sexta-feira, julho 03, 2015

O Ricardo

O Ricardo foi meu colega no rugby há uns anos atrás. Nunca fomos amigos, éramos duas pessoas que se conheciam e que ficaram ligadas por um Facebook. Quando eu tinha quase 19 anos pensei em suicidar-me porque percebi que gostava mais de homens do que de mulheres e não queria dar esse desgosto aos meus pais (vindo eu de uma família "heterossexista"). A minha mãe quando soube, 7 anos mais tarde, na mesma altura em que saí do armário, disse-me que teria morrido também, não ia aguentar perder um segundo filho. Não o fiz e hoje somos uma família feliz onde a minha homossexualidade está perfeitamente integrada.

Soube hoje que o Ricardo se suicidou em Fevereiro. Não foi a primeira tentativa, ou a segunda.  Teria 28 anos no máximo e sentia um enorme vazio dentro dele. Tinha bons amigos e familiares que gostavam dele. Mas não tinha o amor. Queria amor. A falta de amor matou-o.

Um dia também me senti muito desesperado e a minha mãe e a minha melhor amiga foram o que me prendeu à vida. Embora não tivesse amor por mim, tinha um enorme amor por estas duas pessoas e passou-me na cabeça o amor delas por mim e o mal que lhes faria. O amor salvou -me.

Fiquei a pensar no número de vidas serão "ceifadas" pela falta de amor que sentem. Estou muito triste pelo Ricardo. Ninguém devia morrer tão jovem e sobretudo porque não tem amor suficiente na vida. Penso nas pessoas que o amavam  (alguns amigos e alguma família) e no que devem estar a sentir por saber que esse amor não foi suficiente para o manter cá.

Do meu lado só posso desejar que consigam ficar em paz um dia e o Ricardo já a tenha alcançado.

5 comentários:

Anónimo disse...

Lamento e desejo-te a maior força! :/ A perda de alguém é sempre algo que mexe muito connosco. E tão jovem.

Mark disse...

Paz à sua alma. O primeiro pensamento que me ocorreu foi aquele actor da TVI, de trinta e poucos anos, gay, ao que parece, e que também se suicidou. Escapa-me o nome. Pedro (...) Isto há uns dois anos. É realmente triste.

JJ disse...

Lamento muito. Toda a morte é lamentável, mas quando é opcional e com pouca idade é muito pior.
Recentemente um amigo disse-me que só não se matava porque tinha uma filha, mas que sente igualmente falta de amor.
É triste e há muitas pessoas que são próximas que estão a sofrer e nem sabemos.
Eu, em relação ao meu amigo, não fazia ideia e fiquei a tremer por não poder ajudar.

Lobo disse...

Estas notícias são sempre muito tristes. Mesmo muito. E a morrer por falta de amor já não deveria de acontecer hoje em dia. RIP.

No Limite do Oceano disse...

(...) é o que tenho para dizer. Estou por cá desde 2006 e só hoje li um post como o teu. :-(