Cada vez mais percebo que falar com os outros exige um cuidado redobrado. Numa conversa sem grande aprofundamentos estava um grupo de 3 pessoas que aparentemente concordavam. À medida que a conversa se aprofundou, ficou claro que cada pessoa tinha um ideia diferente da coisa. As pessoas têm representações de si mesmas que fazem coincidir com as representações que têm de categorias caracterizadoras. Todavia, essas categorias têm um conteúdo diametralmente oposto para outras pessoas que as usam com o significado que têm para si.
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Assim, numa conversa alguém diz «eu sou liberal», outras duas pessoas dizem o mesmo e vai-se a ver e têm diferenças suficientes para, no caso de estreitarem relacionamento, andarem à chapada. Quem diz o mesmo, não diz necessariamente a mesma coisa. Por esta razão, tento perceber quem tenho pela frente, não vá eu fazer uma afirmação de índole categórica que me meta no mesmo saco representativo de outrém. Há sacos onde não quero pertencer. E se há uma coisa que me deixa doente é ter alguém a dizer-me «percebo exactamente o que dizes porque eu sinto exactamente o mesmo» quando por factos, demonstra que não percebe rigorosamente nada.
4 comentários:
"Não vemos as coisas como são. Vemos as coisas como somos." Anaís Nin
a anaïs era uma moça esperta ;-)
Indeed!
Anaís/Anaïs? não é um perfume?
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