mas também o bom.

segunda-feira, novembro 03, 2025

Bugonia

Yorgos Lanthimos tem tanto de genial como de louco e neste último filme não consigo bem decidir de que lado ele estava quando o realizou. Emma Stone começa a entrar na categoria das minhas atrizes fetiche porque ela é efetivamente de uma versatilidade enorme. Ainda bem que se tornou a musa deste realizador que a leva ao limite da arte da representação. 

De novo o filme: ele brinca com o "envenenamento" que a Internet nos provoca. Apesar de ser uma comédia é profundamente perturbador e negro. O filme é desagradável de ver, pela loucura do argumento e dos personagens, mesmo pelo modo como é filmado, mas é intrigante de uma maneira quase suja.  E somos tomados pelos juízos de valor, para no final sermos nós julgados e ridicularizados pelo realizador com o término da história.

Ontem pensei que não tinha gostado muito. Hoje, depois de ter literalmente dormido sobre o assunto, achei muito bom. Pela irreverência e pelo ridículo a que fui submetido (muito inteligente).

17/20

As Horas

Laura Brown.

Estrelícia

Tenho uma planta nova - gigante. Sempre quis ter na sala uma estrelícia gigante, era isso ou uma bananeira. Realizou-se o sonho por acaso.

Metáforas

Quando se vai para reabilitação por motivos de adição, há uma dor física e psicológica por via da abstinência da substância viciante. O que dizer ao meu cérebro ou será ao meu corpo ou será aos dois?

sábado, novembro 01, 2025

Casa

O mais ensurdecedor de todos os silêncios.

Onde há amor...

Cuidar da minha mãe é terapêutico. 
Onde há amor ninguém se lembra de desamor.

sexta-feira, outubro 31, 2025

Casulo

Quando há privação de estímulo (não ativação dos sentidos) nada entra e nada sai. 

Novo

Inscrevi-me numa escola de dança. Antes de ser operado à coluna tinha feito danças de salão (7 anos), hip hop (2 anos) e estava a fazer dança contemporânea/expressão corporal quando fiquei incapacitado. Foi há 10 anos. 

Fiquei forte de novo e 'Ela' disse-me que eu sou da fala, da expressão. Pareceu mais que certo. Vamos ver como corre a experiência. O que consigo fazer com este corpo de hoje. 

PhD

Depois de na semana passada me ter sentido mal com as observações analíticas que recebi em Historiografia, bem duras, esta semana recebi boas críticas e a professora disse que este ensaio não tinha nada a ver com o outro. "Está muito bom, fiquei a saber que você ouve". Nem sabe ela a importância simbólica do que me disse.

Terapeuta Nº4

A mudança de terapeuta foi uma coisa que aconteceu como uma necessidade de ser agradável, não por vontade individual, não obstante estou muito feliz por ter chegado a ela. Diz poucas coisas, mas muito acertadas (acho eu) e escava. Eu nem percebo que ela está a escavar, mas quando faz um sentido daquilo que eu estive a dizer, eu percebo que escavou. Em 4 sessões cheguei a conclusões que, parece incrível nunca as ter tido. É quase como respirar, que é um ato involuntário mas que também pode ser voluntário. 

Ela disse que estava cá para me ajudar a descobrir e eu estou a dar-lhe todo o material possível, porque estou muito interessado na descoberta. A raiz está a nutrir a planta de novo.

quinta-feira, outubro 30, 2025

Estranheza

O meu PT disse que o cérebro e a parte do corpo mais fácil de treinar. Não sei porquê, mas não consigo acreditar muito nele. 

Depois da caçada

Estava muito curioso por ver o retorno da Julia Roberts aos filmes e foi estranho. É bom vê-la fazer um papel em que ela não parece ela, mas ao mesmo tempo há sempre uma vontade de rever o estilo a que nos habituou. O filme fala de uma acusação de abuso sexual numa instituição do ensino superior e do que envolve as dinâmicas de poder e desejo de ascensão, dentro da mesma. O realizador consegue manter-nos durante quase todo o filme com uma dúvida que parece que nunca vai ser satisfeita até que é (ou talvez não). Há aqui neste filem, talvez, um tender para a tendência de mostrar cruamente os tempos cínicos em que vivemos. Não sei se gostei muito, precisei de tempo para pensar. Acho que não gosto de coisas assim tão reais e veladas.

13/20

quarta-feira, outubro 29, 2025

Hoje

Hoje gastei o euro mais parvo da minha vida. Mas deu para rir um bom bocado e agora devo frequentar eventos públicos de história e literatura (riso número 2). 

Winston Churchill knows best

«Quanto a mim, sou um otimista - não me parece muito útil ser outra coisa».

Safe Spot

O Blogue do Silvestre é o meu "safe spot". Estive a ler o que o (Ex)Namorado escreveu no blogue dele e sim, concordo muito. Este diário é uma terapia em si mesmo. 

terça-feira, outubro 28, 2025

Além da chuva

Nunca pensei que uma ida ao Pingo Doce pudesse ser tão triste. Mas numa nota positiva, cozinhei as melhores marmitas da semana de sempre, aquele frango está delicioso.

Já me esquecia de deixar nota

O novo álbum da Lily Allen é verdadeiramente estupendo. Senti uma espécie de sensação idêntica a quando ouvi o novo da Lorde, musicalmente falando. Mas West End Girl é além de tudo mordaz. A Lily sempre foi boa por fazer letras mordazes.

Instagram

Sempre achei lindo no Instagram o poder olhar para a linha do tempo em eventos fotográficos, não é como aqui no blogue em que falamos de um sorriso de uma experiência estética, lá temos a imagem desse sorriso e dessa experiência. 

O que acrescentei na minha nova filosofia de Instagram (em que foto e texto formam o mesmo veículo) foi poder também relembrar - nesses textos ou legendas - momentos de súbita clareza ou compreensão profunda sobre situações, sobre existência - seja através de palavras originais ou citações das palavras de outra pessoa.  

Hoje reli num post que fiz sobre igrejas gregas:

"Quem acredita entrega-se à fé. E nesse caminho nenhum inimigo o derrota. Porque mesmo que as adversidades alterem a sua rota, só se perde quem desiste da sua fé. As sementes do medo estão no nosso íntimo e não na mão que nos ameaça." (JLN Martins)

Tal como Heráclito de Éfeso dizia que "ninguém entra duas vezes no mesmo rio", hoje também não li a mesma frase. 

Everything I wanted



Everything I wanted - Billie Eilish

segunda-feira, outubro 27, 2025

Relatividade

Os colegas são amigos? O que é um colega na realidade? Qual a dimensão social e emocional desta figura no local de trabalho? Ontem, tive duas notícias muito más que me afetaram do ponto de vista emocional e vieram juntar-se ao stress acumulado de não poder ajudar a minha mãe numa situação de saúde que a deixa em muita dor. O meu stress emocional disparou ao ponto de hoje eu estar à beira de uma crise grave. Eu comecei a falar com ele sobre uma das notícias de ontem ao ponto de me ter transtornado (como não fazia há 13 anos) e ele acalmou-me como se fosse meu irmão ou um amigo de sempre. Acabei por lhe dizer que sou neurodivergente e ele foi muito empático. Não me vou esquecer nunca deste dia. 

domingo, outubro 26, 2025

Crescer

Não são as apenas as orelhas e o nariz que não deixam de crescer até ao dia da nossa morte. A nossa consciência vai continuar a expandir e nem sempre sem dores. As dores de crescimento não são apenas na adolescência, as dores de crescimento podem ser eternas. 

Ontem de noite fui correr

Ontem de noite fui correr, ou fazer jogging melhor dito. Já não o fazia há muito tempo e soube-me muito bem. O meu coração aguentou os 30 minutos sem cansaço nenhum (bem diferente do que se passou da última vez antes da operação). Estava a chover uma chuva miúda. Tive de ter algum cuidado para não cair, mas foi tudo em bom. 

A noite, haver pouca gente na rua, a minha música nos ouvidos, deixa-me ter momentos muito bons de paz e até de reflexão, de clareza. Vim para casa com o corpo moído, comi um gelado de iogurte, e estou ansioso para repetir. Quero ver se organizo a minha rotina ara fazer isto 2/3 vezes por semana. Também quero voltar a ir mais ao cinema e voltar às minhas tabelas de Excel para não me esquecer das coisas que tenho para fazer (seja contactar comum amigo, costurar roupa, remendar um casaco, limpar debaixo dos sofás). 

O jogging acalma, motiva e faz bem à saúde.

sábado, outubro 25, 2025

Paz

Quando alguem faz anos desejo paz.  A paz é muito subvalorizada. Tenho tido uma grande ausência de paz e isso transtorna todas as dimensoes da vida. Só  quero descansar, que me deixem sossegado, na permissão de poder existir como sou em mim.

sexta-feira, outubro 24, 2025

All I know


You gotta be - Des'ree


Remember: Listen as your day unfolds
Challenge what the future holds
Try and keep your head up to the sky
Lovers, they may cause you tears
Go ahead, release your fears
My, oh my
You gotta be bad
You gotta be bold
You gotta be wiser
You gotta be hard
You gotta be tough
You gotta be stronger
You gotta be cool
You gotta be calm
You gotta stay together
All I know, all I know
Love will save the day.

Amigos

Não sei porquê, se é normal, mas acabo sempre por negligenciar os meus amigos durante as relações amorosas que mantenho, apesar disso só ser verdadeiro desde que namoro pessoas muito mais novas que eu e, de alguma forma, tento acomodar-me e/ou adaptar-me a essa maneira diferente de ver as coisas. O que é certo é que nos últimos 3 meses tenho estado mais atento aos amigos. E tem sido bom. Também percebo que esta coisa da amizade é bem mais fluida na malta até aos 35 e muito condicional. Também é mercantilizável como quase tudo agora. É bom saber que tenho referências que nunca vão embora e que embora a gente evolua a nossa espinha dorsal mantém-se. Os amigos estão ali para nos lembrar disso. 

quinta-feira, outubro 23, 2025

Melhor que sexo

Nesta altura do campeonato só quero dormir 12h de seguida.

quarta-feira, outubro 22, 2025

Malabarismo

Tenho de levar a minha mãe ao médico. Este fim de semana serão mais maratonas entre a margem sul e a margem norte. Tenho de continuar a fazer os trabalhos do Phd, que logo na primeira semana foram bastantes. Tenho de acabar tudo no meu trabalho atual e passar as pastas (muitas delas incompletas, sem que eu tenha o poder de as completar) antes de começar o novo desafio profissional e ainda tenho de tratar do "coiso". O "coiso" está a ser uma desgraceira e ainda tenho de arranjar tempo para a terapia x2.

O meu gato anda carente e os meus amigos a solicitarem-me a presença, mas está a ser complicado (e quando tudo o que eles querem é oferecer e não receber um abraço). Cada vez mais acho que os Fleetwood Mac são uma banda do caraças. Para além de a canção 'Dreams' se ter tornado uma constante nos meus lábios, outras há que se aplicam a cada momentito das nossas vidas. 

É importante ter em conta que isto é um desabafo e que desabafar não é sentir-se uma vítima. Não sou vítima de nada, de ninguém, sou responsável pelos meus atos e os meus problemas são de homem branco do primeiro mundo. Quem tem problemas a sério são os palestinianos em Gaza. Eu sou apenas um gajo assoberbado a ver a vida desfolhar à sua frente de formas que não previa, só isso. Chama-se ventilação. Para que não haja um fogo, ventila-se. Aí sim seria complexo, um fogo. Agora os Fleetwood Mac.

 

Landslide - Fleetwood Mac

terça-feira, outubro 21, 2025

Sou uma pessoa horrorosa

No meu trabalho do doutoramento já recorri à IA. Gostaria que não fosse assim, mas a ando com a vida virada do avesso e muito gostaria de ter espaço mental para tal. Não tenho. Melhores dias virão.

Serenidade

  Feel So different - Sinead O'Connor 

God grant me the serenity
to accept the things I cannot change
courage to change the things I can
and the wisdom to know the difference.

Why do I?

 É a última vez. Por isso é com tudo. I'll make it count. 

segunda-feira, outubro 20, 2025

A Madonna escreveu para a mãe // eu dedico ao meu pai



Inside of me - Madonna


I can't stop thinking of you
The things we used to do
The secrets we once shared
I'll always find them there
In my memories

But this heartache isn't going anywhere
In the public eye I act like I don't care
When there's no one watching me
I'm crying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love, inside of me

I keep a picture of you
Next to my bed at night
And when I wake up scared
I know I'll find you there
Watching over me

When my world seems to crumble all around
And foolish people try to bring me down
I just think of your smiling face
And I'm flying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love, inside of me

You'll always be inside of my heart
Inside of me

When my world seems to crumble all around
And foolish people try to bring me down
I just think of your smiling face
And I'm flying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love still carries on
I will always feel you
You'll always be inside of my heart
I'll always have you inside of me
I will always have you (dad)

Sinto a minha cabeça

 Sinto a minha cabeça como se ela fosse Gaza e Israel tivesse feito o que fez durante este tempo todo.

Como uma criança

Há pessoas que quando não foram amadas em criança e têm esse vazio desocupado, mas tapado pelo acontecer da vida, quando amam muito, esperam (como uma criança essa que persiste) a reposição desse amor que tanto mereciam, de alguém que finalmente as vê e às suas necessidades. Mas o que o outro vê é um adulto (homem ou mulher) e que não vai amar a criança, mas sim o adulto que tem diante de si, com as particularidades do amor adulto, que nem sempre é maduro, mas é adulto. Esse amor vem para ser igual entre os dois e por sorte, pode preencher parte do vazio existencial da criança que nunca foi amada. Mas é outra época, outra pessoa, outro amor, e não obstante esse adulto receptor (como uma criança), fica frustrado quando esse amor não vem exatamente como ele quer e precisa, porque as crianças gostam de ser adivinhadas nas suas necessidades. Se não são adivinhadas, porque não têm a capacidade de explicar o que realmente sentem fazem "birras" exigindo esse amor que para elas é tão claro e que os outros não vêem. Isso complica muito a orientação da pessoa que quer oferecer amor porque umas vezes está a amar o adulto (homem ou mulher) e outras vezes a criança. É confuso, e nunca sabe bem o que está a fazer. Podendo errar milhentas. A coerência é impossível nestas condições porque o objeto do sei amor é rotativo em si. 

domingo, outubro 19, 2025

Dançar

Dançar lembra-me sempre como é bom estar vivo e a felicidade da situação. Não exige ninguém, exige música que goste e me faça feliz e depois fones para não incomodar a vizinhança e o gato. O canto, a música e a alegria lembram-me sempre que sou demasiado alto para me sentir em baixo. Por cada ninharia de merda que a vida nos impõe devíamos olhar sim para o bom que resta e que é sempre bem maior. E agora um cinema vinha bem a calhar para acabar a noite que começou na cozinha (em cuecas) a dançar como se não existisse amanhã. Porque estou vivo e a vida presta. 

Going, going, gone.

Out of my mind. 

sexta-feira, outubro 17, 2025

Atração

É inevitável, mas há pessoas que se atraem, porque a matéria sólida e etérea de cada um se conhece e revê. A natureza é muito mais simples no seus processos naturais e físicos do que o próprio do "humano". O ego gosta de chegar e estragar tudo com a sua necessidade absoluta de defesa. 

...

 (suspiro)

Primeiro dia

Primeiro dia de aulas. Novo ambiente, pessoas simpáticas, perdi as chaves da mota, tive de voltar de boleia com um colega. Amanhã é uma incerteza. 

Hoje caiu-me a ficha de uma perda muito grande e estou a tentar praticar a 'aceitação radical', mas não está fácil. Reconhecer que a realidade, mesmo que dolorosa, não pode ser mudada e que a recusa em aceitá-la só aumenta o meu sofrimento é agora uma luta entre o racional e o irracional.

quinta-feira, outubro 16, 2025

De longe

De longe é isto. Só consigo sentir amor e desejar bem. Só consigo desejar que a paz esteja sempre presente e a sensação de calor e casa aconteça, no local onde queres estar. 

quarta-feira, outubro 15, 2025

Cebola

 Hoje a cebola descasca-se.

Polissemia

Polissémico é um termo usado para descrever uma palavra ou expressão que tem mais de um significado, e o seu sentido é determinado pelo contexto em que é utilizada. O contexto é fundamental porque o significado de uma palavra/ frase polissémica é descoberto com base no contexto em que é usada. A polissemia é um desafio.

Exposição / Aprendizagem

Aprendi muito neste último ano sobre exposição, por um lado, a exposição física que era comum na minha rede social de eleição (o Instagram) e, por outro, a exposição de sentimentos em locais públicos como este blogue. A questão do Instagram, foi resolvida abandonando o perfil com milhares de seguidores e passando para um perfil com uma centena de seguidores, que são amigos do presente, do passado e/ou pessoas que me inspiram positivamente. A questão do blogue foi mais complexa, porque este blogue era uma espécie de diário para mim - continua a ser um "travel log" - e de algum tempo a esta parte tornou-se mais seletivo, fundamentalmente porque sou conhecido de alguns leitores. A solução é que arranjei mesmo um diário old school, em papel, onde escrevo o que de mais visceral me acontece, os sentimentos mais viscerais. O privado deve ficar privado. Não quer dizer que sendo isto um "travel log" (onde venho e olho para o passado), que não tenha informação relevante, escrita de forma que apenas eu percebo a que se refere. Porque estou a escrever este post hoje? Porque que me quero lembrar dos efeitos da exposição para sempre. 

terça-feira, outubro 14, 2025

Terapias

A terapia humanista existencial é uma abordagem psicológica que foca no autoconhecimento, na liberdade e na responsabilidade do indivíduo, considerando a pessoa como um todo e o seu processo de busca por significado. O terapeuta atua como um facilitador, criando um espaço seguro para que o paciente explore as suas experiências, emoções e desafios existenciais, como a ansiedade, a solidão e a mortalidade. O objetivo é promover a autorrealização através da aceitação de si mesmo e da tomada de decisões mais conscientes e autênticas.

A terapia histórico-cultural é uma abordagem psicológica que foca na ideia de que a subjetividade e o desenvolvimento humano são moldados pela interação dialética entre o indivíduo e o seu contexto histórico, social e cultural. A terapia utiliza a linguagem como principal ferramenta mediadora e o diálogo entre terapeuta e paciente para construir novos sentidos, expandir a consciência e aumentar a autonomia do indivíduo, não se limitando a aliviar sintomas.

Autárquicas 2025

O pesadelo de ver Lisboa em pedaços segue. Não consigo mesmo compreender como alguém que vive em Lisboa possa votar no Carlos Moedas para um segundo mandato quando estes 4 anos viram a cidade degradar-se a olhos vistos.

O resto é Portugal a ser Portugal, "um povo que não se governa nem se deixa governar" (nas palavras de Júlio César) - o que mostra como somos um exemplo de consistência desde o tempo dos romanos.

segunda-feira, outubro 13, 2025

Nossa

 Hoje é dia de Nossa Senhora de Fátima.

Cadáver esquisito

Quebrar brutalmente é porque temos uma direção de partida, que é muito, constantemente inteiro. Sei domar. Não percebo mas estou. Felizmente o querem muito bem quem. De sofrer me sinto ranger no ponto de quando se bebe um xarope. Sinto que do universo, desta vez é isso mesmo. Às vezes, nos cura, mas com vontade como merda - e até faz crescer. Está curiosamente cansado a fazer-me dentes e do meu lado sou na correta - mas que quando os azedo .

Direta

Hoje não dormi. Dormitei talvez, não sei.

sábado, outubro 11, 2025

The conjuring 4: Extrema-unção

Nunca tinha visto nenhum dos filmes da série e achei engraçado. Talvez tenha sido um pouco omisso, uma vez que se trata de encerrar a franquia e foi pouco específico.

Esperava mais contextualização, por exemplo, o tipo de demónio, o porquê daquelas orações e não outras, não sei. Acho também que o filme faz um certo branqueamento da vida de Ed e Lorraine Warren, mas para fãs acho que foi bom. 

Para mim deu para entreter e depois acho que se torna esquecível. Daqui a 3 meses nem me lembro que vi. A caracterização dos anos 80 estava muito boa, isso sim. 


13/20