Ontem eu e o namorado completamos 5 meses e ontem foi também o dia mais difícil que tivemos até hoje. Acabou por ser um dia feio e triste. A nossa "crise" acabou por ser pelo facto de ele ser um rapaz demasiado bondoso e de ter tido um problema financeiro em função disso. Feliz ou infelizmente, eu tenho uma personalidade a atirar para o "forte" e sou muito protector das pessoas de quem gosto. Não admito que ele seja tratado como um banco, quando ele vive de um ordenado um pouco abaixo da média portuguesa.
Talvez porque trabalha numa empresa conhecida, talvez porque é o único licenciado, a família recorre a ele abusivamente. E, desta vez, deixaram-no numa situação em que ele teria de endividar-se não fosse estar comigo. Portanto, ele não se mima a si mesmo, vive com simplicidade para poder ter desafogo e acaba a financiar (muitas vezes sem retorno) quem não deveria ter precisão, se vivesse de acordo com as suas possibilidades. Acresce a falta de respeito, ao falharem compromissos assumidos sem sequer ser dada uma satisfação e ele ser apanhado de surpresa.
Como venho de uma família pobre onde para honrar um compromisso, as pessoas comiam pão com azeitonas ao almoço e jantar, se fosse preciso (o meu pai até mortos enterrou num cemitério para fazer dinheiro extra), tenho uma tolerância mínima para pessoas que utilizam o afecto de alguém por si para levar vantagem e tenho tolerância mínima para faltas de respeito contra pessoas que confiam em alguém.
Vi-me metido no meio de um cocktail de me fazer trepar as paredes. O meu primeiro impulso seria contactar essas pessoas e ter uma conversa com elas. Mas tenho de lhe dar a oportunidade de ser ele a quebrar o ciclo. De ser ele a reclamar o respeito que lhe é devido. Tive de lhe fazer ver que ninguém se está a preocupar com ele e isto foi muito duro. Para ambos. Ele por ter de encarar a verdade e eu por ser o carrasco portador da má notícia. Ainda fiquei a sentir-me um sacana porque o fiz olhar para uma perspectiva menos bonita do mundo, que regra geral ele não tem. É como se lhe tivesse aberto os olhos pelo acto de lhe arrancar as pálpebras.
Nos próximos dois meses, por culpa de terceiros. sou eu que pago as contas e provavelmente as férias, quando ele tinha dinheiro para tudo isto e mais. É a quarta situação de falta de respeito a que eu assisto desde que estamos juntos e a mais grave. O dinheiro tenho de sobra para para os dois, não é isso que me chateia.
O amor é uma coisa lixada. Ele ama a família. A família abusa desse amor. Eu amo-o a ele e com o meu temperamento vou sempre proteger as pessoas que amo. Ele, a minha mãe, o meu irmão, a minha sobrinha são carne do meu corpo. Quem lhes fizer mal é o equivalente a arrancaram-me um pedaço de carne. Deixam-me em ferida. E eu disparo as armas ao foco de dor.
Quando vou para a guerra parto com o arsenal todo. Já aconteceu antes. Em 2008 parti em defesa do namorado da altura e o que fiz foi resolver tudo o que ele não conseguia. E ele passou a sentir-se inferior ao pé de mim. Incapaz. E a relação ficou danificada. Deixou de haver paridade.
Aprendi que tem de ser ele a resolver a situação para não quebrar a paridade. Se ele não conseguir resolver, aí sim vou estar entre a espada e a parede. Ou me meto no assunto e meto aquelas pessoas no lugar devido ou me vou embora por ser incapaz de lidar com o desconforto de ver um ente querido ser desrespeitado.
Neste momento, só peço ao universo que a energia nos seja propícia. Nunca estive tão bem com ninguém e nunca ninguém mereceu tanto o meu respeito. Ele diz que abriu os olhos e que isto acabou. Só espero que acabe tudo bem e isto seja apenas uma lomba no nosso caminho conjunto.