terça-feira, outubro 21, 2025

Sou uma pessoa horrorosa

No meu trabalho do doutoramento já recorri à IA. Gostaria que não fosse assim, mas a ando com a vida virada do avesso e muito gostaria de ter espaço mental para tal. Não tenho. Melhores dias virão.

Serenidade

  Feel So different - Sinead O'Connor 

God grant me the serenity
to accept the things I cannot change
courage to change the things I can
and the wisdom to know the difference.

Why do I?

 É a última vez. Por isso é com tudo. I'll make it count. 

segunda-feira, outubro 20, 2025

A Madonna escreveu para a mãe // eu dedico ao meu pai



Inside of me - Madonna


I can't stop thinking of you
The things we used to do
The secrets we once shared
I'll always find them there
In my memories

But this heartache isn't going anywhere
In the public eye I act like I don't care
When there's no one watching me
I'm crying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love, inside of me

I keep a picture of you
Next to my bed at night
And when I wake up scared
I know I'll find you there
Watching over me

When my world seems to crumble all around
And foolish people try to bring me down
I just think of your smiling face
And I'm flying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love, inside of me

You'll always be inside of my heart
Inside of me

When my world seems to crumble all around
And foolish people try to bring me down
I just think of your smiling face
And I'm flying

I will always have you, inside of me
Even though you're gone
Love still carries on
Love still carries on
I will always feel you
You'll always be inside of my heart
I'll always have you inside of me
I will always have you (dad)

Sinto a minha cabeça

 Sinto a minha cabeça como se ela fosse Gaza e Israel tivesse feito o que fez durante este tempo todo.

Como uma criança

Há pessoas que quando não foram amadas em criança e têm esse vazio desocupado, mas tapado pelo acontecer da vida, quando amam muito, esperam (como uma criança essa que persiste) a reposição desse amor que tanto mereciam, de alguém que finalmente as vê e às suas necessidades. Mas o que o outro vê é um adulto (homem ou mulher) e que não vai amar a criança, mas sim o adulto que tem diante de si, com as particularidades do amor adulto, que nem sempre é maduro, mas é adulto. Esse amor vem para ser igual entre os dois e por sorte, pode preencher parte do vazio existencial da criança que nunca foi amada. Mas é outra época, outra pessoa, outro amor, e não obstante esse adulto receptor (como uma criança), fica frustrado quando esse amor não vem exatamente como ele quer e precisa, porque as crianças gostam de ser adivinhadas nas suas necessidades. Se não são adivinhadas, porque não têm a capacidade de explicar o que realmente sentem fazem "birras" exigindo esse amor que para elas é tão claro e que os outros não vêem. Isso complica muito a orientação da pessoa que quer oferecer amor porque umas vezes está a amar o adulto (homem ou mulher) e outras vezes a criança. É confuso, e nunca sabe bem o que está a fazer. Podendo errar milhentas. A coerência é impossível nestas condições porque o objeto do sei amor é rotativo em si. 

domingo, outubro 19, 2025

Dançar

Dançar lembra-me sempre como é bom estar vivo e a felicidade da situação. Não exige ninguém, exige música que goste e me faça feliz e depois fones para não incomodar a vizinhança e o gato. O canto, a música e a alegria lembram-me sempre que sou demasiado alto para me sentir em baixo. Por cada ninharia de merda que a vida nos impõe devíamos olhar sim para o bom que resta e que é sempre bem maior. E agora um cinema vinha bem a calhar para acabar a noite que começou na cozinha (em cuecas) a dançar como se não existisse amanhã. Porque estou vivo e a vida presta. 

Going, going, gone.

Out of my mind. 

sexta-feira, outubro 17, 2025

Atração

É inevitável, mas há pessoas que se atraem, porque a matéria sólida e etérea de cada um se conhece e revê. A natureza é muito mais simples no seus processos naturais e físicos do que o próprio do "humano". O ego gosta de chegar e estragar tudo com a sua necessidade absoluta de defesa. 

...

 (suspiro)

Primeiro dia

Primeiro dia de aulas. Novo ambiente, pessoas simpáticas, perdi as chaves da mota, tive de voltar de boleia com um colega. Amanhã é uma incerteza. 

Hoje caiu-me a ficha de uma perda muito grande e estou a tentar praticar a 'aceitação radical', mas não está fácil. Reconhecer que a realidade, mesmo que dolorosa, não pode ser mudada e que a recusa em aceitá-la só aumenta o meu sofrimento é agora uma luta entre o racional e o irracional.

quinta-feira, outubro 16, 2025

De longe

De longe é isto. Só consigo sentir amor e desejar bem. Só consigo desejar que a paz esteja sempre presente e a sensação de calor e casa aconteça, no local onde queres estar. 

quarta-feira, outubro 15, 2025

Cebola

 Hoje a cebola descasca-se.

Polissemia

Polissémico é um termo usado para descrever uma palavra ou expressão que tem mais de um significado, e o seu sentido é determinado pelo contexto em que é utilizada. O contexto é fundamental porque o significado de uma palavra/ frase polissémica é descoberto com base no contexto em que é usada. A polissemia é um desafio.

Exposição / Aprendizagem

Aprendi muito neste último ano sobre exposição, por um lado, a exposição física que era comum na minha rede social de eleição (o Instagram) e, por outro, a exposição de sentimentos em locais públicos como este blogue. A questão do Instagram, foi resolvida abandonando o perfil com milhares de seguidores e passando para um perfil com uma centena de seguidores, que são amigos do presente, do passado e/ou pessoas que me inspiram positivamente. A questão do blogue foi mais complexa, porque este blogue era uma espécie de diário para mim - continua a ser um "travel log" - e de algum tempo a esta parte tornou-se mais seletivo, fundamentalmente porque sou conhecido de alguns leitores. A solução é que arranjei mesmo um diário old school, em papel, onde escrevo o que de mais visceral me acontece, os sentimentos mais viscerais. O privado deve ficar privado. Não quer dizer que sendo isto um "travel log" (onde venho e olho para o passado), que não tenha informação relevante, escrita de forma que apenas eu percebo a que se refere. Porque estou a escrever este post hoje? Porque que me quero lembrar dos efeitos da exposição para sempre. 

terça-feira, outubro 14, 2025

Terapias

A terapia humanista existencial é uma abordagem psicológica que foca no autoconhecimento, na liberdade e na responsabilidade do indivíduo, considerando a pessoa como um todo e o seu processo de busca por significado. O terapeuta atua como um facilitador, criando um espaço seguro para que o paciente explore as suas experiências, emoções e desafios existenciais, como a ansiedade, a solidão e a mortalidade. O objetivo é promover a autorrealização através da aceitação de si mesmo e da tomada de decisões mais conscientes e autênticas.

A terapia histórico-cultural é uma abordagem psicológica que foca na ideia de que a subjetividade e o desenvolvimento humano são moldados pela interação dialética entre o indivíduo e o seu contexto histórico, social e cultural. A terapia utiliza a linguagem como principal ferramenta mediadora e o diálogo entre terapeuta e paciente para construir novos sentidos, expandir a consciência e aumentar a autonomia do indivíduo, não se limitando a aliviar sintomas.

Autárquicas 2025

O pesadelo de ver Lisboa em pedaços segue. Não consigo mesmo compreender como alguém que vive em Lisboa possa votar no Carlos Moedas para um segundo mandato quando estes 4 anos viram a cidade degradar-se a olhos vistos.

O resto é Portugal a ser Portugal, "um povo que não se governa nem se deixa governar" (nas palavras de Júlio César) - o que mostra como somos um exemplo de consistência desde o tempo dos romanos.

segunda-feira, outubro 13, 2025

Nossa

 Hoje é dia de Nossa Senhora de Fátima.

Cadáver esquisito

Quebrar brutalmente é porque temos uma direção de partida, que é muito, constantemente inteiro. Sei domar. Não percebo mas estou. Felizmente o querem muito bem quem. De sofrer me sinto ranger no ponto de quando se bebe um xarope. Sinto que do universo, desta vez é isso mesmo. Às vezes, nos cura, mas com vontade como merda - e até faz crescer. Está curiosamente cansado a fazer-me dentes e do meu lado sou na correta - mas que quando os azedo .

Direta

Hoje não dormi. Dormitei talvez, não sei.

sábado, outubro 11, 2025

The conjuring 4: Extrema-unção

Nunca tinha visto nenhum dos filmes da série e achei engraçado. Talvez tenha sido um pouco omisso, uma vez que se trata de encerrar a franquia e foi pouco específico.

Esperava mais contextualização, por exemplo, o tipo de demónio, o porquê daquelas orações e não outras, não sei. Acho também que o filme faz um certo branqueamento da vida de Ed e Lorraine Warren, mas para fãs acho que foi bom. 

Para mim deu para entreter e depois acho que se torna esquecível. Daqui a 3 meses nem me lembro que vi. A caracterização dos anos 80 estava muito boa, isso sim. 


13/20

quinta-feira, outubro 09, 2025

Tattoo

Queria tatuar uma versão minimalista do Limão e o B pediu uma ajuda à IA. Ficou engraçado, mas ainda gostaria mais minimal. A foto que escolhi do Limão é uma de quando ele era gordo o que, esperemos, não vai voltar a ser.


Novo trabalho

Dia 1 de novembro, vida nova. O reset fica completo.

Escolhas

Quando sabemos que escolhemos pelas razões certas, desistir não é uma opção. Make it work!

Boas notícias.

Outro dos meus grandes amores, o meu gato, teve as melhores análises dos últimos 4 anos. Está normalíssimo. O mais saudável desde que foi diagnosticado com a doença renal. Portanto é tentar manter as coisas como estão e ver se ele ainda anda cá com qualidade não digo mais 11 anos (a idade dele) mas uns 8 pelo menos. Estou muito feliz pelo Limão.

Estoicismo

A minha mãe é muito estoica. É daquele tempo em que as pessoas ou aguentavam ou aguentavam. Ouvi-la dizer que está com dores é mesmo porque as dores estão ao nível do insuportável. E não poder fazer nada sobre o assunto é pior. Os analgésicos não estão a funcionar e ainda faltam 5 dias para saber se o estrago é grande. Enfim, um teste à paciência. Eu não sou tão estoico como ela.  

quarta-feira, outubro 08, 2025

Esquecimentos

Às vezes esqueço-me de que a minha mãe tem 83 anos. O corpo dela tem fraquejado. Isto de continuar linda e a parecer 15 anos mais nova, é um engano aos olhos. Aqueles ossos têm 83 anos e estão a dizer que idade têm. Esta coisa de andar nos médicos e "fazer piscinas" entre Lisboa e a margem sul para dar apoio à mãe pode ser o novo normal (não sei já já é, mas gostava de a ver ter ainda mais uns 5 anos de vida aventureira e autónoma).

1 ano

Fez este domingo 1 ano, de aprendizagens e de evolução, porque o amor não é só beijinhos.

sexta-feira, outubro 03, 2025

Pensamentos do momento

Estou calmo porque tenho de estar. A minha mente tem de continuar lúcida e a funcionar corretamente se quero tentar meter algum bom senso nisto. A dor é inimiga da lucidez e eu recuso-me a senti-la, já chega de ceder às emoções. Se estou a aprender algo é isto.

Joana Marques absolvida

Felizmente a justiça não é uma brincadeira. Joana Marques absolvida no ridículo processo dos Anjos. O fairplay resolveria com menos gastos de recursos públicos. 

quinta-feira, outubro 02, 2025

O poder

A minha mãe amava o meu pai e amava os filhos. Educou-nos (a mim e ao meu irmão) para nos amarmos. Sempre nos explicou a importância da família nas nossas vidas, do que significava o nosso laço de sangue e da força que ele realmente tinha (mãe/filho, pai/filho, irmão/irmão). A vida e todos os seus desafios podem, por vezes, fazer-nos (fazer-me) perder o foco, mas essa é a fonte primordial de amor - a família. A que nunca será quebrada, a que nunca irá embora (quando esse amor existe lá). Na segunda-feira, no meio de uma conversa, veio-me todo este amor ao pensamento/coração, em toda a sua incondicionalidade. É um poder muito grande. O amor da minha família (mãe, pai e irmão) nunca me deixa ir ao chão, mesmo quando estou perto. 

Disse a Madonna



Why's it so hard - Madonna

What do I have to learn to know what's right for me
What do I have to know?
What am I going to do when I feel righteous
Where do I have to go?
Who should get to say what I believe in
Who should have the right?
What am I going to do with all this anger
Why do I have to fight?
Why's it so hard to love one another.
Bring your love, sing your love
Wear your love, share your love.

quarta-feira, outubro 01, 2025

Disse a Garota Não

Tenho medo destes muros
Pensamentos crus e duros
Sempre prontos a julgar.
E eu já nem sei rir direito
Toda a graça é um parapeito
Calma, foi em paz que vim.
Que venha quem vier por bem
Mas não se trate com desdém
Quem tratou deste lugar.

terça-feira, setembro 30, 2025

As aulas do PhD começam a 13 de Outubro

 Things are getting real.

Conversas

É bom quando uma conversa com alguém não é um muro ou um parapeito, mas uma porta para múltiplas possibilidades. É bom quando as palavras nos trazem boas recordações, quando as nossas partilhas e as partilhas do outro nos fazem lembrar de coisas boas e abrem portas e interrogações de uma maneira fluida e leve. Uma conversa leve, mesmo quando se fala de temas pesados é uma canja de galinha para a alma (como aquele título de um livro antigo). 

sexta-feira, setembro 26, 2025

Aquela sensação estranha

Estou com aquela sensação estranha que se tem no fim de uma maratona, em que parece que nunca mais chegamos à meta. Agora que está tão perto é que parece que tudo fica complicado. Como diria o meu pai "o teu mal é sono!".

quarta-feira, setembro 24, 2025

E de repente...

 Já estou a pensar no Natal.

Tatuagens

Depois de muito pensar no assunto serão 4. E está encerrada a conta até ao fim dos meus dias. A que me está a dar mais entusiasmo é a imagem que me apareceu por último na cabeça e que parecia tão fora de tudo (aparentemente); o significado espiritual desta é afinal muito importante. 

terça-feira, setembro 23, 2025

Quando alguém já disse...

"Há um cansaço da inteligência abstrata, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento e da emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar da alma."

Fernando Pessoa

A feiticeira de Florença - Salman Rushdie

Nunca tinha lido nada do Salman Rushdie e o título do livro atraiu-me. Tem de facto algo de mágico, misturando habilmente realidade histórica e ficção. Este livro casa a cidade de Florença e o império mógol de Akbar I, que atingiu, na mesma época, um apogeu comparável nas artes e no pensamento filosófico. O confronto entre as filosofias europeia e as do hindustão. O livro é tanto divertido, como didático, apresentando realismo e fantasia em doses bem temperadas.  

Enredo: o amigo de infância do célebre Niccolò Machiavelli, Antonino Argalia viveu na Florença renascentista até perder os pais para a peste. Sozinho, decide tentar a sorte em terras distantes, oferecendo seus serviços como mercenário. Peripécias diversas acabam por alçá-lo à frente das forças otomanas em luta contra o xá da Pérsia, em 1514. Uma vez derrotado o xá, Argalia conhece Qara Köz, ex-amante do soberano e mulher de beleza e poderes mágicos, por quem se apaixona de imediato.A história de Qara Köz, a feiticeira de Florença, é contada ao imperador Akbar, o Grande, por um atrevido forasteiro que atravessa o mundo para comunicar ao soberano mongol que é seu parente direto. Numa intrigante sucessão de aventuras, o misterioso contador de histórias vai revelando os caminhos que conduzem Argalia e sua bela mulher desde Istambul até a Florença dos Medici.

16/20

Quem tem medo dos santos da casa - Sara Duarte Brandão

Esta nova autora escreve de uma maneira muito terna. Há trechos do livro que são absolutamente maravilhosos e poéticos, enquanto formas de entender a vida ou expressão de sabedoria popular ou "sabedoria do corpo", porque o corpo sabe sempre tudo.

O livro narra a história de Maria Teresa, uma mulher de classe alta a crescer numa vila piscatória entre as obrigações familiares da época e a liberdade que encontrava nos livros apresentados pelo seu avô e que nunca mais deixou de ler. Condenada a viver oprimida pela sua condição de mulher, resolve reclamar o seu destino, encontrando a solidão e - muitos anos mais tarde - a redenção na amizade que constitui com uma criança. É uma leitura fluida que se faz  com gosto.

15/20

Deixa-te de Mentiras - Philippe Besson


Li este livro pela razão superficial de não ser longo. E que bem que assim foi. Há bastantes anos atrás escreveram um conto de 10 páginas chamado Brokeback Mountain e foi excelente.  Este livro curiosamente lembra imenso essa história, mas num lugar diferente, num contexto diferente.  No fundo, o livro trata das consequências de se fugir à verdade intrínseca de cada um. Mas o relato é nostálgico e é delicado.

Enredo: Um escritor começa a pensar no seu primeiro amor (quando adolescente) e no que foi o tempo que viveram juntos. A história encontra um fim ao conhecer, 23 anos mais tarde, o filho desse amor.

17/20

segunda-feira, setembro 22, 2025

Uma duas - Eliane Brum


Certo dia, na Livraria da Travessa, disse ao B que achava que este livro seria a cara dele, após ter lido a sinopse. Acabei por lê-lo primeiro que ele e simplesmente achei ótimo. 

O livro fala sobre a dificílima relação entre uma mãe e uma filha. O Goodreads diz:

"Como é tecida a trama de ódio e afeto entre duas mulheres (des)unidas pela carne? Uma duas é um retrato expressionista tão dramático quanto nauseante que foge de clichês e eufemismos que costumam cercar o tema. Dotada de um humanismo visceral, a autora entrelaça os narradores do mesmo modo que o acaso embaralha integrantes de uma família numa teia de subjetividades".

Pois o livro é tudo isto e muito mais. É psicanalítico, é disruptivo, vira os conceitos de amor e ódio  do avesso. Acabei o livro a chorar. Adorei.

19/20

O que te pertence - Garth Greenwell

Talvez eu tenha um problema com livros em que não gosto do personagem principal, neste caso um professor americano que conhece Mitko, um jovem prostituto carismático num zona de cruising e cria uma obsessão. Desejo e angústia é o mote que vem com a busca de intimidade e amor que não chegam. No processo é-nos dada a saber a historia deste professor,  as suas experiências formadoras de amor, a rejeição pela família e amigos e as dificuldades de se crescer como gay nos anos 90.

Podia ter sido mais emocional, ou erótico ou intenso. Falhou em cativar-me. 

13/20

Os abismos - Pilar Quintana


Este segundo romance de Pilar Quintana fala sobre os abismos que vivem na obscuridade do mundo dos adultos relatados através do ponto de vista de uma menina - Cláudia como a sua mãe - que, desde a memória de sua vida familiar, tenta compreender a estranha relação entre seus pais. Das suas observações revela-se a matriz de um mundo feminino preso a um ciclo vicioso de que não pode ou não sabe escapar. Acaba por ser um livro sobre a queda eminente de cada um desde os degraus da sua infelicidade.  Achei interessante, mas não me senti cativado por nenhum personagem. 

14/20

A cabeça do Santo - Socorro Acioli


Tive muito prazer a ler este livro. No início não  sabia bem qual o rumo que ia tomar, mas no final a sensação é muito boa. É cómico, espiritual, dramático, paranormal, brutal, terno.

O enredo: A Cabeça do Santo conta a história de Samuel que viaja até a cidade de Candeias pedido de sua mãe no leito de morte, para que o jovem encontre sua avó. Ao chegar na cidade, um temporal atinge o local e o único lugar em que o jovem encontra para se abrigar é em uma enorme cabeça abandonada em um canto isolado, que seria uma estátua de Santo António.

A partir deste enredo as personagens apresentadas são muito bem urdidas para construir uma história densa e bem estruturada, apesar de surreal, mas que passará a ser credível se assim quisermos.

17/20

Nada cresce ao Luar - Torborg Nedreaas

Fui ler este livro motivado pela curiosidade de o Pedro Almodovar (realizador) ter gostado bastante do mesmo. A história começa com um homem anónimo que se sente atraído por uma bela e solitária desconhecida que vê no átrio de uma estação ferroviária, e a quem oferece ajuda. Ela acompanha-o até casa e, durante uma noite inebriante de vinho e cigarros, conta-lhe a história devastadora da sua vida. 

Esta mulher é uma alma despedaçada cujo destino comeca quando aos 17 anos se torna do professor de liceu. O desgoverno começa com um amor não correspondido e com uma obsessão descontrolada. É suposto durante a sua narrativa sermos tomados pelo significado de uma mulher navegar numa sociedade opressiva feita para homens, num sistema capitalista e patriarcal que obriga as mulheres a desempenhar papéis que as tornam emocional e economicamente dependentes.

Eu basicamente vi uma mulher com um comportamento autodestrutivo que, em virtude do seu amor alienado, se coloca em posição de abuso constante. Não consegui ter simpatia prlo personagem e o livro acabou por me deixar até irritado. Não obstante, a autora sendo nórdica e escrevendo sobre o início do século, refere-se certamente a uma realidade que não  ressoou comigo.

12/20

O escritório - Frida McFadden


Depois de ler A Criada - que é verdadeiramente fascinante - nem sei bem o que dizer sobre este livro. Não posso dizer que como thriller a ideia seja má. Mas o livro é um aborrecimento desde o início ao fim. As personagens são chatas, escrita é chata, para no final tudo se desenrolar de repente, muito gira a volta e tarde  de mais porque já não se aguenta tanta chatice.

11/20

A cadela - Pilar Quintana

Enredo: Na costa da Colômbia virada ao Pacífico – num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos – vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar. Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adota uma cadela a quem dá todo o seu amor.

A verdade é que, a história simples mas laborada fenomenalmente, cria neste livro uma atmosfera opressiva e o que é dito e tudo o que se sente como sub-reptício, vai crescendo como uma bolha interna de de angústia que impede o luminoso, crescendo, apertando, ocupando espaço interno até ao  desespero. É triste.

16/20


Lar em chamas - Kamila Shamsie

Não foi fácil entrar neste livro, talvez porque a sua realidade é bem diferente da minha enquanto homem branco e a história é narrada do ponto de vista feminino de uma família islâmica. O livro fala de luta de classes, género, islamofobia, identidade e terrorismo. Só posso dizer que acaba de modo chocante, apesar de brilhante e que a autora se inspirou na peça Antígona de Sófocles para a trama.

O livro trata de duas famílias britânico-paquistanesas que habitam mundos distintos na Londres rica e na Londres pobre. Uma família foi "europeizada" e outra vive na sombra de um pai que optou pelo terrorismos. As suas histórias vão ligar-se de forma dramática. Primeiro estranha-se e depois entranha-se. 

17/20

domingo, setembro 21, 2025

Primeira vez

Foi a primeira vez que em duas semanas de férias li nove livros. Sol, mar, paz e livros. Tudo casou.

terça-feira, setembro 16, 2025

Grécia

Nunca tirei um período de férias tão grande num único lugar. A Grécia nunca decepciona. Mais uma vez encontro coisas de que precisava por estas bandas. Espero que no futuro continue a ser assim. 

sexta-feira, setembro 05, 2025

Uma colega disse algo que me deixou a pensar

Ela ama o marido, mas não gosta do marido. Aquilo fez-me espécie. Mas depois lembrei-me do que a Bell Hooks disse sobre o amor ser uma ação e percebo que ela escolheu e tem o compromisso de amar o marido, mas não sente afinidade ou apreço por ele. Será que é por causa dos filhos? E se não houvesse filhos? Eu custa-me integrar que alguém me ama sem ter apreço por mim, não gostando de mim como pessoa; mas percebo que é possível, o exemplo está ali. Acho triste estar nesse papel (do marido). Na realidade não sei bem o que pensar, o certo é que sinto desconforto perante a ideia. Acho que não quereria estar nesse papel. Mas também não sei qual a implicação de estar nesse papel. É apenas algo em que nunca tinha pensado.

O mundo é estranho

É muito doloroso o acidente que se deu em Lisboa com o elevador da Glória e que ceifou (para já) a vida de 16 pessoas e no mundo multiplicam-se mensagens de pesar. Acho bonito e solidário. Mas no mundo, estamos a viver genocídios en Gaza, Sudão, Birmânia, para elencar alguns e não há pesar em lado nenhum por isto. A hipocrisia social é danada. 

quinta-feira, setembro 04, 2025

Segurança Social

Estive hoje numa Loja do Cidadão para ser atendido pela Segurança Social. As 2h30 de espera deram para perceber, no final do meu atendimento (uns 6 minutos), que o modo de funcionamento da segurança social é super 1992. 

O cultivo de Flores de Plástico - Afonso Cruz

Sou um fã da escrita do Afonso Cruz e como tal acabei de ler mais um livro. Não obstante, este será o livroque menos prazer me deu ler. Poderá ser porque está escrito ao jeito de diálogo de teatro, não sei. 

O livro pretende ser o retrato da vida de sem abrigo na nossa sociedade, ficcionando um grupo de pessoas que dorme junto durante uma noite. Os personagens estão pouco aprofundados e mesmo a crítica social ou a dimensão humana ficam um pouco pela rama.

12/20


terça-feira, setembro 02, 2025

Sobre a eutanásia

Li no Sapo um artigo de um médico de cuidados paliativos (Abel Gabejas) e fiquei a pensar nisso. Tive bastante dificuldade em concordar porque ele, no seu discurso, transforma a eutanásia no oposto da defesa dos cuidados paliativos ou continuados. 

A hipótese é "Num país onde a oferta de cuidados paliativos continua limitada, a possível legalização da eutanásia levanta uma questão preocupante: estar-se-á a propor a morte como substituto de uma presença que falha?"

Termina o artigo com "A eutanásia não é apenas uma questão de direitos individuais. É, acima de tudo, um espelho da ética coletiva que estamos dispostos a sustentar. Que tipo de sistema queremos? Um em que o sofrimento é acompanhado ou um em que o sofrimento é descartável? O sofrimento não pode ser um fim mas um meio para esta aliança de cuidado. Se não garantirmos primeiro a dignidade do cuidado oferecer a morte não será progresso, será desistência: social, institucional e ética. E eu pergunto-me: será isto realmente progresso?"

A eutanásia está a ser diabolizada. Eu tenho direito a não querer viver o resto da minha vida como um dependente ou em dor profunda (porque infelizmente ainda não há resposta para todo o tipo de dor). A eutanásia trata-se disso. A aprovação da eutanásia não impede as pessoas que querem usar cuidados continuados de os requererem.  A linha da dignidade é inerente ao sujeito (como a dada altura ele diz no seu texto) e não à sociedade onde ele se insere. Para lá dos deveres da sociedade para com os seus cidadãos e da dignidade do direitos humanos que tem de ser respeitada a todo o custo, existe uma dimensão pessoal e subjetiva que tem de ser valorizada. 

Eu tenho de respeitar, por exemplo, uma pessoa que não quer viver tetraplégica ou dependente para o resto da vida. Há pessoas que, mesmo nesta condição, conseguem arranjar um propósito na vida, aprendem a pintar com a boca, estudam, entre outras atividades. E fico sinceramente feliz por isto, pelas pessoas que conseguem passar pelo sofrimento sem sofrimento, reacomodando a sua vida. Mas pessoas há que vão sofrer muito emocional e psicologicamente; pessoas para quem ter alguém a alimentá-los, lavá-los, virá-los na cama, limpar as fezes, etc, é um suplício, um tormento, uma tortura.

Parecendo uma comparação tola, é como casamento gay. Os homossexuais não são obrigados a casar, mas essa decisão deve ser sua. Devem poder escolher casar ou não, por isso a lei foi necessária, para haver possibilidade de escolha na gestão privada das vidas afetivas. 

O que me parece mesmo tolo é reduzir a eutanásia à existência de uma sistema de cuidados paliativos ou continuados eficaz. Os países mais avançados socialmente e por isso com maior nível de progresso, permitem optar pelas duas coisas. A linha da dignidade humana definida por cada um (elaborada em função das crenças e convicções de cada um) é que vai ditar a escolha informada, que não deve ser coletiva. Quando se trata de pessoas não existe um "one fits all".

Livros

Com as férias à porta decidi rentabilizar a subscrição Kobo Plus carregando o eReader com 30 livros em português. Não obstante, ainda não deixei de investigar os vencedores e os finalistas dos principais prémios internacionais a ver se algum deles consta no acervo. Ler é bom e voltou-me a vontade de escrever pelo que ler, além do prazer, é também uma necessidade.

sábado, agosto 30, 2025

Bye bye Miss American Pie

Drove my Chevy to the levee, but the levee was dry. 
And them good ole boys were drinkin' whiskey and rye.
Singing this'll be the day that I die, this'll be the day that I die.

terça-feira, agosto 26, 2025

A criada - Freida McFadden

Comecei a ler este livro às 10h e pouco da manhã e terminei às 17h com pausa para o almoço. A linguagem é muito acessível e lê-se como quem bebe água. É sem sombra de dúvida um thriller muito bom, que tem vários plot twists. A autora Freida McFadden consegue manipular a nossa mente e fazer-nos acreditar que estamos a ver o que não estamos, até que ela revela a verdade.    

Uma ex-presidiária consegue o emprego com que sonha na casa de um casal muito rico.  A história acaba (ou começa) com um cadáver. 

18/20

Celeste


On with the show - Celeste

Vera Iaconelli (psicanalista)

"A gente quer tudo previsto e garantido. Na nossa cultura, estamos fazendo isso de um jeito tão obsessivo, que fica difícil viver. Em vez de deixar rolar, ficamos obcecados pela perspetiva do controle."

"Amor é seguir amando mesmo quando o outro não corresponde às suas expectativas. Se ele for só um reflexo delas é puro narcisismo (...) É na diferença que o amor se prova."

sexta-feira, agosto 22, 2025

Quem cospe para o ar...



Champagne Coast - Blood Orange

Quando eu era mais miúdo, o meu irmão adorava música Indie. Eu detestava. Gostava era do pop bem pastilha elástica e tudo o resto era estranho. Durante a pandemia deu-me para isto, adoro música Indie. Quem cospe para o ar...

Diferença de opinião

Quando eu era jovem e tinha um personalidade reprimida, até aí aos meus 20 e poucos anos,  olhava para o meu pai que era espontâneo e feliz e achava-o super "cringe". Ele era capaz de começar a dançar na rua; agarrava na minha mãe e começava a dançar se ouvisse uma música que gostavam (ela também de personalidade reprimida, só queria era fugir dali a sete pés). 

O meu pai cantava onde fosse se estivesse feliz, para cantarmos todos juntos (Ó Laurindinha vem à janela... entre outras canções) e queria ouvir a minha mãe a cantar o fado (como quando num casamento com 400 pessoas, subiu ao palco onde estavam os músicos e disse "quem canta mundo bem o fado é a minha mulher, anda cá cantar"). Eu enchia-me de vergonha e olhava de soslaio e muitas vezes perguntava-lhe se havia necessidade disso. Ele só respondia "estou a  fazer mal a alguém? Se alguém se sentir incomodado há-de dizer, até lá estou só a ser alegre".

O que é certo é que hoje sou eu o "cringe". Canto na rua e nos corredores do trabalho e no balneário do ginásio e também danço na rua se por acaso algo me estimular a isso. Lembro-me, em particular, de uma vez na Suíça (quando fui visitar um amigo que lá vive, mas que trabalhava durante o dia).

Num dos meus passeios sozinho a descer Lausanne em direção ao Lago Genebra, comecei a ouvir no Spotify "Walking on Sunshine" da Katrina & The Waves. Estava um sol radioso e um céu azul e eu senti-me invadido por um sentimento de felicidade e comecei a dançar e a correr enquanto descia a rua. Umas pessoas olhavam em espanto, outras como se fosse maluco, outras sorriam com cumplicidade. Ainda me lembro hoje daquela sensação de felicidade, liberdade e gratidão pela vida que que estava a viver e foi tudo muito espontâneo.

Há quem ache que eu vivo um pouco à sombra daquilo que o meu pai foi ou acreditava ou queria para nós (família), como se a palavra dele fosse lei. Não é lei. Se é uma espécie de Herói? Sim, é. Se ele foi mitificado por mim? Não, porque a experiência não é só minha, mas de todos que se davam com ele. 

O meu pai morreu, eu tinha 24 anos e creio que nunca o compreendi muito bem. Foi depois da morte dele que comecei a compreender muita coisa que me tinha escapado. A perda tem um efeito muito profundo em mim ao nível do questionamento e da descoberta (ou autodescoberta). Descobri uma coisa estupenda. O meu pai era uma pessoa simples, realizada, espontânea, com sabedoria (também era uma pessoa que dizia palavrões, falava alto, fumava, cuspia para o chão e molhava o chão todo da casa de banho a lavar a cara e não limpava). 

A partir dos meus 33 anos quando comecei a ser feliz e realizado, comecei também a fazer coisas cada vez mais espontâneas e comecei a ser mais parecido com o meu pai. É bom quando os nossos pais são um referência para nós porque lhes reconhecemos sabedoria, dignidade, integridade (mesmo que a nossa relação tenha sido marcada por entropias/dificuldades em dado momento). É bom ter referências dos nossos progenitores, porque lhes reconhecemos valor intrínseco e saber que de alguma forma somos parecidos com essas pessoas que cuidaram de nós com esmero.  

Hoje sou "cringe" para uma parcela do mundo exterior e está tudo bem. Por exemplo, ontem vi uma mulher a dançar no ginásio com os auriculares metidos, não sei se aquilo era uma rumba ou uma salsa. Não era muito boa a dançar, mas enquanto algumas pessoas olhavam com riso na cara, eu olhei a sorrir e fiquei absorvido por ela. Achei-a corajosa, livre e espontânea e feliz. Hoje em dia o que eu acho "cringe" não é isto. Há tanta, mas tanta coisa pior.

Diferença de opinião rocks!

Valor.

É importante sabermos o nosso valor. Quando, inadvertidamente ou propositadamente, nos desvalorizam ou as nossas ações, decisões, etc., essa desvalorização não deverá ser mais que um desconforto ou uma desilusão passageira, se soubermos que temos valor (pensado e pesado). 

quinta-feira, agosto 21, 2025

Respirar fundo e continuar.

Tomar notas, respirar fundo e continuar com o mesmo compromisso, vontade e dedicação. É isso.

quarta-feira, agosto 20, 2025

Tudo sobre o amor: Novas Perspetivas - Bell Hooks

Gostei muito de ler este livro que discute o amor e o ato de amor de forma científica pela perspetiva das ciências sociais. É muito interessante e levanta questões muito importantes na sociedade moderna (apesar de ter já 25 anos). Apesar de ser um livro de pensamento crítico, o fato de a experiência da própria como base para questionamento, acaba por lhe dar um cunho de guia de autoajuda para compreender o que é o amor, o que precisamos e o que podemos dar. 

A ideia base a toda a argumentação é a de que o amor não é um sentimento, mas sum uma ação. Ela define o amor como "a vontade de se expandir com o objetivo de nutrir o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa... O amor é um ato de vontade, ou seja, tanto uma intenção como uma ação. A vontade também implica escolha. Não temos de amar. Escolhemos amar". 

16/20

Aula de cerâmica

Desde que nos conhecemos que o B falava em fazermos uma aula de cerâmica juntos. Finalmente aconteceu ontem. Foi um sensação muito boa estar a modelar com as mãos e pintar peças de barros. Se tudo correu bem, eu vou ter um combo brunch (caneca e prato de tosta) e ainda um castiçal para velas. Foram umas horas bem passadas. 

terça-feira, agosto 19, 2025

Acreditar

O que importa se o dia chegou?
O que importa se nunca virá?
O que importa é aqui e agora,
Toda hora é hora, enquanto eu posso estar.
O que importa se escorregou?
O que importa é se levantar.
O que importa é saber amar.
O estado contente da mente,
Depende somente de acreditar,
Depende da gente, é só acreditar.

- Marisa Monte -

Não fechar os olhos

Não fechar os olhos da mente é algo que (agora) tenho por necessário. Nada é garantido, absolutamente nada. O que é hoje pode não ser amanhã. E o que não for, mas que nós queríamos que fosse, que não aconteça porque estávamos de olhos fechados a pensar que era um dado adquirido. 

Atos Humanos - Han Kang

Este livro da mesma autora de "A vegetariana" é muito cru e muito duro, mas muito bem escrito. A ação passa-se em 1980 durante as manifestações contra o ditador Chun Doo-hwan na cidade de Gwangju, que deu origem a um dos maiores massacres levados a cabo na Coreia do Sul. A história parte de um rapaz Dong-Ho que procura um amigo no meio dos mortos e segue com todos os que se cruzaram com ele naquela fatídica noite. 

A brutalidade humana, a tortura, o stress pós-traumático, a justiça, a luta pelo direito a existir dignamente, o amor, são aqui abordados de forma muito inteligente pela autora que usa uma escrita muito crua e pragmática, mas sem deixar de conferir uma enorme humanidade a todos os personagens, dignificando a memória de quem caiu por terra em todas as ditaduras. 

17/20 

Gerês

Há muito que ameaçava ir ao Gerês mas sem cumprir. Graças ao B acabei por ir este mês e foi muito bom. As paisagens, a paz, as águas. Trago o rio Cabril e o Poço Verde como os lugares de melhor memória, apesar de ter gostado de estar nas cascatas. No meio disto houve boa comida e boas conversas. Mas o mais importante é a paz. Reinou a paz.

quarta-feira, agosto 13, 2025

.

 Acho a maldade gratuita uma coisa feia (ponto).

É só isto

I know where beauty lives
I've seen it once, I know the warmth she gives.
The light that you could never see,
It shines inside you can't take that from me...

#conscienteepresente

Dopamina

A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel crucial no sistema de recompensa do cérebro, influenciando o prazer, a motivação, a excitação e a sensação de bem-estar. É habitualmente referida como a “hormona da felicidade”. Níveis adequados de dopamina são essenciais para a saúde mental e física, e seu desequilíbrio pode levar a problemas como depressão, ansiedade, problemas de memória, dificuldade de concentração e comportamentos inflamados pela raiva/frustração. 

A dopamina rápida é libertada rapidamente em resposta a estímulos como jogos de vídeo, redes sociais, alimentos açucarados, fast food, drogas/tabaco/álcool, pornografia, scrolling infinito (na web), compras constantes  e outras atividades que proporcionam prazer imediato, mas que podem levar ao vício e à procrastinação.

A dopamina lenta é libertada gradualmente em resposta a atividades que promovem bem-estar a longo prazo, como exercício físico, trabalho focado, ouvir música, ler livros, cozinhar, meditação, passar tempo na natureza, hobbies, etc.


Boas decisões:
Alimentar-se bem, mexer-se, celebrar pequenas vitórias/progressos, dormir bem, ouvir música, aprender coisas novas, meditar/relaxar, conectar com quem se ama (parceiros, amigos, familiares).

Reduzir muito o tempo online, abandonar comportamentos impulsivos (compras e outros), deixar a prática de mexericos, não consumir substâncias psicoativas e evitar alimentação demasiado processada.   




Não há silly season este ano

Este ano não há silly season. Os noticiários estão tomados pelas notícias de incêndios. O que é que os nossos políticos/governantes aprenderam desde 2017? Rigorosamente nada.

terça-feira, agosto 12, 2025

Lições

 "Cair em si talvez seja o melhor tombo da sua vida".

A house is not a home



A house is not a home - Ella Fitzgerald

"A chair is still a chair, even when there's no one sittin' thereBut a chair is not a house and a house is not a homeWhen there's no one there to hold you tightAnd no one there you can kiss goodnight..."

Julie London


Cry me a river - Julie London

Simplesmente adoro esta cantora de voz quente e macia, que tanto sucesso fez nos anos 50. O que eu não sabia é que a canção Cry me a River foi feita para ela. Foi a primeira pessoa a cantá-la e com que elegância o fez. 


segunda-feira, agosto 11, 2025

Irantzu

Passou um ano da morte da Irantzu. Houve uma missa em sua memória e mãe enviou-me o que leu durante essa missa. Uma das coisas que fiquei a saber foi que o dia em que ela morreu estava nublado e chuvoso e quando ela expirou pela última vez, abriu o céu e o sol brilhou. Pode ser uma coincidência, mas a Irantzu era um sol, de certeza que foi ela dizer que estava tudo bem. 

quinta-feira, agosto 07, 2025

Erich Fromm: A arte de amar

“A principal condição para alcançar o amor é superar o narcisismo. A orientação narcisista é aquela em que a pessoa experimenta como real apenas o que existe dentro de si mesma, enquanto os fenómenos do mundo exterior não têm realidade em si mesmos, mas são experimentados apenas do ponto de vista de serem bons ou perigosos para ela. O pólo oposto ao narcisismo é a objetividade; é a faculdade de ver outras pessoas e coisas como elas são, objetivamente, e ser capaz de separar essa imagem objetiva da imagem formada pelos próprios desejos e medos.”

“O amor vivenciado é um desafio constante; não é um lugar de descanso, mas de movimento, crescimento e trabalho conjunto; mesmo quando há harmonia ou conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao facto fundamental de que duas pessoas se experimentam a si mesmas, em vez de fugirem de si mesmas. Há apenas uma prova da presença do amor: a profundidade da relação e a vitalidade e força em cada pessoa envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido (...) No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres se tornam um e, ainda assim, permanecem dois.”

― Erich Fromm, A Arte de Amar

quarta-feira, agosto 06, 2025

Jazz


Trust in me - Dakota Staton

Apego

Tenho tido ao longo da vida problemas com o apego a pessoas, coisas e hábitos. Não chega a ser um trastorno de acumulação, mas tem traços deste, nomeadamente a dificuldade de descartar coisas que não têm valor ou utilidade para o próprio. As causas disto podem ser a necessidade de segurança, a sensação de que sempre se perdeu algo (ou um vazio de algo que não se teve), a busca incessante pelo perfecionismo e consequente perda da capacidade de decisão que depois vai afetar a capacidade de eliminar, dispensar. Mas tenho aprendido recentemente que tudo o que se compreende, pode ser trabalhado e tem sido um percurso feliz. A abordagem tem sido muito mais incisiva na busca de padrões e na sua desconstrução, do que na procura das razões de origem. A reconstrução pessoal é uma oportunidade fascinante de fazer bem feito.

terça-feira, agosto 05, 2025

Música que faz bem.

Redescobri os jazz standards que me deixavam tão feliz e calmo. Este tipo de canções apenas me fazem bem. A melodia, a música, as vozes; não há excitação, não há tristeza, há apenas uma tranquilidade a espalhar-se de neurónio em neurónio.

Julie London, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Nina Simone, Etta James, Lena Horne, Nancy Wilson, Dinah Washington, Helen Forrest, Chet Baker, Louis Armstrong, Nat King Cole, Frank Sinatra, etc., etc., etc...

Sobre Bell Hooks e o amor

“O amor não é o cuidado". É apenas uma dimensão que não consegue cobrir os aspetos do afeto, da responsabilidade, do reconhecimento e da justiça. Quando só há reconhecimento do cuidado, a negligência ou o abuso (presentes em pequenas coisas aparentemente vãs) são validados como normais. Assim, desde a infância que criamos uma visão iludida do que é o amor, aprendemos o amor como substantivo por oposição ao amor ação/construção. Cuidar e amar não é a mesma coisa.

Amar é construir algo e deixar-se vulnerabilizar, perdendo ilusão, narcisismo e espaço de idealização. O amor cria-se num vínculo trabalhado num espaço de diferença/conflito em que se aprende a não violar o outro. 

O amor faz-nos interessar pelo outro sem saber exatamente o motivo; este processo abre espaço à criação de motivos e à descoberta de novos motivos sempre que o ódio vem mostrar que somos somos menos complementares com o outro do que imaginávamos e que, cada um dos intervenientes é formado por si e por muitos outros. Mas se é amor, a seguir ao ódio vem um nova criação de significado amoroso para com o outro, porque descobrimos a alteridade no seu sentido mais filosófico, ou seja, na capacidade de transcender o próprio ponto de vista para compreender e respeitar a visão do outro na integração dos conflitos. Isto porque o contrário do amor não é o ódio, mas sim a indiferença.

Relação

Se uma relação é mesmo uma relação ela é bidirecional e recíproca nas suas trocas, compensações e consequências.  

Recomeçar do zero.

Recomeçar do zero é possível? Sim é. Porque esta expressão é uma metáfora. Aqui o 'zero' não é um conceito absoluto, mas sim relativo. Um modo de vida novo não significa um apagamento do passado. Um recomeço é tanto mais forte quanto mais experiência e aprendizagem do passado carrega consigo. O corte com um passado existe na medida em que se decide encerrar um ciclo - que teve as suas características - e desenhar um futuro diferente por oposição/contraste ao ciclo que se pretendeu encerrar. 

Encerrar um ciclo e começar de novo significa apenas que o que era próprio desse ciclo já não nos serve e os objetivos e metas do futuro são construídos sobre a integração de toda a experiência vivida.  É com a aprendizagem e memória do passado que conseguimos, de facto, recomeçar do zero.

sexta-feira, agosto 01, 2025

A falar com uma colega

A falar com uma colega de trabalho sobre o trilião de pensamentos que povoaram a minha cabeça, ao exercer espírito crítico sobre mim, em relações de integração iguais a uma complexa equação de física quântica; cheguei à conclusão de que x = respeito (dado e recebido) + amor + paz + humor.

Por trás dos seus olhos.

Está série da Netflix anunciada como um thriller acaba por ser, de certa forma, também de ficção científica. Podia ter 3/4 episódios e ficava muito bem. Trata-se de triângulo amoroso entre um psiquiatra, a secretária e a mulher deste (de modo resumido). O início deixa-nos curiosos, depois torna-se arrastada e chata. O episódio final (que se vê apenas para não dizer que não tinha visto a série completa) acaba por surpreender.  No global não é boa. Satisfaz nos mínimos diria. Bom começo e bom final.

12/20

Clarice Lispector


"Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois só na sequência dos 'agoras' é que você existe."

Esta frase é belíssima. Fala sobre agarrarmos a responsabilidade da nossa felicidade alterando o 'agora'. O futuro é uma sucessão de 'agoras', é sempre o que se faz no 'agora' que conta. É no 'agora' que somos timoneiros da nossa existência. 

"A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver."

Outra frase belíssima. Dá-nos vida a vida a que pertencemos. Há tanto que ganhamos com essa pertença, quando é uma escolha feita e vivida de forma consciente. 

quinta-feira, julho 31, 2025

Extinção

Anunciou-se hoje a extinção do meu organismo de trabalho. Desde que entrei para a função pública é a terceira extinção pela qual passo. Espero que seja a última. 

Verdade La Palice

 Manter tem muito menos custos que reparar.

quarta-feira, julho 30, 2025

Desafios de cada um

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu queria amar o que eu amaria - e não o que é. É também porque eu me ofendo a toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário (...). Eu que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu."

Clarice Lispector
Felicidade Clandestina: Perdoando a Deus

Mantra

Comecei a meditar em segredo.

PhD

Ganhei a bolsa de doutoramento. É uma notícia feliz. 

Pessoas Importantes

O ano de 2024 deu-me duas pessoas que mudaram a minha vida. O B e a Vogal da Direção que se tornou uma mentora e uma amiga. O que levo da influência destas pessoas é inestimável. Não tem preço. Que a vida siga com este nível de positividade. A minha gratidão não tem fim.

terça-feira, julho 29, 2025

Amor

Ontem fiz amor. Puro, profundo, íntimo, com a alma no corpo, com carinho na ponta dos dedos, com querer no abraço. Não quero esquecer este dia. Quase 10 meses depois não tenho a menor dúvida de quem é o amor da minha vida. 

segunda-feira, julho 28, 2025

Luz natural

"A vida não começa aos 30 ou depois dos 40. 
Ela realmente começa quando você deixa de ser besta".

Esta frase parece quase cómica, mas tem um alcance muito amplo. A verdadeira vida começa quando somos capazes de abandonar comportamentos que só revelam falta de inteligência, imaturidade e simplismo. Uma pessoa, certa vez e há não muito tempo, fez-me ver que quem tem onde cair fofo não ganha medo de se aleijar. E quando a ajuda aparece sempre não terá tanto pelo que se responsabilizar, e mesmo inconscientemente, acaba por viver de forma mais inconsequente e/ou displicente. 

Pais ternos produzem adultos mimados? Pode ser que muitas vezes sim, outras não. Tenho pensado muito a este respeito desde o momento em que fui operado, não exatamente pela facto em si, mas por outro que aconteceu paralelamente. Quando a queda não é fofa o que se faz? Quando não há mimo o que se faz? Tem de se pensar a sério na realidade das coisas. As ações e as razões para a queda, porque é que dói o que dói, o que é que se faz para não cair, o que é que se faz para recomeçar mais forte e melhor equipado. É de repente começar a processar factos e acontecimentos a uma velocidade enorme e de uma forma que ainda não tinha sido feita. Como quando um suporte importante morre e temos de nos alterar para ser a nova estrutura de suporte e aprender isso à velocidade da luz. 

A resposta agregada é deixar de ser besta. Não sejas besta. Não ser besta faz-te ser consciente e presente. Não há mi-mi-mis. Consciência e presença. O ser presente e consciente tudo pode. 

"Imagina ler um livro em que nunca podes voltar à página de trás.
Com que atenção lerias esse livro? Assim é a vida."

A vida não anda para trás e o que fizeste quando eras besta não podes mudar. Mas podes definir o teu momento de mudança e começar a viver assim (presente e consciente). No início contar-se-ão dias, depois semanas, depois meses e anos. No final vai ser um modo de vida e sabes que a tua vida começou ali. 

Um dia ao fechar os olhos e partir desta terra vou saber onde começou a minha vida e contemplar o que vivi e o bem que vivi para mim e para os outros. Mas também me vou lembrar com grande lástima do que perdi antes desse momento. Algumas coisas são um preço demasiado alto para se deixar de ser besta. 

Que a abertura da nossa consciência para o significado da luz natural não seja demasiado tardia, que a abertura da minha consciência para o significado da luz natural não tenha sido demasiado tardia. 

quarta-feira, julho 23, 2025

Quero-te

Quero-te mesmo. Como sei que te quero? Porque estou a dar-te permissão para que me destruas se quiseres. Só a quem muito amamos damos esse poder.

Decidi

Começar a escrever um livro. Um novo projeto.

Pensamentos aleatórios

Disse a um bom amigo que estou a passar pelo meu "COVID". Durante anos ouviu-se que era impossível desenvolver certas coisas, que criar certas tecnologias demoram muito tempo, que implementar novas culturas sociais e organizacionais são processos muito longos, que o teletrabalho representava a redução da produtividade. Pois bem, veio a pandemia e dois anos avançou-se trinta anos. Porquê? A necessidade. A necessidade imperiosa é um potenciador da ação, um multiplicador de efeito. Por isso digo que estou a passar pelo meu COVID.

Deu-me para pensar

Deu-me para pensar nas coisas que eu gostava muito de fazer: desenhar, pintar, escrever, cantar, cozinhar, fazer gorros e cachecóis, renovar móveis. Durante muito anos desenvolvi uma atividade inútil que me roubava muto tempo. Terminei essa atividade, mas não a substitui pelas minhas coisas de sempre. Há coisas que somos nas coisas que fazemos e, mas por alguma razão muitas vezes perdemos o que é importante ou perdemo-nos do que é importante. O mundo é um caos de informação e há que redimensionar e voltar a ter pontos focais fortes.

21 de julho

Dizem os médicos que a operação ao coração correu bem. Que ele vai aguentar mais uns bons anos sem necessidade de ser intervencionado. É uma boa notícia.

domingo, julho 20, 2025

Beth Moore

Sometimes a storm in your life is what will

blow you to the place you are longing to be.

- Beth Moore -

sexta-feira, julho 18, 2025

A vegetariana

Não tinha lido ainda nenhum livro da vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2024 - Han Kang. 

A vegetariana é sobre uma mulher assustadoramente normal e mediana que decide, um dia, deixar de comer, cozinhar, servir ou ver carne. Isso terá um impacto diabólico na estrutura das relações que mantém com os diferentes membros da sua família e nos próprios membros da família e inclusive sobre o seu projeto de vida. 

Nem sei bem como descrever este livro, é sobre sexo e erotismo, é sobre violência física e simbólica, é sobre loucura, é sobre metamorfose espiritual e sentimental. É um livro perturbador que nos desafia o pensamento, mas muito bem escrito e muito gráfico. Estou pronto para ler mais dois livros da autora.

17/20

Quando é a dois

Tudo é a dois quando é a dois. O bom e o mau.

quinta-feira, julho 17, 2025

Irantzu

Já aqui tinha escrito sobre a Irantzu. Um ser de luz extraordinário que conheci em 2006, na república Dominicana, e que morreu o ano passado de um tumor raro e muito agressivo. A Irantzu chegou a mim para me lembrar de quem sou, o que ela me disse em dezembro de 2006 mudou o rumo da minha vida. 

A notícia da morte dela, fez-me lembrar de novo as palavras dela, numa altura muito complexa. Recebi a notícia 22 dias depois da morte dela, num dia em que lembrar-me dela mudou novamente o rumo dos acontecimentos nesse Agosto de 2024. 

A mãe da Irantzu mandou um postal de lembrança a todos os amigos que ela mais considerava, para chegar no dia 28 de Junho (o aniversário dela). Mais uma vez, eu só tive acesso ao postal esta terça feira. Numa altura crítica em que as palavras dela, novamente, me enchem de alento. 

Eu sempre achei a Irantzu mágica, quase mitológica. Nunca conheci ninguém assim sempre feliz, sempre com a alma aberta sem reservas, com uma luz que iluminava tudo. Por isso acho que há uma intenção mística, quando recebo algo que a traz de novo ao meu pensamento. Sinto que é ela a não deixar que eu me esqueça e me perca. 

A mãe escreveu-me num bilhete que juntou ao postal de recordação: "Irantzu te lleva en el corazón, pues la unión que teníais era de tanta belleza y pureza, que permanecerá para siempre ayudándote del paraíso celestial donde se encuentra ahora".

E eu não tenho dúvida nenhuma disso. 
Obrigado querida Irantzu. 

quarta-feira, julho 16, 2025

Kylie (after)

O espetáculo da Kylie foi maravilhoso. Não é um espetáculo meticuloso e sem falhas como um show da Madonna, mas é um espetáculo alegre e honesto, em que se dá tudo de forma pouco calculada e abnegada. A energia foi ótima, dela e da plateia, e eu dancei e cantei como um perdido a maior parte do tempo.

terça-feira, julho 15, 2025

Kylie

Hoje vou ao concerto da Kylie na Meo Arena. A última (e única) vez que a vi foi em 2009 quando se estreou em lisboa. Acho que vai ser giro. Nunca estive num concerto sentado, vamos ver como é a experiência. Sei a maioria das músicas, pelo menos muita cantoria vai haver.

Coração independente

Segundo tomo da história da arritmia. Muito convencido de que será uma minissérie. 

Não fossem as sílabas do sábado

Estava muito ansioso por ler este livro de Mariana Salomão Carrara. O B disse-me que tinha ouvido falar coisas excelentes dele. É um ensaio sobre o luto, sobre a solidão e sobre o desespero intimo. Talvez seja este tom intimo da narrativa, a cabeça de Ana (a personagem principal), que fez com que eu achasse a prosa muito bonita, mas o livro chato. e a culpa não é do livro. É a culpa do luto. Aquele luto é um luto negativo, que não deixa partir, que não deixa avançar sem dores, que repisa. Que não deixa ninguém ser verdadeiramente feliz ao redor do sofredor. Como se todos tivessem de sofrer o sofrimento do sofredor. O B diz que o livro é sensível e intimista e muito bonito. E eu não discordo. Apenas não consegui acompanhar o luto de uma pessoa que demora quase 13 anos para deixar-se viver e deixar viver os que estão colados a si. 

14/20

sexta-feira, julho 11, 2025

Pensamentos aleatórios

A direção é mais importante que a velocidade.

Há que aprender a fatiar o elefante.

And just like that

Como fã da série 'O Sexo e a Cidade' tenho seguido a sequela 'And just like that'. é incrível como se pode de ir rapidamente de "cool" a "cringe". Fico desconfortável de presenciar um argumento tão mau e, por vezes, atuações ridículas. Porque é que continuo a ver então? Pela esperança de ver algo que retorne esta sequela à velha glória. A cada episódio estou ali à espera de que seja melhor, mas até agora ainda não aconteceu.

Pecadores

Estava com muita vontade de ver este filme. Gosto muito dos anos 20/30 e filmes sobre a dinâmica musical da época, o nascimento do Jazz, dos Blues nos clubes improvisados pelos negros vítimas de um apartheid dissimulado e de um racismo organizado (KKK). Havia também algo de sobrenatural no trailer que me fez ter ainda mais curiosidade.

No final o filme é sobre demasiadas coisas e nenhuma sai bem concretizada. É sobre sobrenatural, mas também sobre ocultismo, música, racismo, amor, religião, lendas, crime. Enfim, muita coisa que (a meu ver)  nunca consegue ser aprofundada em condições. E o filme acaba. Deixa um gosto de vazio.

12/20

quinta-feira, julho 10, 2025

Icónico

Recuperei uma canção do último álbum de originais do George Michael, um cantor icónico, na voz e no estilo musical, que infelizmente deu menos ao mundo do que poderia ter dado, devido a inúmeros problemas pessoais e contratuais. Tenho pena de que se fale pouco deste génio do "blue eyed soul". 

O Spotify hoje relembrou-me de como ele era estupendo e brindou-me com uma música da qual me tinha esquecido. Aqui fica.


Through - George Michael

quarta-feira, julho 09, 2025

Para mais tarde recordar

Um ténue fio de luz desengana-me o corpo.
Revive a esperança do cessar das horas ímpares. 
O que será a madrugada? 
A lembrança dos teus sinónimos...
e de que vida comparece no calor da primeira claridade. 
Neste enlaçamento, sem garantia de defesa, 
a escuridão acede a dissolver-se e transmutar-se. 
São extraordinários os atos que se urdem num ténue fio de luz.

Oportunidades

Eis que surge uma bela e nova oportunidade. Que bom clima. 

terça-feira, julho 08, 2025

O CHEGA é apenas um conceito nojento

Fiquei chocado com a pobre atuação de André Ventura no Parlamento citando nomes estrangeiros de crianças culpando-as de tirarem lugares às crianças portuguesas. Os portugueses têm uma memória curta. Se em Portugal somos 10.5M mas existem 16M de Portugueses no mundo, isto quer dizer alguma coisa. 

Ainda há 50/40 anos os nomes das crianças nas escolas da Suíça, Alemanha, França, Canadá, Luxemburgo, Inglaterra e Estados Unidos era Pedro, Manuel, Paulo, Luísa, António, Conceição, José, Anabela. Hoje os seus filhos são cidadãos desses países, alguns deles em posições notáveis. Todos saem a ganhar.

Despropósito

Uma colega de trabalho, a passar um mau bocado por doença grave do pai, passou um sinal vermelho (sem ter reparado) e seguiu caminho para ir visitar o pai ao centro médico. Quando de repente se deu conta, viu que tinha 6 polícias em moto em torno do seu carro a pedir-lhe que encostasse e parasse numa bomba de gasolina. Ela entrou meio em pânico, e eles informaram-na que tinha passado um vermelho, uma infração gravíssima. Ela do estado de nervos em que se encontra quebrou num pranto. Não conseguia falar, não conseguia mexer-se.

Pergunto-me o porquê de 6 polícias numa zona residencial irem atrás de um carro que passou um vermelho. Sei lá... quatro destes polícias não poderiam estar a fazer rondas em ruas onde há crime, onde as pessoas estão realmente inseguras? Parece-me excessivo para uma mulher de meia idade, sozinha num carro. Já assisti a crimes na via pública, já me roubaram o carro e nem polícia por perto. Se calhar estão em grupos de 6 a mandar parar senhoras que passam vermelhos a 50km/h.  

Virgin

Confesso que embirro um bocado com a Lorde como pessoa, mas gosto de algumas músicas dela mesmo muito (em geral baladas ou ritmos trip-hop). Este domingo disse ao B para ouvirmos o novo álbum dela, um bocado naquela de estarmos a vir da praia para Lisboa, mesmo que fosse mau não se perdia nada. E não perdeu mesmo porque o álbum é bom. Achei muito consistente, sem ser repetitivo, uma eletrónica familiar, mas ao mesmo tempo intrigante e moderna. Polegares no ar. 

Acho que 'Virgin' é o primeiro album dela que eu digo que gosto, normalmente gostava assim de umas 3/4 músicas por álbum. 

Rompimento

Rompi com a empregada de limpeza. Foi uma relação longa de 20 anos. Eu dava-lhe mais benefícios porque queria e ajudas porque queria. Mas ela (este ano em Abril) tratou-me com desconsideração e eu fiquei bem desconfortável com isso, depois ela esteve um mês de baixa sem vir trabalhar e em junho eu disse que acabava com parte dos benefícios, ela disse que ia embora, que não merecia e que eu não tinha coração, mas que ficava até ao final de julho, depois ia de férias. Quando chegou o final do mês e eu paguei menos, ela disse para eu lhe fazer as contas imediatamente e uma quantidade de impropérios, a que respondi: eu até estava a pensar em dar-lhe os extras do ano por inteiro, mas só por essa conversa leva o respeitante ao que trabalhou. 

Acho realmente que as pessoas nos tomam por certos, e até nem me importa quando a consideração é bidirecional. Mas tenho aprendido que se não há consideração ou noção, não há recompensa.  

segunda-feira, julho 07, 2025

Coincidência gira

Ontem o B colocou uma música que me disse gostar bastante e foi engraçado porque era exatamente uma música que eu tinha descoberto no Spotify e gostado bastante também. As sintonias inesperadas fazem-me sentir feliz. 


Nice to each other - Olivia Dean

sábado, julho 05, 2025

Ela disse

"Estou zangada consigo. Nós temos um acordo, o que é que você anda a fazer? A sua _____ é frágil."

"Quem não tem colo é ______".

"Isso não é cuidado é ________".

"Devia ver na terapia porque é que _______ este ___ de _______".

"Você fale,_________, você é de fala".

"Você é uma pessoa de ____ ___________. 

"Quero vê-lo em Outubro. Não se deixe _________. Cuidado consigo".

"Agora tenho de ir para a casa rápido, para ver se os cães me comeram o gato, se o gato caiu da varanda ou se o gato ainda está vivo. Eu acho que vai estar vivo"

Certo/incerto

Estou de novo doente. Não estava à espera, mas faz sentido. A última vez que estive doente foi em 2022. Curiosamente é a minha mãe que me dá sinal, porque me acha diferente do meu normal. Dois picos emocionais enormes um negativo e outro positivo no ano passado, depois fui sendo mesmo muito infeliz no trabalho, depois tive um novo pico negativo em março e desde aí tem sido um ioiô, semanas boas e semanas más, uma montanha russa emocional. 

Tive a felicidade de ir à médica a tempo, antes de as coisas serem piores e há várias perguntas que se impõem fazer, mas a principal é  "porque é que eu não tomo conta de mim?", depois talvez seja "porque é que eu não sei ensinar a tomar conta de mim?"

A realidade é que apenas posso confiar na médica e nas suas orientações para cuidar de mim. Gostava de dizer que é solitário, mas que eu tomo conta de mim. Seria uma mentira, se alguém anda aqui solitário a tomar conta de mim é a médica. Tem feito um trabalho estupendo em 18 anos. Ela só me pede que eu faça a minha parte do nosso acordo desde 2007 e eu volta e meia espalho-me (2012, 2020-2021, 2022), pensei que estava de novo numa linha temporal boa. Vou ter de acrescentar 2025 aos meus espalhanços e começar a contar de novo. Agora estou muito centrado em não deixar de tomar conta de mim e manter os níveis de stress emocional baixos. Mas será que vou aprender? O que é que eu aprendi em 18 anos? E aquilo que origina cada um dos espalhanços, saberei eu evitar? Alguém me vai ajudar? É tudo incerto. O único certo é a médica e a sua excelência profissional. A única coisa realmente perene em que posso confiar neste processo.